Foto: Luiz Bispo
Funcionários estão nas ruas todos os dias realizando o trabalho de combate à dengue
Funcionários de diversas secretarias da Prefeitura de Macaé estão nas ruas todos os dias realizando o trabalho de combate à dengue, doença que mata. O trabalho integrado, coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), precisa também que a população faça a sua parte para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Mesmo com o trabalho intenso, com visitas de casa em casa, aplicação de larvicidas e auxílio do carro fumacê em todos os bairros, os casos de dengue continuam sendo registrados.
De acordo com estatística da Secretaria de Saúde, até o dia 15 de abril foram notificados 597 casos da dengue em Macaé, sendo que desses, 260 foram confirmados e duas pessoas morreram. Malvinas é o bairro com mais casos de dengue confirmados: foram 67 este ano. Lagomar vem em seguida, com 42 casos; Barra e Parque Aeroporto ocupam a terceira posição com 19 casos; Visconde de Araújo, 17; Botafogo, 11; Centro, 10; Engenho da Penha, Imbetiba e Fronteira, 8 confirmações cada; e Riviera Fluminense, 7.
No inicio desta semana, a Coordenadoria de Saúde Coletiva divulgou novos Índices: de janeiro até agora foram 731 notificados e 271 confirmados.
O problema se agrava ainda mais porque a rede pública de saúde de Macaé é referência no atendimento à dengue na região e doentes que moram em outros municípios não param de chegar para tratamento na cidade. Só de Casimiro de Abreu são 29 pessoas com confirmação da dengue em tratamento pela Prefeitura de Macaé; três, de Rio das Ostras; duas de Carapebus; e também de Quissamã, Trajano de Moraes, São Francisco do Sul, Rio de Janeiro e até de Pará de Minas com um doente cada sendo atendido em Macaé.
A informação foi passada pela coordenadora geral de Saúde Coletiva de Macaé, Laila Nunes. Segundo ela, além do Hospital Público Municipal (HPM), preparado para o atendimento aos doentes da dengue, Macaé conta também com a Unidade de Emergências Pediátricas (UEP), inaugurada no último sábado (8) pela prefeitura, e está funcionando como um Centro de Controle no Tratamento da Dengue, absorvendo os casos notificados da doença no município e realizando a hidratação das vítimas.
A UEP não está realizando atendimento ambulatorial. As pessoas com suspeita de dengue devem se dirigir às unidades de saúde da rede municipal e, constatada a doença, os casos serão encaminhados para a Emergência Pediátrica, no Centro.
Fumacê
Os bairros com maior índice de dengue em Macaé são Malvinas, Lagomar e Ajuda, mas como o mosquito transmissor da doença se prolifera com facilidade, a prefeitura está atuando também com o carro fumacê em todos os bairros. Nesta quinta-feira (13) o fumacê está passando no bairro Imbetiba, onde as equipes da Força Tarefa trabalham desde esta quarta-feira (12) no combate à dengue.
O carro fumacê passa nos seguintes horários: pela manhã, das 5h30 às 9h, e à tarde, das 16h até 18h ou 19h. “No momento em que o fumacê passa é aconselhável que as pessoas cubram os alimentos e abram as janelas para que o inseticida tenha o efeito necessário que é matar o mosquito da dengue”, orienta o diretor técnico do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Rogério Lemos.
Força Tarefa
As estratégias são intensificadas de acordo com a necessidade de cada bairro e envolvem o trabalho de diversas secretarias: além da Saúde, Serviços Públicos (Semusp), Defesa Civil, Comunicação, Meio Ambiente, Mactran, Guarda Municipal e outros.
O coordenador da Defesa Civil, Eric Schueler, disse que os funcionários do órgão acompanham os agentes de endemias nas visitas domiciliares e também fornecem material de logística necessário para o melhor desempenho dos trabalhos, como barracas para a realização de atividades com a comunidade nos bairros.
As ações já acontecem nos bairros e na região serrana e agora os mutirões estão sendo realizados dois dias em cada comunidade, uma vez que maio é um período de maior proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Mutirão
Nos próximos dias 19, 20 e 21, respectivamente, de quarta a sexta-feira da semana que vem, os agentes de endemias estarão no Centro, a partir das 9h até as 17h.
O trabalho é resultado das reuniões da Força Tarefa, realizada a cada 15 dias, para avaliar o que está sendo feito e planejar novas ações.
Na última reunião, dia 6, o trabalho passou a contar também com os agentes do Programa Saúde da Família (PSF) nas visitas domiciliares e conscientização da população.
- Se as pessoas não denunciarem onde tem caixa d`água sem tampa, latas, garrafas, pneus e outros materiais que sirvam de depósito de água entulhados nos quintais de residências e em terrenos baldios, além de outros cuidados que devem ter para evitar a dengue, o trabalho que a prefeitura vem desenvolvendo não terá resultado, ou seja, a dengue vai continuar se alastrando em Macaé. É fundamental que a população seja parceira, pede a coordenadora Laila Nunes.
A Força Tarefa contra a dengue volta a se reunir na próxima quinta-feira (20), no Conselho Municipal de Saúde, às 9h. É composta pela Secretaria de Saúde, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Vigilância Epidemiológica, Defesa Civil Municipal, Divisão Educação e Programas em Saúde, da Secretaria de Educação, e Programa de Homeopatia Municipal e conta com o trabalho dos demais órgãos da prefeitura.
Laila Nunes disse que o mutirão contra a dengue vai ser realizado novamente, em data a ser marcada, nos bairros com alto índice da doença: Malvinas, Lagomar e Parque Aeroporto.
A faixa etária mais predominante nos casos de dengue é de 20 a 49 anos. Nas crianças e adolescentes até 15 anos, a taxa da doença ainda é alta, mas está reduzindo em Macaé, porque os jovens ainda não tiveram contato com o vírus novo, explicou a coordenadora geral de Saúde Coletiva.
A dengue
- Há um novo vírus da dengue circulando e isto é um risco principalmente para idosos, gestantes e crianças, mas todas as pessoas estão expostas aos perigos da dengue que é provocada por um mosquitinho que mata. Hoje também enfrentamos outra condição: antes a febre alta era o maior sintoma da doença, mas agora, a febre é mais baixa na maioria dos casos. Para agravar, em 2010 tivemos um verão atípico, muito quente, com pouca chuva, favorecendo o crescimento do mosquito, disse Laila Nunes, da coordenação geral de Saúde Coletiva.
Ela orienta que todas as unidades de saúde do município têm que notificar todos os casos da dengue à Secretaria de Saúde, mesmo aqueles com suspeita, a fim de facilitar o controle da doença.
- A Saúde de Macaé já sofre por conta do atendimento de pessoas de outros municípios que vêm se tratar da dengue aqui, portanto, tudo que possa facilitar o trabalho tem que ser feito, observou Laila. Ela acrescentou que não basta só combater os focos de acúmulo de água – locais propícios para a criação e reprodução do mosquito.
- A população tem que fazer a sua parte, reforçou.
Nas escolas
No combate à dengue, a prefeitura também desenvolve trabalho de conscientização dos alunos e professores com palestras e teatro nas escolas e, mediante autorização dos pais, controle dos doentes nas unidades de saúde; e limpeza de terrenos baldios e entulhos, com Semusp e Meio Ambiente.
Em março, agosto e dezembro, o município promove a campanha do medicamento homeopático, considerado um avanço na rede pública de saúde e um grande aliado no controle da dengue. A gerente do Programa de Homeopatia, Maria Luiza Zampieri, informou que as equipes fazem aplicação do medicamento homeopático e quem quiser pode ingerir doses de reforço uma vez por mês.
- Já foi provado que a pessoa que faz uso da homeopatia, quando contrai a dengue, é de forma mais branda. O nosso trabalho tem tido resultado muito positivo em Macaé, destacou.
Dificuldades
O diretor técnico do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Rogério Lemos, disse que uma das maiores dificuldades encontradas durante o trabalho é o acesso a algumas residências.
- Isso acontece principalmente no bairro Parque Aeroporto, que é dormitório, onde a maioria das pessoas trabalha fora o dia inteiro e, por isso, suas casas viram criadouros do mosquito da dengue.
O problema não acontece com os agentes do Programa de Homeopatia que moram nos bairros em que atuam. Por isto, o secretário de Saúde, Eduardo Cardoso, determinou que as equipes trabalhem juntas nas visitas, visando facilitar o acesso às residências.
O supervisor geral do CCZ, Flávio Paschoal, citou uma residência no bairro Malvinas, que fica ao lado de uma escola, cujo quintal está cheio de lixo e água acumulada, mas a moradora não permite a entrada dos agentes. No Visconde de Araújo, outra moradora não aceita tampar a sua caixa d`água.
- O método primário de prevenção é cada um cuidar do seu espaço físico, só dessa forma vamos acabar com os criadouros do mosquito. O CCZ está nas ruas todos os dias e a população deve denunciar quando souber de alguém que está infringindo as normas. É uma questão de saúde pública e temos de envolver toda a sociedade nesse trabalho. Divulgar é uma grande estratégia para que todos saibam o que têm de fazer e que se não fizerem podem ser até penalizados pela legislação e com a própria vida ou de um parente, frisou Paschoal.
Segundo ele, além de colocar larvicida nas residências onde a água precisa ser tratada para evitar o foco do mosquito nas caixas d`água, tambores e cisternas, os agentes de endemias estão fotografando todo o problema que encontram e preparando um relatório que é enviado à secretarias competentes para que tomem a providência necessária.
Quem tiver dúvida ou informação para a eliminação dos focos do mosquito da dengue deve entrar em contato com o CCZ pelos telefones (22) 2762.0175 e 2772.6461.
Sintomas
Febre alta ou baixa
Dor de cabeça
Dor atrás dos olhos
Manchas vermelhas no corpo
Dor nos ossos e articulações
Nesses casos, procure a unidade de saúde mais próxima. Mantenha-se em repouso, beba muito líquido, inclusive soro caseiro, e só use medicamentos prescritos pelo médico.
O mosquito
O Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Ele costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, dentro ou fora de casa. A fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos de cada vez e o mosquito vive em média 30 dias.
Os ovos não são postos na água e sim, milímetros acima de sua superfície, em recipientes como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d`água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro que possa armazenar água, limpa ou suja. Em um período que varia entre cinco e sete dias, a larva passa por quatro fases até dar origem ao mosquito adulto.
A temperatura ideal para o desenvolvimento da larva é entre 25 e 30ºC, típica de clima tropical, quente e úmido.
Previna-se
- Não basta secar os reservatórios de água parada para impedir o mosquito da dengue de se reproduzir. É necessário lavar o depósito com água e sabão.
- Mantenha a caixa d´água fechada
- Lave com bucha e sabão tonéis ou depósitos de água. Feche-os com tampa própria ou com tela
- Guarde garrafas e baldes de cabeça para baixo
- Não acumule pneus
- Lave bem o suporte de garrafão de água mineral na hora da troca
- Verifique se todos os ralos da casa estão desentupidos e, se não estiver usando-os, deixe-os fechados
- Feche bem sacos plásticos e mantenha a lixeira tampada
- Evite acumular lixo e entulho
- Trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana
- Se você protege o muro com cacos de vidro, coloque areia naqueles que podem acumular água
- Coloque areia também nos pratinhos dos vasos de plantas ou xaxins
- Deixe a tampa de vasos sanitários sempre fechados
- Retire a água e lave com sabão a bandeja externa da geladeira
- Lave a vasilha de água de seus animais pelo menos uma vez por semana, com bucha, sabão e água corrente
- Jogue no lixo todos os objetos que acumulam água.