A Secretaria de Educação e o Centro de Estudos Cláudio Ulpiano realizam, nesta quinta-feira (4), a última mostra do 3º Ciclo de Filosofia e Cinema deste ano, com a exibição do filme "Deserto Vermelho", do diretor italiano Michelangelo Antonioni, seguido da palestra "Do plano vazio à imagem-cristal" com o professor Mário Bruno da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento é gratuito e acontece, a partir das 19h, no auditório Cláudio Ulpiano, na Cidade Universitária.
O Filme é vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza e considerado uma das obras máximas do mestre Michelangelo Antonioni. Tem como enredo a história de Ugo, o gerente de uma usina local, casado com Giuliana, uma jovem que sofre de problemas psicológicos. Numa viagem à Patagônia ela conhece o engenheiro Zeller, o que pode mudar sua vida. Em “Deserto Vermelho”, Antonioni aborda os temas centrais de sua filmografia: a incomunicabilidade e a solidão do homem contemporâneo.
Para o palestrante convidado, o doutor em Filosofia pela UFRJ Mário Bruno, técnicas, tais como o colorismo e a alucinação visual, criada por Antonioni elevam o espaço à potência do vazio e ao limite do não- figurativo, trazendo como única subjetividade o tempo. "Os códigos representacionais do cinema tendem privilegiar o volume sobre a superfície, a figura sobre a imagem. Antonioni suspende a figuração, o volume e profundidade nos quais as coisas se localizam nas narrativas. Elas se parecem momentaneamente ausentes e em seu lugar aparece o ´vazio´ de uma imagem superficial, desamarrada, não identificável, uma narrativa vazia, um tipo de eclipse de narrativa dentro da abstração", analisa.
A palestra de Bruno "Do plano vazio à imagem cristal" tem como proposta analisar as questões observadas por Antonioni e traduzidas em imagens às dos grandes filósofos modernos como André Bazin e Gilles Deleuze. Para Deleuze esse tipo de abordagem cinematográfica estaria fornecendo seu fundamento sólido: a teorização da diferença entre dois tipos de imagem: a imagem-movimento e a imagem-tempo.
O Centro de Estudos Claudio Ulpiano realiza, há dois anos, em Macaé, o ´Ciclo de filosofia e Cinema´, apresentando filmes seguidos de palestras ministradas por antigos alunos do filósofo macaense, Cláudio Ulpiano, e convidados. O Centro foi fundado em 2005, no Rio de Janeiro, e trazido para Macaé com o apoio da atual vice-prefeita e na época vereadora, Marilena Garcia, também ex-aluna do filósofo. Desde 2009, depois de firmada parceria com a Fundação Educacional de Macaé (Funemac), o Centro de Estudos passou a ter sede na Cidade Universitária e a fazer duas apresentações mensais.