Os amantes da cultura não podem perder a exposição de 40 esculturas, que a secretaria municipal de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph) promove a partir desta sexta-feira (07), no Solar dos Mellos. Intitulada “Bumba-Meu-Boi – Uma Interpretação no Barro”, a exibição é resultado de pesquisa de campo da escultora Liduína Leite Araújo. Para fazer o trabalho, ela viajou por diversos estados do Nordeste, onde aprofundou-se nos costumes, indumentárias, músicas e personagens da história do Bumba-Meu-Boi. “Foram cinco anos de pesquisa”, conta a artista.
A exposição ficará um mês no local, podendo ser visitada durante os dias úteis das 10h às 18h. Neste primeiro dia, haverá vernissage às 19h. Liduína já expôs na galeria Antonio Bandeira, convidada pela Fundação de Cultura e Turismo de Fortaleza; no Museu Homem do Nordeste, em Recife, e em ocasião do Seminário de Arte e Artesanato, em Teresina.
Ela conta que visa com a exposição transmitir a cultura do Bumba Meu Boi. Algumas de suas peças já foram vendidas para americanos, ingleses e franceses. Pessoas do Maranhão, Pernambuco e São Paulo também adquiriram obras da artista, cujos valores estão acima de R$ 800. “Não tive patrocínio para realizar as viagens e desenvolver as pesquisas”, justifica. Este trabalho está registrado no Catálogo do Museu Homem do Nordeste, e foi assunto de diversas reportagens de jornais e revistas nordestinos.
Cada personagem da história do Bumba Meu Boi foi esculpido unicamente. “Não faço obras em série. Todas são feitas manualmente e em cerâmica”, diz Liduína, acrescentando que há 25 anos nesta arte não utiliza forno ou forma. Atualmente ela mora em Macaé. Veio de Fortaleza onde viveu por muito tempo. Em agosto, vai expor sobre o cangaço, no Museu de Arte e História do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói.
No Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé – acontecem exposições, oficinas, manifestações artísticas, palestras, projeções de vídeo, seminários, informações históricas e workshops. Informações nos telefones 2759-5049 e 2763-2396.
A História do Bumba Meu Boi
No Brasil, o bumba-meu-boi teve início no estado do Piauí, no final do século XVIII, em meio a pessoas ligadas à pecuária. Cada personagem tem uma função. A encenação teatral nas cidades dos estados nordestinos tem duração de seis a oito horas. Tem origem em Portugal, onde há a lenda do Boi de Tourinhas.
A história foi assimilada por negros e índios no Brasil. A lenda acontece com casal de escravos (Catirina e seu marido, o nego Chico). Ela fica grávida e pede ao esposo que lhe traga uma língua de boi para comer. Ele rouba o boi de seu patrão, o dono da fazenda onde vivem.
O boi adoece. Seu dono toma conhecimento do acontecido e prende nego Chico. Durante a encenação aparecem os personagens como vaqueiros, diabo, Jaraguá e outros. A temática envolve os temas amor, natureza e religiosidade. Após a morte e ressurreição do boi, acontece uma verdadeira festa, com instrumentos como zabula, tambor-onça, matraca, pandeirão e outros. Materiais e personagens desta lenda encontram-se esculpidos, nos trabalhos de Liduína Leite Araújo.