Foto: Kaná Manhães
Conceição Franco: "documento pertence à história de Macaé"
O valor histórico e memorial de uma cidade não se mede apenas na quantidade de seus prédios históricos e monumentos seculares, mas também em seu acervo documental. Este é o caso do documento paroquial da freguesia de Nossa Senhora das Neves e Santa Rita do Sertão do Rio Macaé, cuja extensão geográfica abrange toda a região serrana macaense dos anos de 1798 a 1808, respectivamente séculos XVIII e XIX.
Para a historiadora da subsecretaria de Acervo e Patrimônio Histórico da prefeitura de Macaé, Conceição Franco, que atua como coordenadora do Projeto Macaé em Fontes Primárias, o documento paroquial também é chamado de fonte eclesiástica.
- Essa fonte eclesiástica foi produzida pela Igreja Católica em Macaé, no período colonial brasileiro. É um livro misto de batismo, casamentos e óbitos. Nessa obra pode-se observar o diferencial social entre escravos livres ou não, além de oferecer condições favoráveis para delimitar a hierarquia social e sua forma de classificação, contribuindo para se saber a identificação dos diversos grupos, sua origem entre outros aspectos – explica a historiadora.
Devido ao fato de esse livro ter ficado num estado muito frágil e desgastado por causa do tempo, em 2007 a fonte eclesiástica do fim do século XVIII e início do século XIX em Macaé, foi encaminhada para a cidade de Campos dos Goytacazes, para devida restauração, no arquivo público daquela cidade.
Conceição afirma que esse documento é a única fonte informativa do século XVIII que a cidade de Macaé ainda conserva. “Por ser uma fonte serial, é possível traçar a história demográfica da região serrana”, conta ela, relatando ainda que a tradicional capela de Sant’Anna também era incluída e fixada na freguesia das Neves, cuja sede era no atual distrito de Córrego do Ouro.
A descoberta do documento
De acordo com Conceição Franco, esse documento foi encontrado há 14 anos num Sebo (loja de livros antigos), na cidade do Rio de Janeiro, onde estava à venda. A assistente social Mariléa Franco Marinho Inoe descobriu o imenso valor histórico da obra para Macaé e telefonou para Conceição Franco.
-Imediatamente acionei a prefeitura de Macaé sobre o livro da freguesia de Nossa Senhora das Neves. Na época o secretário de Cultura era o professor Ricardo Meirelles, que não mediu esforços para trazer a obra para nossos arquivos, por um valor de R$ 3,5 mil – lembra a historiadora.
Na ocasião, em 1996, a Petrobras desenvolveu projeto, intitulado “Gênese Macaense”, baseado nesses documentos históricos, com a finalidade de valorizar ainda mais temas concernentes ao conteúdo da obra.
Como a obra se encontra
Atualmente, a subsecretaria de Acervo e Patrimônio Histórico tem o livro digitalizado e disponível para pesquisas de historiadores de Macaé e de outras cidades.
- São fontes muito importantes para a história – ressalta Conceição, referindo-se ao fato de que todos os interessados em estudar e conferir tais dados e informações da Macaé daquela época podem realizar agendamento no Museu da Cidade de Macaé - Solar dos Mellos.
Concluindo, a historiadora enfatiza que também há documentos até mais antigos que esse em arquivos na cidade do Rio de Janeiro, que retratam Macaé.