Foto: Kaná Manhães
Palestras e seminários para profissionais do HPM e abertas à comunidade abrem caminhos para a Política de Humanização.
O Hospital Público de Macaé (HPM), juntamente com a Fundação Municipal Hospitalar e a Secretaria Municipal de Saúde, vem promovendo uma série de palestras e seminários no caminho de implementar efetivamente a Política Nacional de Humanização (PNH) no Hospital
Assim, em uma iniciativa do Departamento de Educação Continuada do Hospital, na manhã desta quinta-feira (9), o auditório do Centro de Estudos do HPM ficou repleto de profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes sociais, que compõem as 19 especialidades do HPM, para ouvir e discutir experiências de humanização em outros municípios do país, bem como sobre as diretrizes desta política nacional.
O próximo encontro será na próxima quinta-feira (16) e pretende tratar das efetivas práticas em humanização para serem implementadas no HPM. Entre essas práticas está o retorno do grupo de trabalho em humanização, com a participação de trabalhadores, gestores e usuários; acolhimento com classificação de risco; maior vínculo com toda a rede do sistema de saúde municipal, mas também as visitas abertas, onde o horário de visitação aos pacientes internados seria estendido e mais flexível.
Estes encontros, seminários e palestras são abertos também à comunidade. Os interessados em participar do encontro do dia 16 (quinta-feira), tanto profissionais como usuários do sistema, devem confirmar presença pelo e-mail: dec@fmhmmacae.rj.gov.br e levar pen drive para copiar o material de estudo que será disponibilizado em forma de texto.
A médica Alzimara Carvalho, clinica geral do HPM, trouxe ao debate, nesta quinta-feira (9) a importância da humanização para a efetividade de um Sistema Único de Saúde (SUS) resolutivo, acolhedor e com qualidade para a população. Ela apresentou experiências exitosas em outros municípios do país, que estão implementando a Política Nacional de Humanização, como Manaus, capital do Amazonas, e Palmas, no Tocantins:
- A Oficina Constrói, em Manaus, tem a participação de cerca de 90 trabalhadores dos diversos setores e diferentes níveis dos distritos de saúde local, que colocam em prática as bases para gestão compartilhada focada na construção coletiva; outro trabalho exitoso em humanização é o de Palmas, onde o Hospital Maternidade está permitindo o acompanhamento de forma integral das pacientes internadas na unidade para realizar o parto.
A Lei do Acompanhante (nº 11.108, do Ministério da Saúde), que trata do acompanhamento durante o trabalho de pré-parto, parto e pós-parto, como ressalta a clínica geral Alzimara Carvalho, é um excelente exemplo de humanização, mas que para ser efetivado requer mudança de pensamento, tanto da equipe profissional, como dos usuários do sistema.
Outra profissional do HPM, a fonoaudióloga Cristiane Rangel, também debatedora no seminário, pontuou que o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar foi criado objetivando promover uma nova cultura de atendimento à saúde no Brasil. A Humanização passou a ser considerada elemento a ser alcançado e defendido pelo SUS para a melhoria da qualidade da assistência.
- Uma grande conquista nossa aqui de Macaé foi participar do curso de formadores e apoiadores institucional oferecido pelo Ministério da Saúde à rede credenciada do Sistema Único de Saúde, da qual ainda não fazemos parte. Mas o nosso trabalho nos capacitou para esta participação.
A fonoaudióloga do HPM ainda informa que oito profissionais do Hospital (médico, enfermeiros, assistente social, fonoaudiólogo, psicólogo e um diretor administrativo) participaram do curso de formação em apoiadores na Política Nacional de Humanização, oferecido pelo Ministério da Saúde. O curso será para capacitar profissionais a serem multiplicadores das diretrizes e princípios do HumanizaSus.
O HumanizaSus
A Política Nacional de Humanização, o HumanizaSUS, é a proposta de uma nova relação entre usuários, profissionais que atendem e a comunidade. É a Humanização vista não como programa, mas como política que atravessa diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, para estabelecer modificações nas condutas e ações para com os usuários, funcionários e quem atende a clientela do SUS. Suas propostas: redução das filas e o tempo de espera com ampliação do acesso e atendimento acolhedor e resolutivo baseados em critérios de risco; identificação e responsabilização de funcionários que cuidam de sua saúde; garantia de informações ao usuário quanto aos seus direitos do código dos usuários do SUS; gestão participativa aos seus trabalhadores e usuários, assim como educação permanente aos trabalhadores. Clínica ampliada: trabalho clínico que visa o sujeito e a doença, a família e o contexto, tendo como objetivo produzir saúde e aumentar a autonomia do sujeito, da família e da comunidade. Utiliza como meios de trabalho a integração da equipe multiprofissional, a construção de vínculo, a elaboração de projeto terapêutico conforme a vulnerabilidade de cada caso e ampliação dos recursos de intervenção sobre o processo saúde-doença.
O SUS
É o sistema de saúde vigente em nosso país. Foi modelado há relativamente pouco tempo, culminando em um processo de mudanças que remonta à década de 70, acelera-se ao longo dos anos 80 e adquire estatuto institucional no fim da década de 90. É fruto de um processo interno de forte densidade política e social. Sendo estabelecido pela Constituição Federal de cinco de outubro de 1988, estando regulado pelas leis 8080 e 8142, ambas de 1990. É conhecido como Sistema Único de Saúde (SUS), justamente porque sua formulação correspondeu a uma unificação dos vários subsistemas existentes até então, superando a fragmentação institucional que prevalecia tanto no interior da esfera federal, quanto entre as diferentes esferas governamentais e também separando o setor estatal do setor privado. Estabelecendo princípios como a universalidade, a equidade e a integralidade da atenção, o SUS rompeu com o sistema anterior, fundou novas bases institucionais, gerenciais e assistenciais para o provimento das ações e dos serviços de saúde no país, então considerados como direito universal da cidadania e dever do Estado.