O Dia Nacional de Luta Antimanicomial, ganha corpo em diversos municípios do país. Em Macaé, há mais de 10 anos, a prefeitura através da secretaria de Saúde, desenvolve uma política de Saúde Mental diferenciada com ações que visam o fim das internações em Hospitais Psiquiátricos.
O secretário de Saúde, Fernando Diogo, ressaltou que este dia é dedicado a conscientização da sociedade sobre a importância de se discutir e mostrar a situação da saúde mental no município. “Além disso, estamos na luta pela política da desospitalização, para que os pacientes com problemas mentais venham a ser tratados em casa junto ao carinho dos familiares”.
Usuários e funcionários dos serviços de Saúde de Mental de Macaé celebraram a data com uma caminhada no calçadão da avenida Rui Barbosa, com saída da Praça Washington Luiz até a Veríssimo de Mello, onde montaram exposição dos trabalhos realizados nas oficinas terapêuticas e participaram de diversas atividades.
O gerente do Programa de Saúde Mental, o psiquiatra Julio César Silveira e a coordenadora administrativa do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Maria Luisa Vaccari, acrescentaram que o Programa Municipal de Saúde Mental é composto de alguns dispositivos como, Núcleo de Saúde Mental, CAPS, Oficinas Terapêuticas Infantis, Saúde Mental na Atenção Básica, Emergência Psiquiátrica (Pronto Socorro do Aeroporto).
O presidente da Associação de Amigos e Parentes dos Usuários da Saúde Mental e usuário do Núcleo de Saúde Mental, há 10 anos, e voluntário no CAPS, Francisco Luiz Ribeiro, contou que desde o início do seu tratamento no núcleo, não precisou ser internado nos Hospitais Psiquiátricos. “Através destes novos mecanismos para cuidar dos pacientes com transtornos mentais, sentimos uma melhora no relacionamento com a sociedade e a família, mas ainda sinto dificuldades de inserção no mercado de trabalho”, revelou.
Maria Luisa acrescentou que quando internado, o paciente, muitas vezes, entra em contato com outros e acaba regredindo no tratamento. “A internação, além do alto custo que representa, exclui e isola o paciente do mundo externo. O trabalho realizado pela Rede tem possibilitado a reintegração de ex-pacientes à sociedade. Temos ex-usuários do CAPS que voltaram a trabalhar”, lembrou.
História - A Luta Antimanicomial teve início na década de 80, quando se comprovou que existem formas eficazes de tratamento mental sem precisar isolar as pessoas. O precário atendimento e as condições desumanas de muitos pacientes em hospitais psiquiátricos revelada através da imprensa comprovaram o imenso custo inútil para o Sistema Único de Saúde (SUS), a prática de internações.
Um movimento na área da saúde com denúncias e reivindicações transformou-se na Reforma Psiquiátrica com propostas de mudanças no SUS. A Reforma Psiquiátrica resultou na criação da Rede de Atenção Psicossocial com serviços e ações cuja proposta é oferecer um tratamento na área de Saúde Mental e promover melhores condições de atendimento nos Ambulatórios e Emergências já existentes. Outra proposta da Rede é criar novos serviços, junto com a participação da população.