Os técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Departamento de Recursos Minerais (DRM), do governo do Estado, que estiveram na prefeitura, nesta quarta-feira (1º), não tinham as explicações técnicas e científicas para justificar a variação do nível do mar na cidade. De acordo com o IBGE, a variação do nível do mar em Macaé chega a 37 milímetros por ano, enquanto a média global é de dois milímetros anuais. O IBGE aponta a necessidade de instalação de um GPS no Porto de Imbetiba para identificar os motivos da elevação.
De acordo com o assessor da diretoria de geociências do IBGE, Luiz Paulo Souto, no Porto de Imbetiba, em Macaé, está instalada, há cinco anos, a estação maregráfica, que fornece, em milímetros, os níveis do mar. “Fizemos um estudo para identificar a tendência de elevação do mar nas duas estações em operação há cinco anos. Em Imbituba, Santa Catarina, foram registrados dois milímetros de variação por ano e em Macaé, 37 milímetros”, disse.
Souto ressaltou que o IBGE não tem respaldo técnico para pontuar os motivos da elevação. “Pode ser um afundamento da terra ou elevação do mar”, analisou. A gerente da rede maregráfica permanente para geodésia do IBGE, Cláudia Lellis, levantou várias possibilidades para o fenômeno e destacou que os estudos devem continuar para esclarecer o que está acontecendo.
- Dentro do valor de 37 milímetros, podem existir várias influências participando, ou seja, esse total pode ser resultado de movimentos do terreno, de acomodação de camadas do solo, de movimento da crosta terrestre, de movimento vertical de rebaixamento e pode ser oriundo de empilhamento de água provocado por fenômenos locais, ventos intensos, questões metereológicas ou até mesmo por apelo ou procedimento que possa modificar a hidrodinâmica, que é o sistema de correntes locais – enumerou a especialista.
De acordo com Cláudia, a instalação de um equipamento de GPS é a solução para que sejam identificadas as causas da variação do mar em Macaé acima da média global. “A instalação do GPS será muito importante porque o marégrafo fica em terra e o sensor que mede a variação do nível do mar, em água. Como o marégrafo está fixado em terra, qualquer movimentação da terra influencia o que está sendo registrado da variação do mar. O GPS vai identificar exatamente qual é a movimentação de terra. Em seguida, poderemos separar deste valor o que influencia a movimentação”, explicou.
Geólogo descarta influência da produção de petróleo na variação
O diretor de geologia do DRM da secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Francisco Dourado, frisou que somente estudos mais aprofundados vão mostrar o que está ocorrendo, mas está descartada a possibilidade de influência do arranjo do petróleo. “Temos algumas certezas: a variação do nível do mar não tem nenhuma relação com o petróleo. Agora, se existe outro fator geológico, precisamos estudar”, disse.
Dourado apontou que existe a possibilidade do sistema de deságua dos rios ter influência na variação. “O nível do mar não está subindo nem descendo. Ou a areia está sumindo ou está aparecendo mais. Em Atafona, por exemplo, a praia está diminuindo porque existe uma corrente marinha que retira o segmento. Essa é uma possibilidade a ser estudada”, avaliou o geólogo, acrescentando que o DRM vai dar apoio na área de geologia na instalação do GPS.
Instalação do GPS depende da Petrobras, afirma IBGE
A gerente da rede maregráfica permanente para geodésia, Cláudia Lellis, afirmou que o IBGE já está em negociação com a Petrobras para instalar o GPS na área do Porto de Imbetiba onde está instalado o marégrafo. “Esperamos instalar o GPS em dois, três meses. Dependemos agora da Petrobras. A expectativa é que até o final do ano esteja funcionando”, disse Cláudia.
O coordenador do Plano Diretor, Hermeto Didonet, disponibilizou a prefeitura para agilizar o processo de instalação do GPS. Os técnicos do IBGE e do DRM vieram a Macaé a convite da prefeitura, por meio do Plano Diretor e da secretaria de Governo. “Estamos buscando a informação correta relacionando o município com as mudanças climáticas e o aquecimento global. Precisamos de informações gerenciais”, salientou.
Segundo Didonet, a coordenadoria do Plano Diretor acompanha todas as evidências das mudanças climáticas divulgadas em relatórios do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), oriundo da primeira conferência mundial sobre o clima.
- Existe um grupo de dois mil cientistas pesquisando o fenômeno das mudanças climáticas, inclusive do aquecimento global, derivado do efeito estufa, que tem no homem seu principal agente, pela emissão do CO2, que ocorre principalmente pela queima de combustíveis fósseis. O mar tem sido um dos aspectos a serem levantados. Agora precisamos ter mais detalhes técnicos sobre a variação do nível do mar, além do estudo marégrafo – comentou. Diversos secretários municipais participaram da reunião com os técnicos do IBGE e do DRM, que lotou o paço municipal da prefeitura.