Reunião virtual foi realizada nesta quinta-feira (28)
Macaé segue sendo referência em avanços na prevenção do combate à violência contra a mulher. Como parte dessas ações, nesta quinta-feira (28), o GT (Grupo de Trabalho) da Rede de Proteção e Atendimento à Mulher realizou mais um encontro, de forma virtual, para discutir ações que ajudem a romper esse ciclo.
A reunião teve como tema o Projeto Refletir - grupo reflexivo de homens envolvidos em situação de violência doméstica e foi apresentada pelo doutor em Psicologia de Comunidades e Ecologia Social e coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Salesiana de Macaé, Marcello Santos, e a Assistente Social do Juizado Especial Adjunto Criminal - JEACRIM/JVD, Olívia Aguera.
O grupo reflexivo é uma proposta de intervenção estabelecida pela Justiça para homens autores de violência contra as mulheres. A determinação, que gera ordem de prisão caso seja descumprida, está prevista na Lei 13.984, sancionada em abril de 2020 e é um complemento à Lei Maria da Penha. O objetivo é que os homens passem por reeducação e tenham acompanhamento psicossocial.
De acordo com a secretária de Política para as Mulheres, Jane Roriz, a pasta atua oferecendo suporte ao Tribunal de Justiça nas ações do Projeto Refletir: “Entendemos a importância desse espaço como uma forma de ter respostas para que as mulheres vivam relações mais saudáveis. Por isso é importante reforçar que, apesar de ser obrigatório, o grupo não tem um olhar punitivo. A proposta é ser um lugar de escuta e entendimento sobre a violência”, ressalta.
Jane aponta que, em muitos casos, um mesmo agressor se relaciona com diferentes mulheres e repete o ciclo de violência. “É fundamental que esse homem entenda como a violência começa, porque muitos nem se enxergam como autores. Em grupo, é mais fácil reconhecer no outro o ato que ele mesmo praticou”, avalia.
Ao todo, o Brasil possui 312 grupos de reeducação de autores de violência doméstica, segundo dados da pesquisa Grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência contra as mulheres no Brasil - mapeamento, análise e recomendações, feito pelo Colégio de Coordenadores Estaduais da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário, pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o apoio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mais de 60 mil homens já foram atendidos.
Para o mediador dos encontros, Marcello Santos, os grupos reflexivos são importantes locais de trocas de experiências e devem ser entendidos como uma ação integrada que também beneficia as mulheres. Ele destaca que a parceria com o Centro Especializado em Atendimento à Mulher Pérola Benjamim (CEAM), vinculado à Secretaria de Políticas para as Mulheres, e o Tribunal de Justiça é parte fundamental do trabalho em rede.
No total, serão oito reuniões a cada 15 dias com temáticas que passam por direitos das mulheres, o que é ser homem, Lei Maria da Penha, entre outras. A primeira foi realizada na última terça-feira. No final dos encontros, os participantes são convidados a aderirem a Campanha do Laço Branco, firmando o compromisso de serem multiplicadores do combate à violência contra a mulher nas mais variadas instâncias.