A grande quantidade de chuvas que cai sobre o município de Macaé desde a tarde de quarta-feira (24) traz, além dos alagamentos e engarrafamentos, um inimigo muito comum: a leptospirose. Transmitida pela bactéria leptospira, encontrada principalmente na urina de ratos (embora também esteja presente, muitas vezes, na de cachorros, bois e porcos), a doença pode levar à morte nos casos mais graves. Por isso, equipe do Hospital Público de Macaé (HPM) está de prontidão para atender a pacientes que apresentem quaisquer sintomas.
Apesar de a Região Sudeste ser a que mais registrou casos de leptospirose nos últimos anos (39% dos 33.174 casos registrados no Brasil entre 1996 e 2005, de acordo com o Ministério da Saúde), em Macaé foram notificadas apenas quatro ocorrências da doença nos últimos três anos. “Felizmente só recebemos casos isolados. Macaé não é uma área endêmica da doença”, diz a enfermeira Laís Almeida, do Núcleo de Vigilância Hospitalar do HPM.
Por ser uma doença de difícil diagnóstico, muitas vezes a leptospirose começa a ser tratada já quando há apenas a suspeita de infecção. “O diagnóstico definitivo é feito pelo laboratório do estado, e isso leva tempo. Por isso, quando o médico desconfia que o paciente apresenta leptospirose, já começa a tratá-la antes mesmo da confirmação”, explica a enfermeira.
Sintomas – Os primeiros sintomas começam a se manifestar por volta de duas semanas depois da contaminação, e podem ser confundidos com os da dengue: febre, dor de cabeça e dores pelo corpo. Às vezes, os doentes também apresentam vômitos, diarréia e tosse.
A maior parte deles melhora entre quatro e sete dias depois do início dos sintomas, mas em cerca de 10% dos casos a doença evolui para a forma grave, conhecida como doença de Weil. Neste estágio, o paciente passa a sofrer de insuficiência renal, sangramentos (principalmente nas gengivas, no nariz e nos pulmões) e tem os olhos amarelados (icterícia). Cerca de 20% dos doentes graves morrem, por não receber tratamento a tempo.
O contágio é feito, normalmente, através do contato da pele do indivíduo com água contaminada pela leptospira. As principais formas de evitá-lo são: impedir o contato da pele com a água de alagamentos (por meio do uso de botas e roupas impermeáveis) e controlar a população de ratos, por meio do correto acondicionamento do lixo.