O jeito de viver do índio goitacá está sendo lembrado através do livro da professora, escritora e jornalista Maria Izabel Monteiro. O livro traz o sugestivo nome “Tié-Guâcú, o curumim” e será lançado na Bienal de Macaé pela Editora WTC/Vozes. A Bienal começa na próxima terça-feira, dia três, e vai até o dia oito, no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho (Macaé Centro).
No livro, Izabel conta a história do indiozinho goitacá Tié-Guâçú, em 44 pequenos poemas que trazem os usos e costumes da grande nação guerreira que habitou esta região, numa história de lutas que enriqueceu a saga regional. Os poemas são ilustrados pelo artista macaense Carlos Magno, que com seu traço artístico consegue trazer toda a beleza do goitacá cantada pelos cronistas que visitaram esta região no início da colonização brasileira.
Sobre o livro, Izabel Monteiro diz que sempre viveu nesta região, vindo de Bom Jesus do Itabapoana e morando hoje em Macaé. A beleza da planície goitacá sempre despertou seu amor e sua curiosidade, levando-a a pesquisar, durante mais de quatro anos, sobre a vida dos primitivos habitantes que deixaram sua marca na história dos municípios que hoje se destacam no País e no Estado, como Macaé, Campos dos Goytacazes, Quissamã, Conceição de Macabu e Carapebus.
- A saga do goitacá sempre me interessou e o desejo de saber mais sobre esses índios me levou a buscar sua história. Além do interesse pelo goitacá, me impulsionou a beleza da planície, que fez parte dos meus sonhos de criança e jovem do norte-fluminense. Pensando nas crianças e jovens que aqui vivem, surgiu o personagem Tié-Gûaçú, uma criança goitacá – um curumim - que aqui viveu antes da descoberta. A história do indiozinho surgiu fácil, porque ela já vivia dentro de mim, fazendo parte da minha vida. O que demorou mais foi a pesquisa, quase duzentas páginas sobre o goitacá e índios brasileiros, em que dediquei grande parte dos meus horários livres durante mais de quatro anos – diz a autora.
Izabel Monteiro diz que se sente orgulhosa pelo apoio que recebeu da prefeitura de Campos dos Goytacazes, através do secretário de Comunicação Social, o jornalista Roberto Gomes Barbosa, que se interessou pelo texto e fez o contato da autora com o professor Wainer, da Editora WTC. Sobre esse contato, fala a autora:
- O professor Wainer, um expoente na cultura campista, levou meu projeto para ser avaliado por professores de Campos, que aprovaram a texto e a história. Depois dessa aprovação, a prefeitura me deu o apoio e o livro estará na Bienal de Macaé, para meu orgulho e satisfação.
O secretário Roberto Barbosa diz que conheceu um pouco da história do livro quando fez parte da equipe da Secretaria de Comunicação Social de Macaé, onde a autora trabalha. Levou Izabel a Campos para apresentá-lo à Editora, que aprovou o texto.
- Depois disso, a prefeitura deu o seu apoio pelo foco regional e municipal da obra de Izabel Monteiro, principalmente porque, além de ser uma história dedicada às crianças e jovens campistas e da região, poderá enriquecer o conhecimento educacional dos nossos estudantes. O livro é uma grande homenagem ao município e ao seu crescimento através dos tempos – disse Roberto Barbosa.
O livro “Tié-Gûaçú, o curumim” tem o prefácio feito pela professora e mestre Edinalva Maria Almeida da Silva, conhecida e respeitada no meio educacional de Campos e que, segundo suas palavras, se encantou com o texto e com a seriedade com que a história de Campos dos Goytacazes e da região é mostrada.
- Além dos poemas com que Izabel descreve os usos e costumes do goitacá, um verdadeiro madrigal, das ilustrações ricamente desenhadas pelo artista Carlos Magno, há uma interessante pesquisa sobre os hábitos de nossos ancestrais, com respeito pela história e geografia de nosso município e dos municípios da região e com o trabalho realizado anteriormente pelos nossos historiadores – ressaltou a professora Edinalva.
A autora
Izabel Monteiro é natural de Itaperuna, RJ e viveu em Bom Jesus do Itabapoana desde os quatro anos. Reside em Macaé, onde criou suas duas filhas, Lenise e Bárbara. Izabel tem quatro netos – Leonardo, Rafael, Luíza e Gabriel.
Filha do jornalista e poeta Athos Fernandes, já falecido, mas que deixou um grande legado poético, sendo considerado um dos grandes poetas parnasianos brasileiros, Izabel teve contato com a literatura e poesia desde criança, já que em sua casa os livros sempre foram muitos e seu pai sempre a incentivou a ler e conhecer os poetas e escritores brasileiros.
Izabel tem cinco irmãos, Marilene, Neumar, Adriano César, Elisângela e Bruno Rogério. Também seguindo os passos do pai, sua irmã Neumar Monteiro é poeta, com vários livros publicados e se destacando pela pureza de suas poesias.
Entre 1970 e 1975, Izabel viveu em Macaé, mudando-se em 1976 para Angra dos Reis. Voltou para Macaé, desta vez definitivamente, em 1983. Macaé é, para a autora, a “terra do coração”. Cidadã Macaense, Maria Izabel já lançou dois livros de poesias: “Palavras” e “Portas”, mas considera que fazer poemas não é o seu forte, pois sempre teve queda pela prosa. Gosta de pesquisar, buscando nas entrelinhas da História as verdades para seus personagens e suas histórias.
- Outras obras da autora já publicadas:
“Estela, a estrela” – livro infantil;
“Nada mais como antes – peripécias de Noite-e-meia, o fantasminha” – infanto-juvenil;
“As aventuras de Brasilinha, a bruxinha de uma terra tropical” – infantil;
Obra no prelo:
Na gangorra das ondas – infantil, narrado na primeira pessoa e onde conta a história de uma gotinha d’água.
Obras já iniciadas e em fase de conclusão:
- “Nas garras da noite – no submundo da prostituição” e “Historiando os bairros e distritos de Macaé”.