O monólogo apresenta os últimos momentos da vida de Florbela Espanca
A peça premiada pelo Edital Retomada Cultural 2, um incentivo da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, ‘Diário do último ato’, será apresentada, com ingressos gratuitos, de quarta-feira (19) a sexta (21), às 18h30, no Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé, no Centro da cidade.
O espetáculo, também contemplado com o Bolsa Jovens Criadores de Portugal, naquele país, apresenta os momentos finais da vida da escritora e poeta portuguesa, Florbela Espanca (1894-1930). Os ingressos devem ser adquiridos antecipadamente neste link. A classificação etária é 14 anos. Também haverá distribuição de ingressos na hora.
O prêmio português ao monólogo foi conquistado quando a atriz, Ana Cecilia Reis, fazia residência artística na cidade de Évora. “Escolhemos a Florbela Espanca, porque ela foi pioneira. Uma das primeiras mulheres a cursar Direito, tinha um diálogo intelectual com outros autores da época de igual para igual. Escolhemos usar o termo poeta, não poetisa, para enfatizar o protagonismo desta escrita, porque o '-isa' se refere à mulher do poeta”, disse.
A atriz destaca que Florbela começou a escrever aos 8 anos de idade e que a escritora não aceitava a opressão da mulher no casamento. “Ela foi mal vista por ter se casado por três vezes. Ela se divorciou duas vezes nos anos 20, porque buscava por alguém que não a considerasse um acessório. Ela queria uma vida de paixão e de comprometimento, negando-se a viver o casamento de convenção. Florbela fala sobre o julgamento da sociedade e do apagamento de seu trabalho enquanto artista, tudo que ainda está muito presente. Isso é também falar da saúde mental das mulheres da contemporaneidade e da importância de uma rede apoio para elas”, completa Ana Cecilia.
A dramaturgia de Ronaldo Ventura foi inspirada em cartas e diários da poeta. Já a produção e iluminação do espetáculo são assinadas por Paulo Barbeto, que é de Macaé e formado pela Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart). Ele começou na Emart ainda criança, no Curso Livre de Teatro, até concluir o Técnico e ingressar na faculdade de Teatro da UniRio, no Rio de Janeiro. Atualmente, Paulo é conselheiro de Cultura em Macaé.
O monólogo se apresenta em museus, bibliotecas, espaços culturais e pequena salas de espetáculo. Ele já passou pelo Rio de Janeiro e por Petrópolis. Depois de Macaé, irá para Rio das Ostras (Biblioteca Municipal). O encontro dos integrantes da Cia Plúmbea se deu na UniRio, onde todos estudam. Eles são do Rio, de Macaé, de Petrópolis e de outros municípios do interior do Estado, por isso a proposta apresentada ao edital estadual foi “religar” os vínculos com o interior do Rio de Janeiro.
“Tivemos a preocupação em fazer este mês, por causa do Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama. E no Solar, que como casario do começo do século XX, tem uma relação clara com a peça. Florbela é uma autora desta época e tudo se passou em casa”, frisa Paulo, que ainda ressalta: “A Emart me fundou como artista. 90% do que sou como artista aprendi com a Emart”.