Foto: Kaná Manhães
O Movimento reivindica formas de tratamento substitutivas ao encarceramento manicomial das pessoas diagnosticadas como doentes mentais
Nesta terça-feira (18) foi um dia muito especial para parentes, amigos e profissionais que estão juntos a pessoas que tem algum distúrbio mental grave. Hoje é o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. A data foi comemorada em Macaé com café da manhã, caminhada, roda de ciranda, bate papo sobre cidadania e, finalizando, um grande caldo verde comunitário no Caps Betinho.
Este ano, na cidade, a programação teve como ponto alto, um abaixo assinado para a realização de uma audiência pública, na Câmara de Vereadores, para debater a reforma psiquiátrica e a legislação de saúde mental em Macaé. Mas, para a caminhada, vários instrumentos musicais, faixas, balões brancos e parangolés de chita enfeitaram os participantes.
Como informa a coordenadora do Programa no município, Maria Luiza Quaresma, agora é o momento propício para a audiência: “De três a cinco de junho vai acontecer um encontro de saúde mental na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), além das Conferências de Saúde Mental que já ocorreram em todo o país; então, as discussões estão em momento de se darem, pois os temas estão na pauta do dia.”
- O objetivo é consolidar a mudança no modelo assistencial em saúde mental. Esta emblemática data foi instituída há 23 anos pelo Movimento de Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Bauru, São Paulo. A data presta uma homenagem ao Movimento de Luta Antimanicomial, que instaurou no país uma nova trajetória da proposta de Reforma Psiquiátrica Brasileira, que propôs não só mudanças no cenário da atenção à saúde mental, como questionou as relações de estigma e exclusão estabelecidas.
O Movimento reivindica formas de tratamento substitutivas ao encarceramento manicomial das pessoas diagnosticadas como doentes mentais e é referendado pela política de saúde mental das três esferas de governo, que vêm avançando na regulamentação desses serviços substitutivos.
Participaram do evento toda a rede de saúde mental do município, a Associação de Parentes, Amigos e Usuários da Saúde Mental de Macaé (Aspas) e o grupo de discussão Heterogenese.
Vanir Godin, que participou da Caminhada, mãe de um usuário do Caps Betinho, diz que a filha está muito feliz no tratamento: “É uma luta grande, mas ela se sente muito bem no tratamento. Tem dia que ela tá mais nervosa, mas é dela mesmo. Tem que ter paciência e entender”, mas lamenta: “Eu já fui muito impaciente, não entendia muita coisa”.
Já a mãe Elbe da Costa, fica muito alegre em ver o desempenho do seu filho atuando junto à saúde mental do município e participando da coordenação da Aspas: “Procuramos ajuda para tratar do meu filho e o Caps foi um maravilhoso achado”, anima-se, finalizando: “Qualquer um de nós pode ser acometido por um mal, temos que entender o outro, além de ajudá-lo.”
A Saúde Mental em Macaé em coro reitera: “Lutamos por uma saúde mental humanizada, com qualidade e sem manicômios”.