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Laurita e Jaíra serão homenageadas pelo Palavra Expressa

22/10/2007 17:17:01 - Jornalista: Andrea Lisboa

O projeto Poesia Palavra Expressa reeditado em agosto pela Biblioteca Pública Municipal Dr. Télio Barreto, da Fundação Macaé de Cultura, leva quinzenalmente grandes poetas do cenário cultural macaense ao Café do Teatro Municipal. O sarau, às 18h, atrai uma fiel e participativa platéia. Nesta terça-feira (23) as poetisas homenageadas serão Laurita de Souza Santos, de 84 anos, e Jaíra Pacheco Branco, 79. O evento é aberto à comunidade com entrada franca.

Laurita e Jaíra têm algumas coisas em comum. Ambas macaenses, começaram a escrever há cerca de 20 anos sobre sua cidade natal, a família e a infância. Laurita com uma pitada de humor e Jaíra, com uma de saudade. Laurita nasceu na Rua da Praia, em uma casa grande de sete janelas. Seu pai, Sinzenando Fernandes de Souza, foi prefeito do município por duas vezes. Jaíra perdeu a mãe quando criança e foi morar com uma tia em Castelo (ES) e mais tarde, em Niterói. Com 13 anos de idade, voltou para Macaé para morar com o pai e a madrasta. Depois de casada voltou a residir em Niterói, retornando a Macaé em 1971. Sua poesia revela a saudade que sentia da mãe.

Laurita começou a escrever trovas incentivada pela amiga Dulce Aroeira. Com ela escreveu “Macaé, lendas e fotos em trovas”, que conta a história do município. O gosto pela composição surgiu quando começou trocar poesias com uma irmã que estava adoentada, Yolanda de Souza Uchoa, no intuito de animá-la. Sua obra nunca foi publicada. Ela é composta por seis fascículos da série “O Pio do Pardal”, de poesias diversas; “Álbum de Família”, de poesias dedicadas aos seus familiares e a infância, e “Poesia de Encomenda”. Todos com mais de 50 poesias. “Eu sou o Pardal. Pio, não canto”, diz modestamente a autora. Há 13 anos recebe em sua casa mensalmente um grupo de oito poetas, que decidiram se reunir para compor haicais, um poema japonês de três versos, e passaram a compor poesias de diversos estilos.

Jaíra começou a guardar seus versos há 6 anos, incentivada pela bisneta Laís. Além de poesia, faz teatro e canto coral, no grupo As Seresteiras. Este ano, interpretará mais uma vez Maria, no alto de Natal do Teatro Municipal de Macaé. Presidiu o grupo “Amanhecer da Terceira Idade” com a animação de quem confessa adorar dançar quadrilha. Jaíra conquistou, ainda, o primeiro lugar no concurso de quadrinhas do programa Anos Dourados da Rádio 95FM. A poetisa, que valoriza a rima, também elegeu o mar de Macaé e as alegrias da terceira idade como temas.

Laurita não deseja publicar sua obra. Jaíra trabalha no projeto de seu primeiro livro. A primeira trova de Laurita foi para a praia de Imbetiba: “As ondas com seus encantos. Eu espero encontrar. Numa canção de acalanto para a princesinha sonhar”. Uma das quadrinhas preferidas de Jaíra trata de sua relação com a poesia: “Quando tenho vontade. Pego no lápis e escrevo. Dizer que sou poeta. Disso não me atrevo”.


No poema “Nossa Poesia”, que escreveu como resposta aos versos de sua irmã, Yolanda, Laurita deixa transparecer sua relação com a obra. Ela diz em um trecho:

“Minha poesia não cresce,
Ela é sempre uma menina,
Minha poesia não canta,
Se quer cantar desafina.
A tua, rima por rima,
Se agita, sempre cresce,
Numa doce melodia
O teu canto me enternece.
Ela é rica de emoção,
Tem pureza duma prece,
Saída do coração
Em beleza resplandece.”


A poesia “Saudade”, de Jaíra, revela o sentimento marcante de seu íntimo:


Saudade

“No meu sonho de criança bem pequenina
Eu era para saber a verdade
Na minha inocência não sabia por que sentia saudade
Num certo dia fui levada para outra cidade
Longe do meu pai e dos meus irmãos
Era alegre a minha mocidade
E eu sempre sentindo saudade
Que saudade!
O tempo foi passando
Agora compreendo a verdade
Eu não tenho a minha mãe
Por isso sinto tanta
Saudade
Muita Saudade!”