Foto: Rui Porto Filho
A entrevista foi dada nesta quarta-feira (24)
Com a publicação do Plano Municipal de Retomada das Atividades Educacionais Presenciais em Diário Oficial desta quarta-feira (24), o cronograma de retorno dessas aulas nas redes pública e privada foi tema abordado com o prefeito Welberth Rezende, durante entrevista na rádio 101 FM. A autorização de reabertura e funcionamento das unidades escolares, de forma gradual e sistematizada, foi divulgada por meio do decreto 046/2021.
Segundo Welberth, o que norteou a criação do documento foi a posição dos profissionais à frente das Secretarias Municipais de Saúde e Educação, responsáveis pela criação do protocolo de retomada. O plano seguiu as diretrizes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ministérios da Saúde e Educação, e é ainda mais rígido do que o planejamento anunciado pelo Governo do Estado do Rio, por exemplo. “Essa reinserção dos alunos vai ser gradual e vamos observar. Essa é uma proposta inicial de fazer o retorno gradual com muita responsabilidade”, afirmou.
O plano municipal foi feito com muito estudo e cuidado. Quanto à ocupação de alunos, por exemplo, o documento aponta que quando o município estiver na bandeira verde, o retorno de alunos será: 100%; na amarela (faixa atual onde Macaé se encontra), 50%; e se chegar à bandeira laranja, as escolas voltam a ser fechadas.
“Trata-se de um protocolo muito bem feito e isso é uma tendência nacional. E o nosso plano está bem mais duro. A Secretaria de Estado de Educação já soltou um protocolo de retorno, também, dizendo que as escolas públicas com o Ensino Médio voltam agora, no mês de março. Pela regra do Governo do Estado, o retorno dos alunos será: ocupação de 100% na bandeira verde, 75% na bandeira amarela, 50% na bandeira laranja e 35% na bandeira roxa”, pontuou Welberth.
O prefeito ressaltou que os pais não serão obrigados a enviarem seus filhos para as aulas presenciais e que as aulas online continuarão. “A gente está olhando de forma ampla toda essa discussão. Nós ouvimos todos, entendemos o posicionamento de todos: educadores, pais, médicos, dentro desse grande tema. As secretarias estão trabalhando muito para isso, junto com as universidades, com os manuais no sentido da possibilidade do retorno. Temos que colocar na balança e esse esforço é pela educação das crianças”, acrescentou.
Longe da normalidade
O prefeito Welberth frisou que não há em uma normalidade e ainda se vivencia o Covid-19. Portanto, caso seja necessário, é possível rever e retroceder em algumas ações.
“Inclusive, ter ações restritivas em relação à economia do município e ter que voltar a fechar outros espaços públicos. Ainda que Macaé, até semana passada estivesse com números positivos, chegamos em dezembro a 78% de taxa de ocupação. Estamos agora abaixo de 50%, indo no caminho de voltar para a faixa verde. Com o Carnaval, a tendência é termos um aumento de casos nos próximos dias”, enfatizou.
Pediatras a favor
Welberth lembrou que foi procurado por pediatras dizendo que a posição da Sociedade Brasileira de Pediatria é pelo retorno às aulas presenciais, por conta de doenças psicológicas nessa faixa etária, pela privação de convívio social, e pelo consumo exagerado de ferramentas como a internet, fora dos momentos das aulas virtuais.
“Elas me falaram que um ano na vida de uma criança não é igual a um ano na vida de um adulto. A criança estava em um processo de aprendizado e nós paramos tudo isso. Outra questão é a ausência de alunos nas aulas virtuais na rede pública, principalmente. A evasão é muito alta, ainda que os profissionais da Educação estejam se desdobrando e fazendo o melhor. Tiveram de se reinventar da noite para o dia para criar aulas virtuais, algo que eles não estavam preparados. Temos que avançar no ensino virtual. Estamos licitando equipamentos como tablets, mas o processo é lento”, pontuou, ressaltando que outra preocupação é a parte pedagógica, o fato de os alunos não terem absorvido tudo que tinham que ter em 2020", apontou.
Outra questão pontuada pelo prefeito é a importância do convívio escolar para a criança . “Os casos de doenças psicológicas cresceram por conta dessa ausência de sala de aula e consumo de muita internet. O caso de violência doméstica também tem que ser visto. O olhar do professor nesses casos, ao ponto de ser preciso chamar o Conselho Tutelar, não existe mais. E tem ainda a questão assistencial: escola é necessária por aquele senso de disciplina, hierarquia, responsabilidade, que só a escola traz na vida das crianças. E ela é única”, defende.