Para combater a evasão escolar, os pais e responsáveis por alunos identificados como evadidos e que, desde o ano de 2009, vem apresentando reincidência, foram convocados para uma audiência com o juiz da 2º Vara da Infância e Juventude, na terça-feira (20). Na ocasião, as famílias convocadas, que já haviam sido notificadas pelo Ministério Público, puderam optar em continuar o processo judicial ou em suspendê-lo, em troca de sua participação e acompanhamento pela Escola de Pais, programa educacional, pedagógico e social promovido pela Prefeitura de Macaé, por meio da Secretaria de Educação.
Trata-se de um trabalho específico para estas famílias, que na Escola de Pais, durante nove meses, receberão um acompanhamento para o fortalecimento de um ambiente familiar saudável. Para isso, serão realizados encontros quinzenais, com duração de três horas cada um, onde haverá palestras, dinâmicas e cursos, dentre outras atividades, para a conscientização desses responsáveis sobre a importância da escola na vida dos seus filhos:
- Estamos colocando em prática a Escola de Pais, que é uma série de ações sócio-educativas e pedagógicas para que os pais dos alunos evadidos se conscientizem de como é importante que os seus filhos estejam na escola. Na prática, é levar os pais para dentro da escola e incentivá-los a criar mecanismos para acompanhar de perto a educação dos seus filhos. Já tivemos uma experiência muito positiva com um curso de “Finanças Pessoais”, realizado em 2011, no Cláudio Moacyr. Agora, queremos repetir este êxito com os pais e responsáveis que aderiram à Escola de Pais após a audiência, disse o secretário de Educação, Guto Garcia.
O juiz da 2º Vara da Infância e Juventude de Macaé, Dr. Felipe Carvalho Gonçalves da Silva, explicou que o Ministério Público recebeu um relatório com 49 nomes de crianças evadidas nos anos de 2009 e 2010. Nestes casos, foram abertos processos para que fossem apurados os motivos da evasão. E, em parceria com a Secretaria de Educação, foi elaborada uma proposta de acordo com estas famílias, que em troca da suspensão destes processos, seriam encaminhadas a Escola de Pais:
- Se o desempenho destas famílias neste período de nove meses for satisfatório, o processo judicial será suspenso. Nosso interesse não é punir os pais e responsáveis, e sim cuidar das crianças e jovens, criando mecanismos para que elas frequentem a escola. Se os pais se conscientizarem disso, ficaremos muito satisfeitos. Do contrário, aplicaremos as medidas cabíveis.
Além das ações da Escola de Pais, outras medidas também fazem parte do acompanhamento destas famílias: “Além da Escola de Pais, as famílias também contarão com orientação familiar, uma equipe de assistentes sociais da Secretaria de Educação farão visitas domiciliares, encaminhamentos para os serviços da rede, enfim, daremos um apoio para as famílias para que os problemas que estão causando a evasão sejam solucionados. Acompanharemos individualmente o caso de cada família, pensando em sua promoção para que não aconteçam processos, como já era cabível”, pontuou a assistente social Viviane Rocha, que atua na Coordenadoria de Serviço Social e Psicologia da Educação.
Mãe de um dos alunos identificados como evadido, Adriana Brandão, apoia as medidas adotadas: “Sempre participei de grupos de apoio para lidar melhor com diversas questões e acho iniciativas como estas muito necessárias, especialmente para nos ajudar a lidar melhor com a educação dos nossos filhos, afirmou.
De acordo com coordenadora Interdisciplinar de Ações Comunitárias (Ciac), Bárbara Monteiro, as medidas adotadas em conjunto visam fortalecer a importância da escola com a família, a fim de dar o apoio que eles precisam, mas também tem por objetivo cobrar responsabilidades: “Estamos ampliando esta relação para que as coisas aconteçam da melhor maneira possível, com as crianças na escola e os pais encontrando apoio. Para isso, a ajuda do judiciário também é fundamental”, completou.
Nova audiência – No dia 03 de abril, haverá outra audiência semelhante a realizada na terça-feira, para tratar da questão da evasão escolar. Neste dia, serão tratados os casos de 42 famílias identificadas durante mutirão realizado em janeiro, pela Coordenadoria Interdisciplinar de Ações Comunitárias.
- Esta nova audiência tem como objetivo evitar que novas representações sejam feitas ao Ministério Público. Por isso, foi feito um levantamento a partir do mutirão e tentaremos fazer com que estes responsáveis também participem da Escola de Pais. O objetivo é encontrar uma melhor forma de ajudar estas famílias, antes que sejam enviadas representações ao Ministério Público, finalizou o juiz Felipe Carvalho Gonçalves da Silva.