Trancistas e apreciadores da arte se reuniram na primeira edição do encontro 'Trançando Ideias'. A programação realizada nesta quinta-feira (6) na Rinha das Artes foi marcada por reflexões e articulação de propostas e atividades em prol de políticas públicas direcionadas ao profissional. Na ocasião foram anunciadas ações como a implementação do curso específico de Letramento Racial, que também vai acontecer a partir do mês de agosto para os servidores municipais, e a proposta da comemoração e criação do Dia da Pessoa Trancista. A data já é celebrada em diversas cidades brasileiras para enaltecer os que trabalham com tranças, que são consideradas símbolo de resistência, representatividade e valorização da ancestralidade da população negra. Macaé conta com uma média de 80 trancistas.
Realizada pela Prefeitura de Macaé , por meio da Secretaria de Igualdade Racial em parceria das secretarias Municipal de Políticas para as Mulheres e também a de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, a programação teve troca de experiências . De acordo com o Segundo o Secretário de Igualdade Racial, Dorniê Matias, este encontro é de fundamental importância. “Reunimos os que atuam com tranças e admiradores da arte. A ideia é que a partir deste encontro se fortaleça a política pública voltada para o trancista e que a profissão que é reconhecida também seja regularizada. Para isso, a criação do dia da Pessoa Trancista será essencial. Também vamos traçar parcerias com os próprios trancistas, as secretarias Municipal de Políticas para as Mulheres e também a de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda. Agradecemos a cada um que está participando e será multiplicador de informação”, ressalta.
Na ocasião, a chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda,Mariana Previtali, divulgou que através da parceria com o Sebrae-RJ, novas possibilidades para o trancista poderão ser implementadas: ”Trataremos de articular questões como linhas de gestão de negócios específicas para os trancistas. O foco não é apenas ajudar nas técnicas, mas na gestão como empresário”, pontua
Mariana Previtali também indicou que o trancista pode formalizar o empreendimento através do acesso à Casa do Empreendedor. “ As portas estão abertas para atender a quem deseja conquistar o sonho de formalizar o seu negócio. O órgão, funciona na Rua da Igualdade, 154, Centro, de segunda a sexta, das 9h às 16h”, cita. Já o Coordenador da Casa do Empreendedor, Cesar Calcel, repassou dicas sobre os trâmites da formalização do Microempreendedor Individual (MEI)” Estamos preparados para atender trancistas e outros profissionais. Os principais serviços oferecidos na Casa do Empreendedor são: emissão da guia do Documento de Arrecadação do Simples (DAS); formalização; atualização de dados; parcelamento; emissão de certidão e comprovante”, cita
Também presente a representante da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Etyenne Coutinho cumprimentou a todos. “ A secretária Sheila Juvêncio pediu para confirmar que a pasta está pronta para receber trancistas e oferecer cursos de capacitação para que consolide a autonomia financeira através do empreendedorismo afro.“ , diz.Emocionada a coordenadora Geral de Ações Afirmativas, Yaisa Santos, afirma que este encontro é o primeiro passo para muitas ações importantes em prol de quem se dedica à prática ancestral de trançar. “Este é um momento de debates, trocas de ideias e de conhecimentos sobre direitos e anseios,de quem tem conhecimentos para cuidar e tratar das tranças. O curso de Letramento Racial, por exemplo, será um compromisso importante ”,comenta.
Paixões por Tranças -As participantes dos encontros compartilharam vivências e deixaram a emoção ficar mais evidente no encontro que também destacou o resgate das raízes e combate ao racismo. A trancista Sara Carleide de Freitas Fernandes foi uma delas. “É muito bom ver este suporte que a Secretaria de Igualdade Racial nos ofereceu, cheguei e vi isso. Trabalho há cinco anos no Aeroporto. Hoje, pude registrar que nós trancistas não estamos na invisibilidade. O crescimento de nós profissionais é necessário e agradeço por este encontro. Sabemos que este é o primeiro passo. Obrigada “ Igualdade Racial” por nos dar voz”, declara
Já apreciadora, que faz uso das tranças, Emily Santos, (representante do Coletivo Afrolab de Macaé) elogiou a programação. “ Que venham mais ações e parcerias. Eu uso tranças e o cabelo da mulher preta revela suas raízes. Valorizar o que é nosso faz parte de uma carga ancestral. Na primeira vez que fiz tranças, parecia que estava na passarela. Popularizar a cultura preta através da estética me deixa feliz, pois é um desafio. Vim para contribuir”, conta.
O encontro também foi protagonizado pela participação de gerações. Rosiane Braga da Silva e Jeniffer Braga de Souza relataram como ingressaram na profissão. Mãe e filha fizeram da arte de trançar muito mais que uma renda. “ Estou deixando meu legado Ministro cursos e fico feliz por transmitir meu conhecimento. A arte de trançar representa a recuperação da dignidade e autoestima”, fala. Já Jeniffer lembra que se tornou trancista por acaso e insistência da mãe, mas que se apaixonou pelo trabalho. “ Ser trancista é uma arte, que alia beleza, técnica , terapia, amor e respeito às raízes”, recorda