Patrimônio histórico do município, a Igreja de Sant’Anna, construída em 1630, está sendo recuperada pela prefeitura, numa parceria entre as secretarias de Obras e de Acervo e Patrimônio Histórico. A obra entra este mês em sua fase final, com a recuperação do altar e do forro interno. A etapa inclui ainda revisão da parte elétrica e a remodelação da parte decorativa da igreja. A expectativa é que a Igreja seja entregue até o final do ano.
De acordo com o secretário de Acervo e Patrimônio Histórico, Ricardo Meirelles, a etapa principal da obra – a troca do telhado – já está concluída. foram trocadas quatro mil telhas, mas mantendo o aspecto original. Toda a obra foi acompanhada pela Confraria de Sant’Anna, responsável pela Igreja.
- Compramos muito material de demolição e usamos telhas do século XVIII, que eram moldadas nas coxas dos escravos, como era o telhado original, explica Ricardo Meirelles.
A obra procura seguir ao máximo a arquitetura original, mas como a Igreja foi bastante mexida com o passar dos anos sem critérios técnicos, está sendo feita reforma restaurativa. A obra inclui também a recuperação dos altares, que estavam sendo destruídos por infiltração e cupins.
Imagens sacras estão prontas
Como parte da recuperação da Igreja, três imagens históricas já foram restauradas. Por questões de segurança, as peças foram guardadas pela Secretaria, e serão levadas para Sant’Anna no final da obra. A principal imagem é a do Senhor Morto, em tamanho natural, estilo barroco, do século XVIII. Também foram restauradas as imagens de Nossa Senhora das Neves e de Sant’Anna, ambas do século XIX.
De acordo com Ricardo Meirelles, existe o projeto de montar na Igreja um mini-museu de arte sacra. Segundo ele, a idéia é ir recuperando aos poucos todas as imagens originais da Igreja.
História e lenda
A história da Igreja de Santana se confunde com o início da colonização de Macaé, feita pelos padres jesuítas no século XVII. No mesmo ano, eles começaram a erguer no alto do morro a Capela de Santana, um engenho e um colégio, num lugar que mais tarde ficou conhecido como a Fazenda dos Jesuítas de Macaé. Nos fundos da capela, foi instalado um pequeno cemitério, que até hoje guarda os restos mortais de alguns padres.
Além do açúcar, os padres produziam farinha de mandioca em quantidade e extraíam madeira para construções navais e edificações. Em 1759, a fazenda foi incorporada aos bens da coroa portuguesa pelo desembargador João Cardoso de Menezes. No mesmo ano, os jesuítas foram expulsos do Brasil, imposição feita pelo Marquês de Pombal. A Igreja de Santana foi fundada um século mais tarde, em 1898, no local onde foi erguida a primeira capela dos jesuítas.
A igrejinha no alto do morro também faz parte da lenda mais popular da cidade. Conta a lenda que a Imagem de Santana foi encontrada por pescadores, numa das Ilhas do Arquipélago que lhe dá o nome (Ilha de Santana). Trazida para o povoado, a imagem teria sido colocada no Altar Mor da Capela dos Jesuítas, desaparecendo misteriosamente no dia seguinte. Foi encontrada dias depois na ilha e levada novamente à Capela. O fato repetiu-se mais duas vezes. Na terceira fuga, concluíram os devotos que a Santa sentia saudades da ilha que era avistada do Altar da Capela. Desta forma, os padres reedificaram o templo, voltando sua fachada frontal para o ocidente onde a Santa não “veria” mais o mar e o arquipélago de onde viera.