Direção de Cybel Chagas ganha destaque em pré-estreia

15/11/2024 08:43:00 - Jornalista: Janira Braga

Foto: Rui Porto Filho

A mostra para o público ocorre em 25 de novembro

A pré-estreia dos filmes "Escuta Ativa" e "Rap é compromisso, não é viagem", contemplados pela Lei Paulo Gustavo, na noite de quinta-feira (14), no Sindipetro, marcou um importante capítulo na história cultural de Macaé, refletindo o trabalho de Cybel Chagas, que comanda a direção e idealização desses projetos. Cybel expressou a riqueza de narrativas locais, e abriu portas para novas vozes e histórias, reforçando a relevância da arte na construção de um futuro mais inclusivo e conectado para a comunidade.

Nesta entrevista, Cybel compartilha seu processo criativo, e a importância de contar histórias que ressoam com a realidade dos jovens da região. Ele também fala sobre como o cinema pode ser uma ferramenta poderosa de transformação social, incentivando o diálogo e a reflexão entre os espectadores.

1) Quais são os principais temas abordados em "O rap é compromisso, não é viagem" e "Escuta Ativa"? Eles se conectam?
Cybel Chagas - O documentário retrata as vivências e experiências dos expoentes da cultura urbana macaense, com entrevistas e imagens de arquivo dos principais acontecimentos deste nicho nos anos de 2023 e 2024.

Já “Escuta Ativa” aborda o assunto da acessibilidade e o capacitismo implícito no nosso cotidiano e em nossas atitudes.

Os filmes não se conectam em sentido de temática, mas possibilitam a discussão de diferentes temáticas através da linguagem do Cinema.

2) Como a Lei Paulo Gustavo influenciou a produção dos seus filmes? Que benefícios você percebeu na sua implementação?
Cybel Chagas - A Lei Paulo Gustavo foi de extrema importância para a execução desses dois projetos e de outros 12 projetos que pude participar no ano de 2024 (tanto em esfera Municipal quanto Estadual).

Ela (a lei) facilitou e possibilitou através dos investimentos dos editais a geração de emprego e renda para muitos profissionais da cadeia produtiva cultural por todo país.

Ambos os processos dos filmes foram de aprendizado e troca para os quase 70 profissionais envolvidos direta e indiretamente com a execução dos dois projetos.

3) Qual mensagem principal você espera que o público leve após assistir a cada um dos filmes?
Cybel Chagas - A ideia de realizar as exibições dos filmes no mesmo evento é para que o público possa aproveitar e absorver duas temáticas e dois gêneros diferentes do Cinema, que dialogam questões importantes como a valorização da cultura local e o respeito às diferenças.

4) Os filmes concorreram na categoria de produção de obra audiovisual com duração de 16 a 30 minutos dentro da Lei Paulo Gustavo. Correto?
Cybel Chagas - Isso, ambos só puderam ser executados através da Lei Paulo Gustavo, na categoria B do edital 007/2023.

Eu assino a idealização dos dois projetos, e a direção dos dois filmes, mas ambos só puderam ser realizados com as produções executivas da “Moreno Produções Artísticas” (O rap é compromisso, não é viagem) e “Inspira Projetos Artísticos” (Escuta Ativa).

5) Como você define "Escuta Ativa" e "O rap é compromisso, não é viagem" e quais suas importâncias no contexto da produção artística?
Cybel Chagas - O documentário “O rap é compromisso, não é viagem’’ traz pela primeira vez na cidade de Macaé os olhares para os principais expoentes da cultura urbana, com foco nos bastidores das batalhas culturais que ocorreram entre os anos de 2023 e 2024, em diferentes bairros da cidade de Macaé.

O documentário é importante por revelar um nicho cultural tão marginalizado pelo grande público.

Já “Escuta Ativa” é um filme de ficção que aborda a acessibilidade através da ótica de um protagonista surdo, onde utilizamos das experiências do próprio ator (que também é surdo) na construção do roteiro do filme e desenvolvimento das cenas.

E a importância do projeto se dá por trazer uma abordagem humanizada e verossímil acerca do tema.

Cultura urbana em foco na produção de Júnior Moreno
Responsável pela produção executiva da Moreno Produções, Júnior Moreno explicou que foram 14 profissionais envolvidos trabalhando para que “O rap é compromisso, não é viagem’’ retratasse a realidade, que é o cenário do hip hop e da cena do rap em Macaé.

Nesta entrevista, Júnior Moreno expressa sua visão otimista sobre o impacto do filme na cultura do rap e nas questões sociais em Macaé. Ele ressalta que o projeto busca documentar a autenticidade da cena hip hop local, provocar um diálogo entre a comunidade, o poder público e as instituições de ensino.

1 - Qual a expectativa de como o filme pode impactar a discussão sobre a cultura do rap e as questões sociais relacionadas?
Júnior Moreno - Nossas expectativas são as melhores em relação a esse produto cultural que fala de um cenário rico, grande e potente em Macaé que é o hip hop. A gente mostra a realidade do que as rodas culturais e os artistas vivem. Macaé tem duas leis que falam sobre o hip hop como patrimônio da cidade e com o filme a gente pretende que a discussão tanto no poder público quanto na sociedade e na comunidade estudantil ganhe fomento.

2 - Como vocês pesquisaram e mostraram a autenticidade da cultura do rap retratada no filme?
Júnior Moreno - O idealizador do projeto e diretor, o cineasta Cybel Chagas já tem essa bagagem como observador, participante e multiartista. Contamos também com o Hudin, pesquisador de conteúdo, que faz parte do BCA, a Batalha do Complexo da Ajuda. Os participantes frequentam as batalhas um do outro, tem a disputa, a interação. Hudin tem vivência de anos de fazedor da cena do rap em Macaé e fez uma pesquisa rica de conteúdo, que é um elemento importante para o filme.

3 - Você pode compartilhar alguma experiência marcante ou inesquecível que ocorreu durante a produção?
Júnior Moreno - Graças à Lei Paulo Gustavo, tiramos nossos projetos do papel e uma experiência marcante que se torna inesquecível foi quando abriram as inscrições. Havia seis rodas culturais atuantes na cidade. Quando começamos a gravar, só tinha duas rodas culturais. E a gente traz isso no documentário. A dificuldade de ser artista no Brasil, por falta de fomento. Força artística e potência de trabalho a classe tem e muito, habilidosa e talentosa. Temos ícones na cena do rap em Macaé. Esperamo que com nosso filme, essa realidade mude para melhor.


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