A Secretaria de Educação de Macaé abriu o I Encontro de Educação Continuada de Professores de Jovens e Adultos – EJA, na Escola Municipal Maria Isabel, quinta-feira (04), às 19h. O mestre e doutor em Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP, Paulo Roberto Padilha, apresentou a palestra de abertura com o tema: “Currículo Intertranscultural na Educação de Jovens e Adultos: por uma escola curiosa, prazerosa e aprendente”.
As 80 horas de oficinas programadas acontecem na sede da secretaria, a partir desta sexta-feira (05), a cargo das professoras Sílvia Aparecida Borro Cembalista e Sonia Couto Feitosa.
A partir de um boa noite energético, o palestrante fez com que todos ficassem de pé, para exercícios corporais relaxantes, e conseguiu tirar a platéia da imobilidade, numa analogia à escola imóvel. Pediu que se formassem duplas e cada um olhasse detidamente para o outro, durante 30 segundos, e observasse o que o outro tem de diferente, o que tem de semelhante e o que tem de mais bonito. Após, incentivou os abraços.
Segundo Paulo Roberto, diretor pedagógico e coordenador da Escola Cidadã do Instituto Paulo Freire, um dos ensinamentos do patrono do Instituto é o olhar para o outro, numa escola verdadeiramente democrática, em que o aluno é observado, tem oportunidade de ser ouvido em diálogo aberto com os professores, e se leva em conta as experiências vividas por esses alunos, principalmente no caso da Educação de Jovens e Adultos.
Ao mostrar no telão a foto de uma escola do município de São Paulo, com imagens de crianças “presas” entre as grades que cercam o prédio, fez uma analogia à prisão da grade curricular, que escraviza professor e aluno, propondo uma escola livre para criar – “Vamos sair da prisão”. Em seguida, pegou do violão e, acompanhado por todos os professores, entoou uma canção de Toquinho e Vinicius, que fala de uma casa que não tinha nada: nem paredes, nem chão, nem diálogo entre os moradores. Fez uma paródia, citando uma escola “que não tinha nada”. Após, perguntou aos professores se alguma vez puderam opinar quanto ao currículo do EJA. Ele mesmo respondeu negativamente.
O mestre em pedagogia sugeriu que as decisões em sala de aula sejam com base nas experiências, na vivência de professores e alunos, que também têm muito a ensinar, além de aprender. “Proponho um desafio: resgatem as experiências que já acumularam, e contem aos colegas; recuperem no EJA a sabedoria, a criatividade e o bom humor infantis, sem infantilizar as aulas. Tornem a educação mais afetiva, emocional”, sugeriu o professor, que tem formação musical (violão erudito e popular) e exerceu atividades artísticas durante 15 anos.
Por fim, chamou a avaliação que o professor tem de fazer do aluno de “nó górdio da educação brasileira” – o mais difícil de se desatar, referindo-se às dificuldades de apreciação do aluno, impostas pelos currículos. “A idéia da intertransculturalidade é pensar a prática sob diversos matizes. A música deve entrar mais na sala de aula”, ressaltou.
Os professores do EJA começaram nesta sexta-feira as 80 horas de oficina, a cargo de Sílvia Aparecida, docente do Instituto Paulo Freire, professora aposentada do Serviço de Educação de Adultos e de Educação Básica do governo de São Paulo, e Sônia Couto, mestre em Educação na Faculdade de Educação da USP, coordenadora do Movimento de Educação de Jovens e Adultos do Instituto, que participou como docente e coordenadora no Projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos do SENAC-SP. As duas coordenaram PECs –Programas de Educação Continuada.
A sub-secretária Leda Vieira representou a secretária de Educação Milmar Pinheiro e apresentou os professores visitantes.