Nesta sexta-feira (19), às 10h, o Centro de Estudos do Hospital Público de Macaé (HPM) realizará palestra sobre “Atendimento na Unidade de Emergência à criança vítima de abuso sexual”. Participarão dois médicos do HPM (Rafael Vicente, pediatra e Mestre em Saúde da Criança, e Fernanda Daflon, psicóloga) e o professor da Universidade Iguaçu (Unig) Renato Neves de Oliveira, especialista no Estatuto da Criança e do Adolescente, convidado para o evento. A palestra é destinada a profissionais envolvidos no atendimento a crianças vítimas de violência sexual, sejam da área médica, jurídica e outras.
Segundo o pediatra Rafael Vicente, o evento é destinado ao aperfeiçoamento dos profissionais, de todas as áreas, envolvidos numa situação como essa. “As vítimas de violência sexual já estão muito abaladas, por causa do constrangimento que sofreram. É necessário aprimorar a forma de fazer o atendimento a elas, para que o dano já sofrido não se torne mais grave, e fornecer informações para que sejam contatados o mais rápido possível outros órgãos que devem ser acionados em casos assim, como o Conselho Tutelar e a Polícia”, diz.
A psicóloga Fernanda Daflon, que trabalha no setor de Pediatria do hospital, complementa que o principal a fazer, em primeiro lugar, é resgatar a auto-estima da vítima, destruída com o abuso: “Temos que fazer com que ela se sinta mais confortável, sem se sentir exposta”, disse, acrescentando que para isso, muitas vezes é preciso envolver várias pessoas no processo. “A vítima de abuso gera muita curiosidade. Sempre querem saber como foi, quem foi, onde foi; mas isso não é bom para a criança, que se sente invadida. Por isso, temos que pedir a colaboração de todos – de funcionários a acompanhantes de outros pacientes – para impedir que o assunto se torne público e a criança se feche ainda mais depois do trauma”, afirma.
Segundo ela, é importante trabalhar não apenas com a criança que sofreu o abuso, mas também com toda a família: “Esse é um fato que marca. É impossível simplesmente apagá-lo. Nós tentamos fazer com que os envolvidos – a vítima e seus familiares – aprendam a lidar com o fato da melhor forma possível. Por isso, é um processo demorado que requer um longo tempo de acompanhamento”, explica. Vicente concorda que tão importante quanto reparar as lesões físicas é cuidar dos aspectos psicológicos de tal violência: “Fazendo uma intervenção imediata, muitas vezes, conseguimos recuperar rapidamente uma lesão, ou impedir que alguma doença sexualmente transmissível se desenvolva. Uma marca psicológica, no entanto, é muito mais duradoura e difícil de ser reparada”, conclui.