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O ato simbólico reuniu autoridades e alunos de escolas municipais, no anfiteatro da Imbetiba
Winnie Carolina tem apenas oito anos. Já o baobá que foi plantado no anfiteatro da Imbetiba em um ato simbólico neste 13 de maio, tem cinco. Ambos, menina e árvore, vão crescer juntos e representar suas raízes, ancestralidade e marcar a história de Macaé na luta contra o racismo e preservação da história da população negra do município.
Além dela, muitas outras crianças participaram do plantio no ato realizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Com olhares atentos, meninos e meninas de diversas idades representaram as escolas municipais Professora Maria Isabel Damasceno Simão, Professor Antônio Alvarez Parada, EMEI José Brum de Azevedo, Eraldo Mussi, CAp e Ivete Santana Drumond de Aguiar. Eles tiveram uma verdadeira aula de história durante a solenidade que contou com a participação da primeira dama do município, Quelen Rezende, do secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Dorniê Matias, Joice Machado, no Neafro, da secretaria de Educação e outros convidados.
“O baobá é importante porque é a origem dos povos negros. Estou muito feliz”, afirmou Winnie.
O local de escolha para o plantio, próximo ao mar, foi escolhido a dedo e tem muito simbolismo, próximo à zona portuária onde atracavam muitos navios com escravos. A árvore foi doada ao município por Magnun Amado, que adquiriu a espécie em Pernambuco.
“O 13 de maio é uma data importante e, agora, há uma ressignificação do ato da princesa Isabel que não agiu com benevolência ao assinar a Lei áurea. Foi um movimento político necessário dos movimentos sociais, abolicionistas. Essa liberdade só veio após muitas lutas do povo negro, escravos, ex-escravos e abolicionistas. O baobá é a árvore da vida, que nos conecta à nossa ancestralidade. É a identidade social do povo negro, do povo negro escravizado. O tronco representa essas crianças que estão em desenvolvimento e suas raízes, a nossa ancestralidade. Esse ato também simboliza a nossa luta antirracista, combate ao racismo. O baobá representa tudo isso”, explicou Dorniê.
Na abertura do ato simbólico, os alunos Samuel Candido e Davi Figueira, leram poemas sobre o baobá, escritos por eles. O aluno Murilo Almeida Barros também leu um texto sobre a árvore, de autoria de Nei Lopes. Os três são estudantes do Colégio Professora Maria Isabel Damasceno Simão. Segundo Joice Machado, a parceria com as escolas é uma ação assertiva da educação antirracista.
“Lá tem um criadouro de baobás e eles fazem doações para disseminar a espécie no Brasil. Ficou aqui guardada comigo esperando o momento certo. O baobá é a árvore da vida em todo o continente africano, mas também representa o esquecimento”, explica Magnun.
“É preciso abrir espaços para outras histórias serem contadas, as histórias de resistência que não são contadas nos livros das escolas, mas que precisam estar no dia a dia”, defende.