A coordenadoria do Programa Macaé Cidadão realizou, na tarde desta terça-feira (12), no auditório do Sindipetro, mais uma edição do seu projeto “Educando na Cidadania”. Com o objetivo de envolver membros da comunidade educativa na discussão do tema “Cidadania”, professores de 12 escolas das redes pública e particular de Macaé estiveram presente ao evento.
As palestras, divididas em dois dias (12 e 13), apresentam também determinados recortes sobre as principais vítimas do caos ambiental: “aqueles que são, ao mesmo tempo, os excluídos historicamente pelo processo de desenvolvimento capitalista”, lembra a coordenadora do Programa Macaé Cidadão Amélia Guedes.
Este ano, o projeto tem como tema “Olhares da Terra” que é uma proposta de inserção nesse debate, que segundo a coordenadora, é fundamental para a própria sobrevivência da espécie humana.
- Queremos fazer uma abordagem ampla que considere as questões relativas à construção da cidadania neste mundo em permanente transformação. Somente através de uma mudança radical na visão e na postura do homem diante da natureza é que poderá haver uma alteração nesse quadro de previsões sombrias para o futuro próximo - comentou.
Um dos convidados, desta terça-feira, foi o representante da Tribo Fulni-ô – Pernambuco, Thini-á Fulni-ô que sob o tema “Excluídos da Terra; o relato da exclusão de um povo”, fez uma abordagem de sua cultura.
Sua apresentação foi aberta em linguagem indígena, deixando a platéia perplexa com o que estava acontecendo. “Vocês entenderam o que eu disse?”, perguntou em bom português, Thini-á Fulni-ô .
A língua brasileira não é o português, mas a linguagem indígena que foi proibida de ser falada pelo branco, disse enfático. Segundo ele, muitos escreveram sobre o índio, mas nunca perguntaram se essa é a verdadeira realidade do índio.
Com uma platéia repleta de educadores, Thini-á Fulni-ô disse que ainda acredita ser a educação, o caminho para o esclarecimento da verdadeira história do povo indígena. “Me chamam de índio porque eu uso cocar e me pinto. E me deram esse nome”, questionou.
- Somos um povo diferente com aproximadamente 180 línguas e as pessoas têm uma visão rotulada, cada um chama Deus de um nome, para mim ele é Tupã, acham que somos todos iguais.
Conta ele que quando chegou na cidade, ao observar os prédios, imaginou que o branco vivia bem e que moravam um sobre o outro. “Então fiquei decepcionado e percebi que eles mal se conhecem”, contou.
A participação de Thini-á Fulni-ô, no “Educando” e na crença que tem na integração, no respeito ao outro, na união. “O Branco acredita que para ser bem sucedido tem que acumular bens, o homem bem sucedido tem que amar os filhos e a mulher. Como pode alguém ser bem sucedido se não está bem com sua família”, questionou.
A explanação de Thini-á Fulni-ô foi acompanhada não só pelos docentes, mas pelo coral do Ciep Maringuá, formado por estudantes de 4ª a 8ª do ensino fundamental. O encontro foi encerrado com a palestra do professor da UFRJ, Ricardo Rezende Figueira, que falou sobre “Em busca de cidadania na terra: trabalho escravo e migrações”.
Nesta quarta-feira (13), haverá palestra do doutor em Sociologia e Antropologia, Aristides Soffiati que abordará o tema “Meio Ambiente, ética e cidadania”, a partir 13h30.