Foto: Sílvio Campos
Homenageados foram Dorniê Mathias, Hélio Batista, Adilson Firmeza, Sílvio Campos, Mestre Dengo, Marilene Ibraim, Zoraia e Panelada de Crioula
Macaé celebra nesta quarta-feira (20) o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra com uma programação que é realizada durante todo o mês, o Novembro Negro. O objetivo é fomentar a discussão dos desafios e as conquistas da população negra no Brasil e promover uma reflexão sobre a história e a cultura afro-brasileira. O espaço cultural Sambarzinho promoveu nesta quarta-feira, às 14 horas, homenagens a lideranças negras da cidade e região.
Os homenageados foram o secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Dorniê Matias, Hélio Batista, Adilson Firmeza, Sílvio Campos, Mestre Dengo, Marilene Ibraim, Zoraia e Panelada de Crioula. “O Dia da Consciência Negra nos lembra que a luta por igualdade racial continua. É fundamental que todos nós unamos forças para combater o racismo e promover políticas que garantam direitos e oportunidades para todos”, afirmou o secretário de Igualdade Racial, Dorniê Matias, lembrando que o Disque Racismo em Macaé atende pelo número (22) 99244 7709.
Dorniê está em Macaé há 18 anos, é mineiro da cidade de Bicas, advogado, ativista antirracista, autor da Lei Municipal Antirracista, do Estatuto Municipal da Igualdade Racial e da Lei Municipal do Letramento Racial para Servidores.
Outro homenageado, Hélio Batista, exaltou que o dia de hoje é quando se pode esclarecer, através de vários eventos, a origem, a inteligência, a contribuição na formação da nação e a luta eterna pelos direitos iguais. "Dia 20 é uma oportunidade das pessoas pretas conhecerem sua própria história. Saber a diferença de ser escravo de forma passiva, para ser escravizado de forma brutal e cruel. Visto que as escolas nos mostram acorrentados, passando a impressão que nascemos assim”, comentou. "É uma honra receber esta homenagem. Já recebi outras homenagens em palácios, grandes centros e terminais, mas esta homenagem me aproxima de vez da ancestralidade. E o local do evento é o meu berço", acrescentou.
Sílvio Campos, também homenageado, é nascido no Rio de Janeiro, mas vive em Macaé há 22 anos. Radialista, jornalista, dublador, atua no Cerimonial da Prefeitura de Macaé, setor responsável pela organização dos eventos institucionais da prefeitura e tem longa carreira em veículos de comunicação; hoje apresenta podcasts. "Acredito firmemente que o racismo é um problema de todos, negros e brancos. Se de um lado devemos usar nossa voz para denunciar e repudiar a discriminação, também precisamos desse mesmo esforço por parte das pessoas de bom senso que não sentem na pele esse fenômeno histórico. Trata-se de uma luta de todo ser humano de bom senso", classificou.
“Os homenageados são pessoas pretas, que estão na luta por igualdade, representando e buscando seu espaço dentro de uma sociedade que até pouco tempo atrás não dava peso às questões raciais. Esse evento foi criado com o sentimento de vitória na luta, por sermos uma cidade antirracista", pontuaram Nany Soares e Netinho Carvalho, proprietários do Sambarzinho.
Disque Racismo de Macaé será ampliado
Dorniê expressou a importância da Prefeitura dar visibilidade a temas relacionados à igualdade racial com as ações de uma cidade antirracista. "Queremos que as pessoas se sintam parte dessa discussão e que usem suas vozes para apoiar a causa", destacou o secretário, lembrando que o Disque Racismo de Macaé será ampliado através de parcerias no próximo dia 25, às 14h, no Centro Cultural Rinha das Artes, situado à Rua Dr. Júlio Olivier, 633 - Centro, Macaé.
Yaisa Santos, Coordenadora de Ações Afirmativas, ressaltou a importância de reconhecer as raízes do racismo estrutural e trabalhar ativamente para desmantelá-lo em todas as suas formas. “Isso envolve educação, conscientização e ações concretas que busquem promover a inclusão e valorizar a cultura afro-brasileira”, atestou.
A coordenadora enfatiza que a celebração do Dia da Consciência Negra serve como um poderoso chamado à ação. "Celebrar o Dia da Consciência Negra é um convite para todos nós refletirmos sobre nosso papel na luta contra o racismo e na promoção da igualdade. Que possamos nos inspirar na coragem de Zumbi e continuar essa luta, garantindo que todos tenham voz e vez em nossa sociedade", pontuou.
A programação do mês em Macaé aborda temas como a luta contra o racismo e a promoção da igualdade de oportunidades. A data é uma homenagem à resistência e à contribuição dos africanos e seus descendentes na formação da sociedade brasileira e neste ano, pela primeira vez, é feriado nacional segundo a Lei 14.749/23.
Palestra aborda a força da identidade nesta quinta-feira
De acordo com a lei, “Fica declarado feriado nacional o dia 20 de novembro, para a celebração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”. Nesta quinta-feira (21) continua a programação da data com a realização da palestra "Força da Identidade: Letramento Racial como saúde mental" na Secretaria de Políticas para as Mulheres, às 18 horas.
Já na sexta-feira (22), participantes do curso de Letramento Racial visitam a Pequena África, no Rio de Janeiro. A programação será em parceria com o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) e vai marcar a conclusão da primeira turma de capacitação com possibilidades, reflexões e conhecimento a locais históricos e de grande importância para a ancestralidade e cultura afro.
O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) foi criado com a missão de pesquisar, estudar, investigar e preservar o patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, cuja conservação e proteção seja de interesse público, com ênfase ao sítio histórico e arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, sobretudo com a finalidade de valorizar a memória e identidade cultural brasileira em Diáspora.
Simpósio vai abordar história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas
Com o objetivo de ampliar as discussões sobre a diversidade racial, promovendo a troca de boas práticas e reflexões sobre ações afirmativas que possibilitem atitudes de respeito e de promoção de equidade educacional, na terça-feira (26), será promovido o III Simpósio de História e Cultura Afro-brasileira e Indígena nas Escolas. A carga horária é de 8 horas, das 8 às 17 horas, no Auditório Cláudio Ulpiano, bloco A da Cidade Universitária.
Também na próxima quinta-feira (28), o "Afroempreendedor" continua a abordar o tema antirracista. "É através da valorização das nossas raízes que conseguimos entender quem somos e qual o nosso papel na sociedade. Celebrar a cultura negra é um passo importante em direção à igualdade", declarou o secretário de Igualdade Racial. O "Afroempreendedor” será realizado no Hotel Royal, às 14 horas.