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Macaé encerra o 1º Encontro em fontes primárias: escravidão, cultura e sociedade

01/11/2007 17:51:44 - Jornalista: Marilene Carvalho

Foi encerrado nesta quinta-feira (1º), no Paço Municipal da prefeitura de Macaé, o I Encontro Macaé em fontes primárias: escravidão, cultura e sociedade, realizado pela Secretaria municipal executiva de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph) em parceria com a Universidade Salgado de Oliveira – Universo, através de seu Programa de Mestrado em História (PPGH).

O evento foi aberto na noite de terça-feira (30) e apresentou à comunidade o resultado do projeto que consistiu na identificação, higienização e na organização de um rico e variado corpo de fontes primárias relativas ao município de Macaé.

A solenidade de abertura trouxe a Macaé a professora da Universidade Salgado de Oliveira, Mary del Priore, historiadora com maior número de livros publicados no Brasil. O encerramento do encontro teve a participação do diretor do Arquivo Público do Rio de Janeiro, Paulo Knauss, responsável pela coordenação da pesquisa realizada em 2001 pela Fundação Macaé de Cultura (FMC), por meio do Centro de Memória Antônio Alvarez Parada, que gerou a produção do Roteiro Documental para a História de Macaé e do livro Macaé História e Memória, dando início ao processo de resgate histórico do município.

Com uma trajetória dedicada à história fluminense, o professor da Universidade Federal Fluminense, Paulo Knauss, fez um depoimento reflexivo, rememorando os caminhos percorridos pelo Projeto Identidade Cultural, integrado a essa nova experiência da qual também foi convidado a participar com os pesquisadores locais. “Este projeto marcou minha carreira porque se instalou na minha própria história”, confessou, ressaltando que o trabalho de levantamento de fontes realizado em Macaé foi pensado em dupla dimensão, explorando os campos da investigação e da interrogação.

A platéia que compareceu ao encontrou foi composta, em sua maioria, por professores e alunos. Nesses três dias, eles tiveram a oportunidade de conhecer com detalhes dados revelados no projeto que representa uma das atividades do Grupo de Pesquisa “Sociedades escravistas no Centro Sul Brasileiro”. De acordo com o secretário de Acervo e Patrimônio Histórico, Ricardo Meirelles, a continuidade do debate está garantida para o ano que vem, quando será agendada a data para um segundo encontro, em vista de novas possibilidades de resgate da memória macaense.

A apresentação do projeto foi constituída em onze temas: A morte conta a vida: os cemitérios como lugares da memória macaense; Os escravos da Fazenda de Macaé e suas relações parentais em 1775; A escravidão em Macaé e suas brechas: análise de um processo-crime de 1886; Tráfico e contrabando de escravos no município de Macaé (1830 a 1860); Macaé nos séculos XVII e XVIII: ocupação e povoamento; Macaé em fontes paroquiais; Notas sobre a presença e a atuação da Igreja Católica na Antiga Macaé; Devoção e hierarquias sociais: irmandades e elite macaense no oitocentos; A escravidão e os quilombos em Macaé no século XIX; Liberdade outorgada: limites do abolicionismo; Alforrias e Perfilhação na Macaé escravista: novas possibilidades de pesquisa em fontes cartorárias e paroquiais (séculos XVIII e XIX).

O projeto teve o apoio das secretarias municipais executivas de Educação (Semed) e de Comunicação Social (Secom), e da Uned Macaé. A comissão organizadora do encontro foi composta por Cláudia Rodrigues (PPGH – Universo), Márcia Amantino (PPGH – Universo) e Maria da Conceição Vilela Franco (Semaph). A pesquisadora da Semaph, Gisele Muniz dos Santos, comandou a mediação do evento.