Foto: Rui Porto Filho
Foram 54 escolhidos para carregar a tocha
A noite do dia 31 de julho de 2016, dois dias após Macaé completar 203 anos, foi histórica para a Princesinha do Atlântico. A pequena aldeia de pescadores de outrora participou do revezamento da Tocha Olímpica antes dos Jogos do Rio de Janeiro. Um momento mágico, não só para os condutores, mas para todos que viveram a emoção de ver a Capital do Petróleo recebendo este grandioso evento.
No trajeto do Estádio Cláudio Moacyr de Azevedo até a Lagoa, muita gente colocou a cadeira do lado de fora de casa para acompanhar a passagem do símbolo olímpico, com muita alegria e animação.
Foram 54 escolhidos para carregar a tocha. Por determinação do Comitê Olímpico Internacional (COI), apenas quatro foram indicados pela cidade, o restante por seleção dos patrocinadores.
O primeiro ato de emoção foi logo na abertura. Osmar Luiz Pinheiro, o Mazinho, emocionou ao acender a tocha no centro do gramado do Moacyrzão. O macaense, de 70 anos, tem 31 deles dedicados a uma escolinha de futebol voluntária. Numa contagem aproximada feita pelo próprio, oito mil crianças e adolescentes participaram do seu projeto social. Uma representação de quem ainda luta pelo esporte.
"Sou do tempo de bolinha de gude, futebol em campo de terra, as ruas bem simples da cidade. Era um município pacato e antigamente a gente conhecia as pessoas pelas famílias. Hoje Macaé cresceu muito e é uma emoção grande. Jamais imaginava que isso pudesse acontecer", conta Mazinho, lembrando que o sucesso do esporte local não é de hoje.
"Esse símbolo não é só para exaltar quem é de hoje. Tivemos um grande time de futebol na década de 60, que foi bicampeão estadual amador com Geraldo Cara Suja, Zé Que Não Dança, George, todos craques. Aqui também tivemos grandes times de basquete, ping-pong, futebol de salão...", lembra.
Representando não só a atual geração macaense esportiva, Mazinho passou a tocha. E nomes como a maratonista Maria Aparecida, o ex-jogador do Botafogo Fernando Macaé, o professor de atletismo Híller Entringer e até o professor de judô Matsuda, japonês com sangue macaense, conduziram.
Macaé literalmente parou neste domingo à noite. A vibração de cada troca de condutor era comemorada como um gol pelo povo nas ruas. Celulares estavam sempre prontos para tirar fotos e gravar vídeos, registro único para os macaenses. Depois do trajeto, que também passou pelo centro da cidade, orla dos Cavaleiros até chegar na Lagoa, o último condutor recebeu a tocha.
O professor Rossine Medeiros, de 78 anos, encerrou o evento. Em seu currículo, como professor de educação física, já realizou olimpíadas estudantis em Macaé, como também organizava campeonatos de diversas modalidades e é considerado um grande baluarte da cidade. Carregou a tocha e foi aplaudido no palco do evento, que antes teve atrações com os cantores da cidade Bira Bello e Glauco Zulo.
"Eu acompanho a Olimpíada desde 1960. Quando eu fui convidado, não acreditei e até achei que era trote. Eu até me belisquei. É uma emoção muito grande, um evento fantástico. Um orgulho muito grande poder participar disso", comemorou Rossine.
A Olimpíada representa a união entre os povos, países e culturas diferentes. Poucos dias antes da abertura oficial dos Jogos do Rio de Janeiro, na sexta-feira (5), no Maracanã, a Capital do Petróleo virou mais um elo deste grande evento.