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Na primeira turma, 33 servidores receberam certificado
Profissionais de diversas áreas e de diferentes municípios apresentaram suas experiências durante o “Seminário de Teorias e Práticas Transdisciplinares e Violência”, promovido pela Secretaria de Educação de Macaé (Semed) a fim de ampliar as discussões realizadas nas duas pós-graduações com esse tema. O doutor em psicanálise e Análise Institucional, Antônio Lancetti, foi o palestrante convidado do evento que certificou 33 servidores municipais da primeira turma.
O seminário aconteceu das 8h30 às 18h30 de sexta-feira (27), na Cidade Universitária, e atraiu um público além das expectativas dos organizadores. Alunos da primeira turma da pós-graduação “Teorias e Práticas Transdisciplinares, Violência, Direito, Educação e Saúde”, que teve início no primeiro semestre de 2008, já apresentaram suas práticas durante o seminário que atraiu estudantes e professores de diversos segmentos, como educação, saúde, assistência social e direito. O objetivo do projeto é criar uma interlocução entre áreas distintas para enriquecer o debate com foco no combate à violência.
- Quando capacitamos um desses profissionais, estamos dando qualidade ao atendimento das instituições que atuam em diferentes âmbitos, disse a prefeita em exercício, Marilena Garcia. Quinze projetos foram apresentados durante a etapa das comunicações individuais, das 9h às 12h, e debatidos em dois grupos: “Violência e Realidade Escolar”, com nove trabalhos, e “Projetos Sociais / Saúde e Violência”, com seis.
À tarde, os relatórios foram apresentados a Antônio Lancetti, numa mesa redonda. O professor, que se destacou na luta antimanicomial e também atuou na implantação do Programa Saúde da Família (PSF) em São Paulo, é autor de alguns livros da biografia básica da pós-graduação oferecida pela Secretaria de Educação. Entre eles “Clínica Peripatética”.
A professora Adelma Menezes, diretora adjunta da Escola Municipal Botafogo, apresentou o trabalho “A Violência no Cotidiano de uma Escola de Macaé”. Em seu depoimento ela relatou que a equipe conseguiu que alguns alunos evolvidos com o narcotráfico buscassem outros caminhos. “Conseguimos mostrar a eles que é possível uma vida diferenciada”, disse.
Alguns trabalhos, como o da psicóloga Emmanuela Gonsalves, que veio do Rio de Janeiro especialmente para participar do seminário, abordaram a violação dos direitos humanos. “É preciso denunciar à violência contra os jovens, o homicídio dos mais pobres e fazer uma conscientização dos direitos de todo cidadão”, ressaltou.
Educação contra a Violência
Esse tema esteve em foco também na palestra do escritor e rapper MV Bill, realizada pela Educação no último dia 19. Ele falou sobre preconceito, valorizando o papel do professor e apontando a educação pública de qualidade como o principal instrumento de combate às causas da violência. A plateia formada principalmente por estudantes e professores que lotou o auditório da Cidade Universitária fez muitas perguntas ao escritor, num dos pontos altos das reflexões estimulas pela Educação, durante toda a I Semana da Consciência Negra e Cidadania.
Dentre as perguntas feitas pela platéia, a que ele considerou a mais importante foi formulada pela professora de Artes do Colégio Estadual Municipalizado Polivalente Anísio Teixeira, Andréa Bogado, “O que eu posso fazer para não perder meu aluno para o tráfico?”.
Para ele, conhecer novos modelos é fundamental para aquelas crianças que têm os chefes do tráfico como único referencial de prosperidade. “Sou uma exceção dentro de uma regra que não me favorecia”, completou.
Ele ressaltou que a violência deve ser encarada como consequência da desassistência e por isso suas causas devem ser combatidas de forma preventiva. O rapper aponta a educação como instrumento fundamental contra a exclusão que leva à violência.