Foto: Ana Chaffin
Tanabata Matsuri celebra amizade Brasil-Japão com grande festa cultural com dança, oficinas e desejos no bambuzal
Tradição e arte japonesa se reuniram no coração de Macaé neste sábado (5). O Festival das Estrelas - Tanabata Matsuri Macaé 2025 foi realizado no Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé, promovido pela Associação Iminkan Matsuda com apoio da Prefeitura de Macaé, por meio da Secretaria de Cultura. O evento contou com oficinas; cosplay; apresentações de Bon Odori, judô; gastronomia japonesa, feira cultural e o tradicional bambuzal dos desejos, o Tanzaku; além do Kagê-ê.
A Associação Iminkan Matsuda foi fundada em 1969, pelo Sensei japonês, Matsuda Shiro, que participou do evento. Membros da colônia de Papucaia da cidade de Cachoeiro de Macacu também abrilhantam o festival.
A organizadora Lúcia Pestana conta que o Kagê-ê é milenar no Japão. Trata-se do teatro de sombras, feito no evento através de uma tela branca, onde um foco de luz se acendeu e sombras de silhuetas recortadas em papel foram projetadas, remetendo o espectador a um mundo de fantasia.
O Kagê-ê apresentado foi em referência à lenda do Tanabata Matsuri. “É a história de dois apaixonados, a princesa tecelã Orihime e o pastor de gado Hikoboshi”, esmiuçou Pestana. Segundo essa mitologia, a princesa tecelã, filha de Tentei (poderoso deus do reino celestial), se apaixonou pelo pastor de gado. Dedicados ao romance, eles deixaram de lado as tarefas e as obrigações diárias.
Por causa da falta de responsabilidade, o pai de Orihime decidiu separá-los, obrigando-os a morar em lados opostos da Via Láctea (rio Amanogawa). Sentindo a tristeza da filha, ele autorizou o casal a se encontrar uma vez por ano (no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar) com uma condição: eles precisavam atender a todos os pedidos vindos da Terra.
Dessa forma, todo o sétimo dia do sétimo mês, Orihime atravessa a Via Láctea para encontrar o seu amado Hikoboshi. Perto desse dia, realiza-se o Tanabata Matsuri. O Teatro Kagê-ê e algumas músicas de karaokê foram apresentados pela artista Emanuelly Paes.
Papéis, cores e sonhos: o ritual do Tanzaku no Festival das Estrelas
Ainda dentro da tradição, durante o Festival no Japão e reproduzido em Macaé, existe o costume de se escrever desejos no tanzaku (tira de papel colorido), que depois são pendurados em ramos de bambu, na esperança de que o desejo se torne realidade. Cada cor do tanzaku tem um significado: amarelo é dinheiro, rosa é amor, vermelho é paixão, azul é proteção e saúde, verde é esperança e branco é paz. No final da festa, os papéis são queimados para que os desejos cheguem ao céu, e assim, Orihime e Hikoboshi possam receber e realizar os pedidos e se encontrarem novamente. “O Festival das Estrelas - Tanabata Matsuri é uma tradição que atravessa gerações e conecta os sonhos das pessoas aos céus”, pontuou a organizadora.
A Banda Oretachi, do Rio, tocou temas de anime no palco. Já Ryan Ferrari, da escola de idioma japonês Nihongogakko de Macaé, se apresentou com voz e violão. As oficinas foram de Mangá (desenhos); Hodo (caligrafia); Sudoku (jogo de lógica); Shogi (xadrez); Origami (dobradura de papel); Ikebana (arranjo de flores); Haikai (poema) e Yukata (vestir o kimono).
“É uma grande honra para Macaé sediar o Tanabata Matsuri, especialmente no Solar dos Mellos, que guarda a memória da primeira colônia japonesa do Brasil. Esse festival é uma ponte viva entre culturas e um tributo à nossa história compartilhada", comentou a secretária de Cultura, Waleska Freire, ressaltando que o Festival das Estrelas reforça o compromisso da pasta com a valorização da diversidade cultural e com o respeito às tradições que ajudaram a formar o município.
(Extraído do Livro: Cem Anos da Imigração Japonesa no Estado do Rio de Janeiro: 1908-2008. 1. ed. São Paulo: Nippak Graphics, 2008 – SHIKADA, Akiyoshi et al).
“Do ponto de vista histórico, a Fazendo Santo Antônio certamente teria as características de uma colônia ‘planejada’. Contudo, a despeito de ter terminando em fracasso, desde 1º de dezembro de 1907, ainda que desprovido de medicamentos e ferramentas agrícolas apropriadas, cercado por todos os lados de uma densa mata fechada, Kumabe san mexia sua enxada enquanto aguardava seus compatriotas. Sacrificou a si próprio aguardando o dia em que se tornaria o líder das 500 famílias cuja chegada havia sido planejada. A presente obra deseja proclamar efusivamente: a Fazenda Santo Antônio de Saburo Kumabe foi a primeira colônia de Imigrantes Japoneses no Brasil”.