A Fundação Agropecuária, de Abastecimento e Pesca de Macaé – Agrape – vem conscientizando agropecuaristas e a população rural para a necessidade de medidas preventivas quanto à febre maculosa e o tratamento eficaz da doença. A febre é transmitida pela bactéria Rickettisia richeettsii, que vive no carrapato da espécie Amblyomma cajennense (“carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodaleiro”). Até agora, Macaé não teve nenhum caso suspeito da febre maculosa.
O presidente da Fundação, Chico Machado, observa que as populações urbanas também devem conhecer as características da doença, sua manisfestação, medidas preventivas e o tratamento. Chico Machado acrescenta que a Agrape tem dado assistência aos criadores, e também é sua missão orientar a toda população macaense, através da equipe de médicos veterinários da Fundação.
Transmissão - O médico veterinário Alexandre Augusto Oliveira afirma que todo carrapato tem predileção por uma espécie a ser sugada. O carrapato estrela tem predileção por eqüídeos ( cavalos, burros, mulas, jumentos); o Boophilus microplus prefere os bovídeos (bois, vacas, búfalos) e o Rhipicephalus sanguineus tem predileção por canídeos (cães de todas as raças). O homem na cidade está mais sujeito ao tipo que ataca os cães.
Segundo o veterinário, o carrapato pode ser encontrado em todas as fases em aves domésticas (galinhas, patos, perus), aves silvestres (siriema), mamíferos (cavalo, boi, carneiro, cabra, cão, porco, veado, capivara, cachorro do mato, coelho, cotia, tatu, tamanduá e outros, além de animais de sangue frio, como os ofídeos (cobras). Ele diz que dentre as medidas de profilaxia, a serem tomadas por criadores, está a rotação de pastagens, aparando-se a grama o mais rente ao solo, facilitando assim a penetração de raios solares. Outra medida eficaz, a ser tomada pela população rural e urbana, é o controle químico nos animais domésticos, feito com banhos de carrapaticidas.
Alexandre Augusto se dirige à população como um todo. “Não se esmaga o carrapato nas unhas, procedimento comum em donos de cães, porque pode haver liberação das bactérias Rickettisia richettsii, que têm capacidade de penetrar através de micro lesão na pele. Deve-se retirá-lo com calma, através de leve torção, para retirar as peças bucais”, explica. Alexandre tem dicas para quem pretende passar férias em áreas rurais.
- Quem vai passear no campo tem de tomar algumas medidas de caráter pessoal como se informar sobre as áreas consideradas endêmicas para a febre maculosa, evitar caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural e silvestre, e vistoriar o corpo em busca de carrapato em intervalos de três horas, tomando logo um banho após o passeio, pois quanto mais rápido for retirado, menores serão os riscos de se contrair a doença que, instalada no homem, pode levá-lo à morte, se não houver diagnóstico e tratamento adequados, em tempo hábil.
Segundo o veterinário da Agrape, a doença no homem tem começo súbito e, para ocorrer, o carrapato tem que estar grudado na pele de quatro a seis horas. Manifesta-se com febre de moderada a alta, que dura duas a três semanas, acompanhada de dores de cabeça, calafrios, congestão das conjuntivas (olhos) e, progredindo, vai produzir manchas (máculas), vermelhões pelo corpo. A doença também pode ter cursos assintomáticos. Não há transmissão de uma pessoa para outra. O tratamento é à base de clorafenicol ou tetraciclinas. Se não houver uma terapia específica, o índice de mortes pode chegar a 20% dos casos.
Alexandre ressalta que no campo o vestuário pode servir de barreira física à aderência do carrapato, e deve-se usar botas, vestir calças compridas com a parte inferior por dentro das botas, e fitas adesivas dupla face lacrando a parte superior das botas, enfatiza, sendo recomendável o uso de roupas claras, para facilitar a visualização do carrapato. O veterinário observa que o homem é mais atacado pelas ninfas, fase que antecede o carrapato adulto.
Ciclo biológico
As fêmeas, após fecundadas e ingurgitadas, desprendem-se do hospedeiro, caindo no solo para realizar postura única em torno de 5 mil a 8 mil ovos , antes de morrerem. Após período de incubação de 30 dias, nascem as ninfas hexápodes (seis pares de membros), também conhecidas como carrapatinnhos ou micuins. As ninfas ficam nas gramíneas e arbustos e sobem no hospedeiro; desprendem-se dele e, no solo, transformam-se no segundo estágio, que é ninfa octópodes (oito partes de membros). Sobem em outro hospedeiro e, em seis dias, enchem-se de sangue; voltam ao solo, onde se transformam no carrapato adulto, tornando a subir no hospedeiro.