'Dia Laranja' aborda relacionamento abusivo e os reflexos na saúde mental

28/09/2022 11:09:00 - Jornalista: Cris Rosa

Foto: Divulgação

Atividade de conscientização é realizada mensalmente

No período em que se chama a atenção sobre a importância do tratamento de saúde mental, o "Dia Laranja", atividade mensal da Secretaria de Políticas para as Mulheres, realizado na última segunda-feira (26), tratou do relacionamento abusivo e os reflexos na saúde da mulher. O tema foi abordado pela psicóloga do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam), Flávia Luz.

Relacionamentos abusivos são mais comuns do que se pensa. E em muitas situações, a violência física não é o único sinal. Reconhecê-los é fundamental para que a mulher consiga romper o ciclo da violência. Atualmente, já existem pesquisas que apontam que agressores seguem um padrão de comportamento universal: a relação começa como qualquer outra, mas depois acontecem episódios de tensão, violência e reconciliação.

De acordo com a psicóloga Flávia Luz, os principais sinais costumam ser o excesso de amor, superproteção, ameaças e chantagens, agressão verbal e violência psicológica, entre outros. Ela explicou ainda porque é tão difícil colocar um ponto final em um relacionamento como esse.


“Muitas vezes a mulher acredita que ele (o agressor) é uma ‘boa pessoa’, ou que ‘uma hora isso vai passar’, tem medo de se arrepender, sentimento de pena e receio de causar dor a outra pessoa, de romper o vínculo com familiares e amigos e ainda a questão financeira”, avalia.

Com consequência, o relacionamento abusivo causa impactos não só na saúde física quanto mental. A mulher acaba se isolando socialmente, tem a autoestima abalada, sofre impactos na carreira e, às vezes, carrega por anos esse trauma. “A mulher se convence de que ela é o problema e não consegue entrar em outros relacionamentos por acreditar que a história vai se repetir, o que nem sempre é verdade”, aponta a psicóloga.

E embora pareça muito simples identificar sinais de que uma relação não vai bem, nem sempre é óbvio para quem sofre. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada três mulheres já sofreu violência sexual ou física, a maioria praticada por parceiros.

A psicóloga explica que, como geralmente os abusos começam de forma gradual, são comuns sentimentos como dúvida, confusão mental, insegurança, ansiedade. Ela destaca alertas importantes para entender como esse tipo de relacionamento funciona. “Ele faz pouco caso das conquistas dessa mulher, ridiculariza as opiniões, gostos, pede que ela se afaste de amigos e familiares, desconta a raiva em objetos e vigia os hábitos e a vida financeira”, ressalta.

A Secretária de Políticas para as Mulheres, Jane Roriz, lembra que o "Dia Laranja" acontece todo dia 25 de cada mês (exceto em finais de semana e feriados) e é realizado pelo Espaço Mulher Cidadã, órgão vinculado à pasta e tem como objetivo promover um debate sobre temas relacionados à prevenção da violência contra as mulheres.

Se você é vítima desse tipo de violência, procure ajuda. O abuso físico e emocional é crime. O Ceam possui equipe multidisciplinar e funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua São João, 33, Centro.