A dança macaense vai representar o país na França. Nove intérpretes da Cia de Dança Membros, vinculados a organização não governamental Centro de Vida Independente (CVI), irão se apresentar em nove cidades francesas. O evento é o Ano do Brasil na França, onde a arte brasileira – refletida no teatro, artes plásticas, cinema, música e dança - está sendo mostrada aos franceses.
Segundo o diretor da Cia de Dança, Paulo Azevedo, há dois trabalhos principais apresentados pelo grupo: as atuações em espaços urbanos, chamadas meio fio, e em espaço cênico (teatro), intituladas Raio X e Elemento Bruto. Ele diz ainda que o objetivo estético da Membros é discutir uma relação entre arte e política, num processo de construção onde há pesquisa musical, corporal e estética, visando produzir uma ambiência que ofereça condições de diálogo entre as duas esferas.
“Nosso estilo musical envolve trilhas de rap nacional, ruídos urbanos e músicas barroca e clássica”, conta o diretor, lembrando que a Membros é um dos eixos do Centro Integrado de Estudo do Movimento Hip Hop. Ele explica que este Centro promove a capacitação profissional na área de dança de rua, o aprendizado de grafite, música, prática de capoeira, além de um grupo de estudos e de arte inclusiva com pessoas portadoras ou não de deficiências. São 240 jovens participando do Centro e 200 jovens na lista de espera para conseguir uma vaga.
A viagem à França é patrocinada pelo Projeto Correios em Movimento. “Os jovens dançarinos, oriundos das escolas municipais de Macaé, são conhecidos no mundo, mas a comunidade macaense não conhece bem o nosso trabalho”, critica Paulo Azevedo, avaliando que é necessário e justo que o município dê maior visibilidade a estes jovens.
Quando estiveram na Espanha, entre maio e julho de 2005, os integrantes da Cia de Dança Membros fizeram 25 apresentações em 11 cidades, entre elas Barcelona, Sevilla e Bilbao. Nesta última, dançaram em frente ao Museu Guggenheim, um dos mais visitados e modernos do mundo. Em Sevilla exibiram-se dentro de uma penitenciária feminina.
A coreógrafa da Membros, Taís Vieira, de 28 anos, tem como realizações o crescimento intelectual dos jovens e a satisfação das pessoas com o trabalho do grupo. Ela foi convidada , no mês passado, pela maior organização Hip Hop do mundo, a Zulu Nation Brasil, para representar Macaé na organização. “Nosso maior objetivo é levar paz, conhecimento e sabedoria. Em dezembro haverá numa cidade brasileira ainda indefinida o primeiro encontro Hip Hop dos membros Zulus, quando estará presente o fundador da organização, Afrika Bambaataa” conta.
Para o bailarino Filipe Itagiba, de 21 anos, estas viagens colaboram para aumentar a percepção do próximo. “A união é grande, e passamos a encontrar alicerces que nos garantem amizades e diminuem a dor da saudade do meu filho de oito meses e de minha esposa”, diz. Ele acrescentou ainda que as viagens não são para lazer. “Há muito trabalho, muito ensaio, muita apresentação”, ressalta o jovem, concluindo que o objetivo destas viagens é divulgar a cultura nacional, dizendo algo para o mundo e levando as pessoas à reflexão.
O grupo macaense sairá do Galeão no dia três de outubro e só retorna dois meses depois. A Membros já se apresentou na Alemanha, Argentina e Espanha, além das cidades brasileiras Joinville, São Paulo e Rio de Janeiro.