Macaé dá início à 3ª Conferência Municipal de Meio Ambiente

09/08/2013 14:53:00 - Jornalista: Celine Moraes

Foto: Maurício Porão

'Tão importante quanto investimento e saneamento, que são fundamentais, é enfrentar o maior desafio de todos: a questão educacional'

A necessidade de se discutir a destinação adequada dos resíduos sólidos na região deu o tom dos discursos de diversas autoridades durante a abertura da 3ª Conferência Municipal de Meio Ambiente de Macaé, realizada na noite desta quinta-feira (9) no auditório do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Nupem/UFRJ.

Além do prefeito Dr. Aluízio, do secretário de Ambiente, Guilherme Sardemberg, e do subsecretário de Limpeza Pública, Jonas Siqueira, estiveram presentes representantes do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Instituto Federal Fluminense (IFF), Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Commads), Empresa Pública Municipal de Saneamento (Esane) e da Câmara.

De acordo com Sávio Augusto Magaldi, da Comissão Organizadora da conferência de Macaé, a realização do evento é o resultado do trabalho de muitos envolvidos, de diferentes órgãos e setores do município, mas que possuem o mesmo objetivo. “É o resultado de muitas mãos e muitos dias, para oferecer uma grande oportunidade de discutir temas sérios, de maneira séria, com pessoas sérias, a tudo o que é relacionado ao meio ambiente que nos cerca”, destacou.

Já para Márcio Nascimento, do Commads, o clima é de expectativa em torno do evento e do momento atual pela qual a cidade passa. “Temos muitas expectativas com o tempo que estamos vivendo em Macaé e do trabalho dos envolvidos, pois acredito na mudança de como o meio ambiente é visto e tratado na nossa região. Esta conferência é uma prova disto, pois nunca vi tantas pessoas reunidas para discutir o tema e preocupadas em garantir um futuro melhor para nossa cidade e para as próximas gerações”, comentou.

Considerado um dos maiores conhecedores das questões ambientais da região, o professor Francisco Esteves, do Nupem/UFRJ, representou a instituição afirmando que a conferência é o reconhecimento dado pela sociedade ao trabalho de anos dos envolvidos em estudos e pesquisas locais com relação ao meio ambiente.

“A questão ambiental é estratégica em Macaé, pois temos que saber lidar com um meio ambiente que convive com a exploração do petróleo, com o crescimento da população e com o desenvolvimento da cidade. É preciso repassar cada vez mais conhecimentos sobre esta área para os jovens de hoje, para que amanhã a conscientização e preservação sejam maiores. A caminhada é longa, mas estamos aqui para ajudar”, declarou o professor.

O presidente da Esane, Marcos Roberto Muffareg, complementou dizendo que apenas um plano de saneamento básico para o município não é o suficiente. “É necessário trabalhar a questão do saneamento com um viés de saúde pública e proteção ao meio ambiente, pois os dois caminham juntos, um é consequência do outro. É com essa bandeira que temos que trabalhar: investir em saneamento é investir em meio ambiente, em saúde pública e, consequentemente, no desenvolvimento da cidade”, afirmou.

O secretário de Ambiente, Guilherme Sardemberg, ressaltou a importância de se realizar o evento no Nupem/UFRJ. “Trazer esta conferência para a ‘Casa do Saber’ demonstra o nosso compromisso e a nossa vontade em nos aproximar cada vez mais da universidade e do conhecimento que aqui é gerado. Não queremos fazer uma política de governo, queremos uma política para o meio ambiente da nossa região e temos consciência de que só é possível com uma forte ligação do governo com a academia”, considerou.

Concordando com o secretário, o Prefeito Dr. Aluízio afirmou que o meio ambiente é responsabilidade de todos, tanto nas conquistas, como nos desafios a serem enfrentados: “Viver hoje a questão do meio ambiente sem viver uma questão sistêmica, é letra morta. A sociedade que convive hoje, prioritariamente, com sistemas urbanos, tem um grande desafio: primeiro fazer uma ‘mea culpa’ de tudo o que vem acontecendo, do saneamento que não é tratado, do resíduo que não é coletado, da agressão que se faz cotidianamente e diariamente aos mananciais e a todos os seres humanos que convivem conosco”, disse.

“O grande desafio, mais do que investimento, é o reconhecimento do quanto temos depreciado o universo. É preciso que o ser humano reconheça seu papel e não atribua ao outro os percalços da degradação. Estamos todos mobilizados, mas ainda esquecemos de fazer uma reflexão íntima, pessoal: somos culpados e participamos diariamente de tudo o que vem acontecendo. Que a gente possa refletir e cuidar do mundo como a gente cuida da gente e, assim, então teremos um conceito de sustentabilidade sistêmico, holístico, que vai desde a preservação da pesca até o cuidado com os avanços do mar. É preciso entender o que está se passando, é preciso respeitar a ocupação do solo. Até quando a gente vai ficar impermeabilizando Macaé? É preciso ter um pouco mais de cuidado e sabedoria para entender o que está acontecendo em nosso município e no mundo”, ressaltou o Prefeito.

Segundo Dr. Aluízio, tão importante quanto investimento e saneamento, que são fundamentais, é enfrentar o maior desafio de todos: a questão educacional. “Não dá para passar por tudo isso sem que nos modificar, sem que haja em nós uma transformação concreta e, acima de tudo, de forma compromissada. O Governo de Macaé tem como grande proposta, e também como um grandioso desafio, conviver em um centro urbano que produz petróleo, que precisa conviver com o desenvolvimento - que para muitos é sinônimo de recursos financeiros -, e com a produção, - que para muitos é sinônimo de devastação – além de todas as mazelas que o homem produz”, avaliou.