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Grafiteiros ganham reconhecimento em Macaé

05/10/2009 08:54:44 - Jornalista: Waleska Freire

Foto: Arquivo Secom

Grafite faz sucesso também entre alunos do Art Luz

Nas décadas de 60 e 70, no Brasil, o ato de pichar muros, postes e prédios ganhou força como forma de protesto contra a ditadura militar instaurada no país. Entretanto, nos anos 80 e 90 um novo estilo de pichação ganhou espaço graças às influências européias. Os rabiscos ganharam contornos e a arte de grafite aos poucos foi conquistando espaço e reconhecimento. Nesta semana, a secretária municipal de educação e vice-prefeita, Marilena Garcia, anunciou a implantação do curso de Pintura em Grafite e Aerografia, que será ministrado no Centro de Educação Tecnológica e Profissional (Cetep).

Os instrutores formam uma equipe forte e entrosada. É assim que se define o grupo “Koliriu” formado por professores do curso de Grafite. Eles seguem a tradição de manter sempre um apelido com o qual assinam seus desenhos. Assim, Luiz Henrique Azevedo, 25 anos, ficou conhecido como Ric e Marlon Gitiranna, 28 anos, ganhou a alcunha de Muc. Completam o time, os agora também professores Junior (kid), Alex (Fawe), Felipe (Talu) e Francisco (Cove).

Além do grupo, a artista plástica Viviane Cristine Silva de Faria é instrutora de Aerografia. Ela vem participando desde o início do projeto Minha Escola Querida, inovando a pintura das escolas municipais com o toque de arte urbana que agrada em cheio ao público. Segundo Ric, o grupo existe há 8 anos e surgiu quando uma pessoa elogiou um trabalho e disse que era um colírio para os olhos. “Acho que a diferença entre um grafiteiro e um pichador está na atitude. A gente quer fazer arte e embelezar a paisagem. Enquanto pichador quer sujar”, explica.

Entretanto, nem sempre essa diferença é reconhecida com exatidão. Muc conta que seu primeiro trabalho pago quase terminou com um passeio na cadeia. “Coloquei meu material e comecei a pintar. De repente, vi uma patrulha da polícia chegando e recolheram todo o material. Tive que esperar quase duas horas na rua, com um monte de gente em volta, passando a maior vergonha, até provar que estava fazendo um trabalho honesto e autorizado”, conta.

Autodidata, Muc atualmente faz o curso de Comunicação Social da Faculdade Salesiana e pretende se formar em Publicidade. Ele conta que costuma percorrer o Brasil em congressos e encontros de grafiteiros para se manter atualizado e para acompanhar o progresso da arte em todo o país. “Este ano, pretendemos fazer nossa primeira viagem internacional e comparecer a um encontro no Chile. Vai ser bom para saber como é o panorama do grafite em outros países”, explica.

Viviane desenha desde os seis anos de idade. “Eu fazia caricaturas de alunos e professores na minha escola. Além disso, fazia um jornalzinho com desenhos e músicas”, conta. O bom humor da obra, entretanto, não era exatamente bem visto pelos colegas. “Chegaram a fazer um abaixo-assinado para me expulsar da escola. Mas ao invés disso a diretora disse para usar os meus talentos “para o bem” e resolvi me dedicar a outros projetos. Vim com a família para Macaé aos 20 anos e passei a me dedicar a arte, fazendo trabalhos para empresas, escolas e amigos que, desta vez, não só gostavam como pagavam”, conta.

Marilena Garcia explica que a idéia do curso surgiu de uma observação feita junto com o prefeito Riverton Mussi sobre as pichações pela cidade. “Pensamos em como reverter essas ações através da Educação, pois muitos possuem o talento da arte e picham por falta de orientação. Com o curso queremos oferecer a oportunidade das pessoas usarem esses dons para embelezar a cidade e fazer o bem”.