Pesquisa domiciliar realizada pelo Programa Macaé Cidadão entre os anos de 2001 e 2003, apontaram um novo perfil na cidade. Existe hoje em Macaé, um percentual de 47,5% de pessoas de 0 a 24 anos se declaram negras ou pardas. O número é o maior no estado do Rio de Janeiro. Os dados foram transformados em livro que será lançado na próxima terça-feira (dia 13), no Teatro Municipal de Macaé.
O livro Exclusão Étnico – Racial mostra que ainda há uma segregação racial, não declarada, na cidade. “É uma lógica nacional”, comenta o sociólogo Luiz Fernandes Oliveira, que fez a análise sociológica dos dados da pesquisa.
Ele diz que a democracia racial no Brasil é só um mito.
Um dos dados que reforça isso é em relação à faixa salarial, onde os afrodescendentes em sua maioria recebem até três salários. Outro fator que ficou destacado na pesquisa foi as vantagens que os brancos têm sobre os negros em quesitos como saúde, trabalho e salários.
Segundo a pesquisa feita pelo Macaé Cidadão, a bordo das plataformas também foi identificada essa exclusão, mesmo quando eles são maioria. Dos trabalhadores offshore, 51,82% são afrodescendentes e 47,64% são brancos. Desmembrando em salários, 61,44% dos que ganham até três salários mínimos são afrodescendentes e 38,27% brancos. Acima de 10 salários, os brancos correspondem a 67,74% contra 31,61% dos afrodescendentes, revela a pesquisa.
E na proporção que aumenta a faixa salarial a presença dos brancos acompanha.
Este trabalho pretende retratar a realidade dos afrodescendentes em Macaé lembra a coordenadora do Programa Macaé Cidadão, Amélia Guedes. “Não queremos somente denunciar e apontar para questões sérias e profundas a respeito da exclusão e marginalização desta população. Nossa intenção é anunciar um novo tempo, uma nova era, voltada à dignidade do afro-descendente”, relata Amélia.
De acordo com ela esse trabalho é um de uma série de outros que se pretende realizar, como parte do Projeto “Mapeamento Sócio-Cultural do Município de Macaé”. “Outras publicações serão produzidas, sempre em benefício da inclusão social”, finaliza a coordenadora do Macaé Cidadão.