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Macaé cantada em cordel

05/08/2010 17:09:18 - Jornalista: Clinton Davisson

Contar a história da cidade por meio da literatura de cordel, essa foi a proposta do grupo Historiarte que usou o livro do escritor, Aldo Cesar Frota Vasconcelos, “Macaé em Cordel” para criar um CD independente que está fazendo sucesso nas rádios de Macaé. O grande sucesso é a música “Macaé Macaba Doce” que foi inspirada diretamente em uma poesia de cordel do livro de Aldo Cesar Frota Vasconcelos. Logo os radialistas se interessaram em tocá-las e já é possível escutar pessoas cantarolando na rua a mistura de melodias nordestinas e ritmos contemporâneos.

A empreitada foi mais uma realização do grupo Historiarte que também coordena a Casa de Contadores de História da Secretaria Municipal de Educação. De acordo com a professora, Maria Georgina de Sousa, que atua como coordenadora do programa de leitura da Secretaria Municipal de Educação de Macaé, a Literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome originado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes.

- As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores -, explica a professora que faz parte do grupo de Contadores de História que abraçou a empreitada de transformar a literatura em música.

O dinheiro veio de uma “vaquinha” feita pelo próprio grupo. Com uma ideia na cabeça e muita disposição no coração, os componentes do grupo, que existe há 15 anos, levantaram dinheiro para fazer a gravação em um estúdio. Depois de duas horas de gravação chegaram a um CD de apenas seis minutos de música, o suficiente para tocar em diversas rádios locais e ainda virar objeto de desejo de muita gente. Segundo Maria Georgina de Sousa, várias pessoas tanto da área educacional, quando da área cultural de Macaé, estão se interessando por uma cópia do CD que sai de graça.

- Achamos importante incentivar a divulgação porque se trata de uma obra sobre a cidade. Como se trata de um CD independente pode copiar a vontade porque não é pirataria -, brinca.

Junto com Maria Georgina, a coordenadora da sala de leitura, Ana Paula Mattos, é uma das vozes que cantam as melodias do CD. Poética, ela diz que a intenção é passar a história da cidade de forma que encante as pessoas. “Herdamos dos Contadores de História essa vontade de conquistar as pessoas por dentro, contar histórias é presentear a alma”, conta.

Com a participação do músico Carlos Alberto de Aguiar, as meninas chegaram a se apresentar no Simpósio Internacional dos Contadores de Histórias que foi realizado entre os dias 29 de julho e 1° de agosto na cidade do Rio de Janeiro. Lá, entre artistas vindos da Espanha, Estados Unidos, Itália e México, as macaenses foram destaque e levaram a história de sua cidade para encantar outras culturas. “Foi uma grande aventura! Tivemos problemas na hora de nos apresentar, porque o Carlos Alberto não pode estar presente na hora, então nos viramos. Tivemos que passar as músicas e a letra para um artista que ia se apresentar depois de nós, ele entendeu, foi muito solidário e tocou com a gente, foi um sucesso e agradou muito a platéia, valeu a pena o sufoco”, lembra Ana Paula.

Apesar da ênfase na literatura de cordel, Maria Georgina afirma também a mistura de ritmos é um ponto forte do CD. “Começamos com o cordel clássico, mas nos permitimos aventurar no Hip Hop também. Acho que vale tudo para poder passar a mensagem e a história da nossa querida e doce Macaé”, enfatiza.

Casa de Contadores de Histórias

A Casa de Contadores de Histórias foi fundada no dia 30 de junho de 2008 e tem como objetivo incentivar e sensibilizar os alunos da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental para o uso da leitura como instrumento de crescimento individual, social, cognitivo e profissional.

Na Casa, todos participam de várias atividades, como oficinas de artes manuais, vivências e experimentações através do imaginário e do “faz-de-conta”, leitura diversificada na pequena biblioteca. Vale ressaltar que a prioridade são as narrativas populares, contos, lendas e "causos", que acontecem no espaço de contação.

Os alunos são conduzidos até a Casa através de ônibus cedidos pela SEMED. É feito um agendamento prévio pela coordenação da Casa.

A Casa fica situada à Rua do Sacramento, 207 - Imbetiba e está aberta para toda comunidade macaense de segunda a sexta-feira. Em todos os dias letivos, a Casa recebe alunos da rede municipal onde, além de ouvir histórias, participam de outras atividades ligadas à leitura.

A recepção, o monitoramento e o atendimento são realizados pelo grupo de professores e contadores de histórias, o Historiarte.