O bullying é uma das formas de violência que mais cresce no mundo. Trata-se de uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Sendo assim, para discutir este tipo de violência no Dia Mundial da Saúde, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) promoveu nesta quinta-feira (7), o Fórum “Macaé contra o Bullying”, no auditório do Paço Municipal, no prédio da prefeitura de Macaé.
O objetivo do fórum foi conscientizar sobre os malefícios desta prática, além de informar e esclarecer as dúvidas relativas a este problema, visando educar para uma mudança de comportamento. De acordo com a subsecretária de Educação na Saúde, Cultura e Esporte, Conceição de Maria Rosa, o que à primeira vista pode parecer uma simples brincadeira pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa:
- É de grande importância para a Secretaria de Educação trazer estas reflexões. Estamos pensando na educação além dos muros da escola, porque pensar temas transversais é trabalhar tanto na escola, quanto fazer uma interlocução com a sociedade. Queremos construir em Macaé uma política de discussão sobre o bullying, criar em cada um de nós ações de mudança. Porque quando se educa, se previne.
Além da apresentação cultural com membros do grupo “Portadores da Alegria”, especialistas e pesquisadores na área participaram da discussão em torno dos diversos aspectos deste tipo de agressão. A psicóloga, mestre em psicologia experimental e doutora em educação, Marilena Ristum, falou ao público sobre as suas pesquisas em relação ao bullying:
- Hoje, mais do que nunca, temos clareza da importância de se estar fazendo intervenções nas escolas, não para remediar estas situações, mas para preveni-las. É preciso que pensemos no que podemos fazer para que este estado de coisas não aconteça. E nada melhor para isso que a conscientização, a discussão e a reflexão sobre o assunto e sobre as formas que nós podemos encontrar para que este quadro seja revertido ou minimizado de alguma forma.
A psicóloga da Secretaria de Educação de Casimiro de Abreu, Leila Márcia Barbosa de Souza, que também foi uma das palestrantes e falou sobre a experiência desenvolvida no município vizinho, exaltou a importância de medidas como este fórum para a troca de experiências entre as duas cidades:
- Vejo como muito importante esta troca de experiência, porque o bullying está aí e é o momento de se discutir o tema. Somos municípios vizinhos e, mesmo com a realidade diferente com relação ao número de população, a questão é a mesma. Podemos pensar em ações conjuntas, para combater a questão desta violência que está aí.
Vanderlei Nunes Gomes, professor de História, também da Secretaria de Educação de Casimiro de Abreu, fez questão de falar ainda da importância da contribuição de todos para combater o bullying.
- A sociedade está vivendo tempos de violência e isso está se refletindo nas escolas. A família pode contribuir muito nisso, com o seu comprometimento para diminuir esta agressividade. Mas todos nós precisamos contribuir também. Professores, gestores, poder público, enfim, todos. Agressividade escolar é algo sério. O bullying é algo que dói e pode refletir para a vida toda. Não é brincadeira de criança, afirmou.
Na ocasião, o professor Marcelo Machado, mestre em Saúde Pública, anunciou a realização da pesquisa que será feita em Macaé para levantamento dos dados sobre bullying na rede municipal.
- Em Macaé, em geral, não temos nenhuma informação sobre o bullying. Daí a necessidade de se empreender este levantamento. Então temos o objetivo de, com esta pesquisa, indicar a incidência do bullying nas escolas da rede municipal, que é o nosso alvo, afirmou o coordenador de Saúde da Semed.
Entre os outros objetivos do estudo, estão também o levantamento sobre em que fases da escolaridade o fenômeno é mais frequente e a idade em que mais acontece, identificar os tipos de bullying que são mais comuns, o local em que mais ocorre (sala, pátio, refeitório etc) identificar fatores de proteção que preveem a ocorrência deste tipo de agressão nas escolas (como atividades extracurriculares, por exemplo), realizar o levantamento familiar e o contexto em que a criança está inserida, além da implementação de uma ação concreta de intervenção pedagógica nas escolas municipais a partir deste diagnóstico.
Durante o Fórum “Macaé contra o Bullying” ainda foi lançado o blog desenvolvido para que os interessados no assunto possam se informar e trocar experiências sobre o tema. A intenção é que no segundo semestre também seja lançado o concurso entre os alunos da rede municipal para a criação da logomarca que irá simbolizar a campanha.
A tenente Zoraia Bráz, do 32º Batalhão de Polícia Militar, afirmou que este é mais um passo para prevenção.
- Estamos começando a pensar em propostas em ações para prevenir e até de que forma agir depois do fato ocorrido. E sem o cunho de punir. Deve-se estudar ações que façam os agentes refletirem sobre as ações dele. Deve ser por aí o caminho, saber que ações devemos promover nas escolas para que os alunos pensem e repensem o seu comportamento em sala de aula – disse a policial que trabalha com prevenção à violência escolar.
O Fórum “Macaé contra o Bullying” contou com a participação de autoridades municipais, alunos e educadores da rede municipal e particular, universidades, instituições, empresas particulares, além de representantes da sociedade civil. O sucesso do fórum reflete um avanço na questão, de acordo com a subsecretária Conceição de Maria Rosa:
- Acho que é o começo. Podemos avançar nas pesquisas nas unidades escolares, em chamar todos os profissionais da educação para esta discussão e começar a pensar, de repente, em um seminário, com outros especialistas, para levar uma proposta do que pode ser feito na rede municipal. O fórum serviu para conhecer o tema, que era o nosso objetivo e isso ficou alinhado.