A Secretaria Municipal de Educação (Semed) está se preparando para a realização de dois importantes eventos. No dia 1º de julho será o “Simpósio Afrocartografias Macaenses”, e na próxima quinta-feira (17), “Alfabetização: Desafios e Perspectivas”, ambos na Cidade Universitária. O evento do dia primeiro é mais uma iniciativa com a finalidade de abrir as discussões acadêmicas para toda a comunidade, e contará com a presença do ex-ministro da Integração Racial, Edson Santos.
“O simpósio conta com a participação do ex-ministro da Integração Racial, Edson Santos, que tem colaborado para reflexões sobre esse assunto, em nível nacional. Integrarão os debates, além dos docentes da pós-graduação, professores especializados pela Funemac que são atuantes nesta área a partir dessa formação”, informa a secretária de Educação e vice-prefeita, Marilena Garcia.
O encontro também tem o objetivo de promover ações afirmativas contra o preconceito e a favor da inclusão. Esse debate partiu do curso de pós-graduação “Afrocartografias, marcas da travessia do negro no Atlântico”, sob a coordenação da professora doutora Sônia Santos, que teve início em 13 de maio do ano passado e será encerrado em 10 de julho.
A proposta do curso, com aulas aos sábados das 8h às 17h, foi apresentar uma “cartografia” da cultura africana no Brasil, apontando seus aspectos positivos e levantando discussões sobre as conseqüências dessa experiência multicultural, partindo de uma sociedade escravocrata.
Outra meta da Educação com esse curso foi assegurar a educação inclusiva, comprometendo-se com cumprimento das leis federais 10.639 e 11.645, que inserem as culturas afrobrasileira e indígena nos currículos escolares.
“Cerca de 80 pessoas já se qualificaram nessa temática em três pós-graduações oferecidas. Somente neste semestre, serão 35 especialistas aproximadamente”, acrescenta Marilena Garcia.
Neste simpósio, será lançado um núcleo de estudos nesta área, também coordenado pela professora Sônia. “A intenção da Semed é ir além da formação profissional, fomentando o debate e propostas de ações afirmativas em diversas áreas”, completa Marilena.
O superintendente Acadêmico da Fundação Educacional de Macaé (Funemac), Meynardo Rocha, explicou o projeto. “Nem todos os profissionais da Educação têm disponibilidade para fazer uma pós-graduação. Consideramos que abrir essa discussão para a comunidade é o papel da universidade pública”, diz.
Os participantes do seminário que encaminharem antecipadamente ficha de inscrição aos organizadores receberão certificado pela Fundação. Em breve a ficha estará disponível no site www.funemac.edu.br. Ao final da programação, haverá apresentação de Bruno Py e banda, com o show de jazz “Tributo a Duke Ellington”.
Afrocartografias
Diferente das duas pós-graduações anteriores sobre a cultura africana e indígena, essa última especialização teve seu foco voltado para a aplicação prática desse conteúdo nas escolas. Por isso, todos os trabalhos de fim de curso têm essa característica.
O curso, ministrado por professores renomados da área vinculados a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), inicialmente foi aberto para educadores da rede municipal de Macaé e posteriormente estendido à comunidade, inclusive para municípios circunvizinhos. Essa abertura partiu da proposta de se fazer da Cidade Universitária um pólo regional integrador de conhecimento.
Apesar dos resultados desse tipo de política pública ser de longo prazo, gestores da Educação avaliam que alguns avanços já podem ser percebidos. Por exemplo, a estudante do ensino fundamental que teve sua redação sobre cultura africana premiada em evento com a presença do Cônsul Honorário da África do Sul no Rio de Janeiro, Dom Philippe Tasso de Saxe Coburgo e Bragança, é aluna de uma pós-graduada pela Funemac.
“É um trabalho lento, mas já o percebemos na rede. No Brasil, temos uma posição preconceituosa e ao mesmo tempo naturalizada, que está sendo gradativamente revertida por essas reflexões na escola”, explica Meynardo.
Essa temática tem sido incluída em vários projetos da Secretaria de Educação, como o Literarte deste ano, que contou com a participação de todas as escolas pesquisando sobre a geografia, cultura ou o esporte da África.
Programação
Às 08h30, acontecerá o credenciamento, com abertura às 9h15. Às 9h30, a mesa redonda 01, com os temas: “A Invisibilidade e Naturalização do Viés "Racial" das Desigualdades Sociais”, com o Doutor Amauri Pereira, e “Identidade negra no Brasil: presenças e invisibilidades”, com o Especialista Jorge Rodrigues e ainda com a participação da doutora Azoilda Trindade.
A mesa redonda 02 será às 14h, com os temas: “A literatura negra brasileira e a formação de professores: a inserção da temática nos currículos de formação inicial e continuada nas licenciaturas”, com a mestre Selma Maria, e “A falsificação da história: análise dos estudos de Cheikh Anta Diop”, com a mestranda Luciana Cavalcanti. A conferência de encerramento, com o ex-ministro da Integração Racial, Edson Santos, será às 16h, seguida do Tributo a Duke Ellington, por Bruno Py e banda.