Imagine se fosse comum que nas famílias houvesse pessoas fazendo parte de uma orquestra, tocando o mesmo instrumento. Certamente, existiria maior interatividade, co-participação, companheirismo, busca do mesmo objetivo - aperfeiçoamento musical- e, inclusive, mais tempo de convivência uns com os outros. É isso que acontece com uma mãe e três filhos, alunos da professora Thaís Lopes, regente da Orquestra de Flauta Doce, do Conservatório Macaé de Música (CMM), da Fundação Macaé de Cultura (FMC).
Há quase dois anos na Orquestra, a professora de História Cléris Renata Gomes Gózio, de 39 anos, participa dos ensaios junto com suas filhas gêmeas Jade e Cristal (12) e o menino Tainã (13). O treinamento tem ocorrido atualmente toda sexta-feira, às 16h20m, no Auditório do CMM, no terceiro andar do prédio da FMC, Avenida Rui Barbosa, 780.
Segundo Cléris, o marido - o empresário Mario Jorge - não resistiu e também está estudando flauta no CMM, só que transversa. “Ele não quis ficar de fora no referente ao assunto preferido em minha casa: música clássica”, explica a professora de História. Ela disse ainda que cada um tem uma música preferida, mas devido à Orquestra todos ensaiam juntos as mesmas músicas. Mais momentos juntos em casa e mais troca de informações e idéias têm acontecido, uma vez que as gêmeas ensinam ao irmão e à mãe.
- Tudo isso é um ganho cultural, pois além das músicas próprias para adolescentes, meus filhos também buscam a história da música erudita e clássica, proporcionando um maior envolvimento com esses conhecimentos dentro de nossa família, testemunha Cléris.
Para a professora Thaís Lopes a música colabora para um melhor convívio familiar. Ela disse que na Orquestra de Flauta Doce – que funciona desde 2004 – há três contraltos e dez sopranos. Todos os instrumentos são do estilo barroco. Thaís citou como exemplo de músicas desempenhadas pelos flautistas o tema da nona sinfonia de Beethoven, o Coral de Bach, Greensleaves, de autor desconhecido, e Intermezzo, de Pietro Mascagni.
As apresentações mais importantes aconteceram em dezembro do ano passado, no Teatro Municipal, além de apresentações internas na FMC e no Solar dos Mellos. “Nosso plano é formar uma grande Orquestra, com participação de solistas, violinos, piano, contra-baixo e flauta transversa para juntos tocarmos Intermezzo”, imagina a regente.
De acordo com Thaís, muita gente vai para a Orquestra de Flauta Doce para começar o contato com um instrumento melódico. “Por exemplo, há alunos de violão que aprendem a ler partituras conosco”, conta a regente. Ela acrescenta que alunos de canto procuram o grupo para atuar como flautistas com o objetivo de trabalhar e desenvolver métodos de respiração. “Todos ouvem uns aos outros. Isto é o papel da música de câmara”, avisa.
- Na Orquestra há músicos com níveis distintos, pois uns começaram mais tarde. Por isso, a técnica varia, obrigando-me a fazer arranjos específicos de acordo com a capacidade de cada pessoa – justifica. – Temos ainda quatro vagas para tenor, seis para contralto e quatro para baixo. É um instrumento de fácil manejo, mais barato e pode ser utilizado por crianças, uma vez que o som flui com maior facilidade, fato que proporciona prazer em tocar mais rapidamente.
Foram muitas as experiências de Thaís. “Tive alunos com problemas de relacionamento, como timidez e depressão, que começaram a ficar livres destes males através da terapia de tocar flauta doce”. Ela finaliza lembrando que muitos alunos asmáticos e com bronquite melhoraram o ato de respirar graças ao contato com o instrumento de sopro.