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É uma escultura original da Aldeia de Macaé (1747)
Poucas pessoas sabem que em Macaé há uma imagem do século XVIII (1747). “É uma relíquia que mostra a colonização de nossa cidade por intermédio de padres da Igreja Católica”, conta o subsecretário de Acervo e Patrimônio Histórico, o professor de História Ricardo Meirelles. A imagem é de Nossa Senhora da Santa Virgem.
“Ela precisa ser restaurada”. É isso que afirma a historiadora da subsecretaria de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph), a mestre em História, Conceição Franco. A imagem foi disposta pelo padre Vaz Pereira na capela homônima, em Córrego do Ouro, em 1747.
Segundo Conceição, a imagem sofre com ataques de cupins e brocas e não se encontra em exposição, necessitando de reparação. “A peça está com problemas estruturais graves, como rachaduras, trincas, falta do membro superior direito e dos quatros querubins que são presos à imagem por cravos”, afirma ela.
A imagem
É uma escultura original da Aldeia de Macaé (1747). Imagem confeccionada em madeira, com o interior oco, de altura total de 96 cm (10 cm de base), largura de 49 cm. Classificada na categoria de imagem de vestir, por possuir articulações nos ombros e cotovelos. O rosto e as mãos são áreas de carnação. Possui corpo definido anatomicamente, tendo um corpete delineado com debrum dourado no bico e na gola e a saia em estilo godê, ambos pintados na cor azul celeste (que não é original).
Possui saia, ornada com estrelas douradas que cobre seus pés. A santa está de pé sobre volutas em forma de nuvens, onde quatros querubins estão soltos. Sob ela está parte do globo celeste pintado em azul. Está assentada em uma base de 10 cm de altura e 33 cm de largura, que em forma cônica, apresenta as faces escavadas e quinas cortadas em semicírculos.
Ocupação de Macaé
Conceição Franco, que também coordena o Projeto Macaé em Fontes Primárias, no Solar dos Mellos, onde funciona a Semaph, narra um pouco sobre o início de Macaé. Ela pesquisou e estudou diversas fontes por três anos.
– A ocupação de Macaé ocorreu entre os séculos XVI e XVII, com o estabelecimento de currais para cavalos e gado. Os jesuítas receberam a terra onde fica a igreja de Sant’Anna, em 1630 – explana a historiadora.
Ela conta que no século XVIII, aconteceram a expansão dos canaviais e a passagem da cultura de alimentos para atividades destinadas ao abastecimento do mercado interno macaense.
- No século XIX inicia-se a cultura dos cafezais. Entre meados do século XVIII e início do XIX, as principais atividades econômicas em Macaé foram o comércio de madeira, os engenhos de açúcar, cultivo de milho, arroz, algodão e mandioca – comenta.
Em Macaé ocorre a instalação dos jesuítas. Houve um processo de aldeamento dos índios Sacurus – habitantes das cabeceiras dos rios Macaé e Macabu. Esses índios foram aldeados pelo padre presbítero do hábito de São Pedro, Antonio Vaz Pereira, em 1747, na primeira metade do século XVIII. É bom lembrar que este padre não era jesuíta, mas secular ligado a Roma. Ele que fundou a capela em Córrego do Ouro, onde se encontra a imagem da santa, uma das imagens mais antigas de Macaé.
Ele tinha a missão de catequizar os índios juntamente com os demais religiosos (jesuítas, franciscanos, capuchinhos, beneditinos e outros). O padre Vaz Pereira foi destacado pelas autoridades eclesiásticas como um dos maiores missionários do século XVIII, uma vez que converteu 25 aldeias em dez anos, nas matas do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Cronologia ocupacional
De acordo com as explicações de Conceição Franco, a região que passou a chamar-se Macaé integrava a capitania de São Tomé, doada a Pero de Góis em 1538. Na capitania, ele fundou a primeira vila (vila da Rainha), localizada em São João da Barra.
Em 1546, Pero de Góis renuncia à capitania a favor de seu filho, Gil de Góis, que em 1619, renuncia à capitania, com o nome de Paraíba do Sul, em favor da Coroa Portuguesa. Esta doou a donataria da capitania aos sete capitães. Entre 1632 a 1634, houve o estabelecimento dos sete capitães na região.
- A partir de 1648 houve a divisão da capitania em 12 quinhões, parte deles entregues aos jesuítas e beneditinos. Em 1674, ocorre o domínio da nobreza Asseca, cuja principal autoridade era o Visconde de Asseca. Em, 1753 a capitania é incorporada ao Espírito Santo. Em 1832, é anexada à Província do Rio de Janeiro – finaliza a historiadora