Desde o início do ano letivo, os alunos do Centro Educacional Iracema Figueira Miranda, voltado para portadores de necessidades especiais, passaram a estudar no Colégio Municipal Lions em virtude da melhoria do espaço físico, atendendo à proposta do programa “Escola Inclusiva” elaborado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). A Secretaria Municipal de Educação afirmou que a transferência tem como meta oferecer toda a qualidade de ensino em uma escola que terá como proposta tornar-se referência na educação especial.
Nas salas de aula, o programa funciona com a integração de dois professores que dão aula simultaneamente. Enquanto um ensina as matérias, outro traduz a aula para Libras, sigla que representa a Língua Brasileira dos Sinais. “O resultado é que, além de permitir aos portadores de necessidades especiais a possibilidade de acompanhar as aulas, também permite aos outros alunos a chance de aprender a Libras e assim poder interagir melhor com todos os amiguinhos”, explica a orientadora pedagógica, Ildete Soares, que também tem problemas de audição.
A escola recebeu 19 alunos portadores de deficiência auditiva, que, em sua maioria, são transportados pela secretaria até o local, recebendo a educação bilíngue - Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda na modalidade leitura/escrita.
Segundo a diretora do Colégio, Rosana Tinoco, a adaptação dos alunos foi melhor que o esperado e os pais estão satisfeitos com a iniciativa. “Eles aprovaram nossa estrutura e a nova proposta. Mantemos um canal aberto com aqueles que nos procuram”, explicou a diretora.
- Integrar alunos portadores de deficiência às atividades rotineiras de uma escola pode, a princípio, ser visto como um desafio intransponível. A primeira coisa que se pensa é que atrapalhariam as aulas dos outros alunos. Mas o sucesso do programa “Escola Inclusiva”, elaborado pelo MEC e efetivado no Colégio Lions de Macaé, está jogando por terra os preconceitos e disseminando emoção e alegria as salas de aula -, disse a secretária municipal de Educação e vice-prefeita, Marilena Garcia, lembrando que em 2009, foi realizado pela 1ª vez concurso público para professor de Libras, Braille, intérprete e professor especializado para atender nas salas multifuncionais, suprindo as necessidades de acesso ao conhecimento, disponibilizando o ensino de linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização.
Para a professora, Rosimere Bóia Costa Azeredo, a grande vitória do projeto está na naturalidade com que os alunos se integram. “Não houve forçação de barra e ninguém se preocupa em ser politicamente correto. As crianças aceitam muito bem a situação porque são honestas em suas relações”, declara orgulhosa do trabalho.
A busca pelo aprendizado da Libras está vindo de maneira natural para a professora, Roberta Benassuly, que divide a sala de aula com o professor e interprete, Daniel Seixas. “Eu descobri que eles tinham um sinal específico para cada professor”, conta Roberta. “Quando me disseram que eu ainda não havia ganhado um sinal para mim, fiquei triste, mas a turma se reuniu toda para criar meu sinal. Parecia que eu tinha ganhado um prêmio”, diz Roberta, cujo sinal recém criado faz referência a seus cabelos longos.
O professor, Daniel Tavares, também não esconde o orgulho em relação aos resultados alcançados. “Mostrar as diferenças em sala de aula é algo que constrói o ser humano. Acho que estamos formando aqui cidadãos mais preparados para enfrentar o mundo lá fora e pessoas mais integradas com o mundo globalizado em que vivemos”, destaca.
Mobilização de funcionários, pais e alunos - O programa conta com sete funcionários, sendo quatro professores em sala, uma orientadora pedagógica, um intérprete de apoio e uma professora de português. Além disso, há uma sala multifuncional com equipamentos de mídia onde os professores recebem orientações.
A Subsecretária de Ensino Pedagógico Gelda Tavares informou ainda que os demais alunos com deficiência auditiva que não estão inseridos na Escola Municipal Lions estão organizados em outras escolas, em turmas de acordo com a idade e nível de escolaridade. E declarou “As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos que as demais pessoas, e isto exigiu que a educação especial fosse revista em sua concepção e prática na rede. A metodologia e as necessidades educativas podem ser diferentes, mas a exclusão não pode permanecer pelas dificuldades do setor público de se organizar para o atendimento de alunos com deficiência”, disse.