Implantar microrrefinarias de álcool em Macaé com cultivo de oleaginosas e processamento de biodiesel, com envolvimento do produtor rural local. Essa foi uma das propostas apresentadas pelo presidente do Instituto Macaé de Metrologia e Tecnologia (IMMT), Guilherme Jordan, durante o V Fórum Municipal de Ciência e Tecnologia, promovido no auditório do Serviço Social da Indústria (Sesi), na noite de quarta-feira (4). O evento teve foco nas alternativas de desenvolvimento econômico sustentáveis baseadas na ciência e tecnologia aplicada.
- Apresentamos uma solução já implantada em Minas Gerais, que são microrrefinarias de álcool adequadas à realidade de Macaé e região. Nas décadas de 70 e 80, a região Norte Fluminense foi a maior produtora de álcool do mundo e depois da estagnação do programa Pró-Álcool e com as dificuldades na implantação da industria do petróleo, a exploração da cana deixou de ser algo relevante na região Norte Fluminense. Mas agora estamos buscando alternativas de desenvolvimento social e econômico através do emprego de ciência e tecnologia no cultivo de energia alternativa – comentou Jordan.
Segundo o presidente do IMMT, o projeto das microrrefinarias pode ser desenvolvido em parceria com o governo do estado, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e investidores que querem trabalhar com soluções de nível energético. “O tema energia alternativa tem sido abordado não só em Macaé, mas no Brasil e exterior. O município está na vanguarda do desenvolvimento tecnológico e neste fórum, os palestrantes falam sobre o que há de mais moderno em termos de cultivo de oleaginosa e processamento de biodiesel”, ressaltou Jordan.
Durante o evento, o geólogo Marcello Guimarães também comentou sobre as pequenas usinas de álcool com o tema “Micro usinas de álcool: fomentando o auto-desenvolvimento”. O primeiro tema abordado por Marcello foi uma análise histórica do porquê do atraso do Brasil em relação aos países industrializados. “Países acima do Trópico de Câncer se industrializaram e os países que estão na área tropical estão atrás”, avaliou.
De acordo com o geólogo, outro tema a ser discutido é a análise entre as opções de plantation – grandes empreendimentos agrários – e agricultura familiar. “Considero que o Brasil deve fazer uma opção: se embarcarmos na questão do plantation, as terras serão alienadas e teremos mais megalópoles e miséria no campo”, disse. Guimarães mostrou em sua apresentação que é possível produzir álcool em dois, três hectares de terra de forma competitiva. “E de forma mais barata do que o álcool das grandes usinas e ainda tendo como co-produto, carne ou leite e adubo orgânico”, disse.
Abertura conta com gerente geral da UN-BC
A mesa de abertura do fórum foi formada pelo secretário Especial de Desenvolvimento Local, Jorge Aziz, o gerente geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos da Petrobras, Carlos Eugênio Melro da Ressureição, o vereador Maxwell Vaz representando o Legislativo, além do presidente do IMMT, Guilherme Jordan e o geólogo Marcello Guimarães.
O gerente geral da Bacia de Campos ressaltou que a Petrobras, por ser uma empresa de petróleo, trabalha com desenvolvimento tecnológico e capacitação de pessoal, o que leva a estatal a produzir 1,8 milhão de barris de petróleo por dia na Bacia de Campos. “Por meio da tecnologia, a Petrobras passou a encontrar petróleo em terra, depois em águas rasas e em seguida, em águas profundas”, comentou.
Carlos Eugênio afirmou que a Bacia de Campos ainda produzirá muito petróleo, e pontuou a importância de se discutir novas fontes de energia. “Meus bisnetos verão petróleo na Bacia de Campos, mas é preciso desenvolver outras fontes de energia. O petróleo pode conviver com energia renovável”, destacou.
O vereador Maxwell Vaz disse que a Câmara discute de forma intensa, novas possibilidades de desenvolvimento para o município, com a participação da ciência e tecnologia e frisou a importância do crescimento dessa discussão.
Lagomar desenvolve projeto pioneiro de pinhão manso
O cultivo do pinhão manso – arbusto ou árvore cujo fruto é uma cápsula com três sementes lisas, onde se encontra amêndoa branca rica em óleo – foi um dos assuntos apresentados no fórum. O especialista Reginaldo Ramos discutiu o tema “Projeto piloto de produção de biodiesel em Macaé”, desenvolvido no Lagomar pela empresa Sete AgroIndustrial.
- Há dois anos estamos desenvolvendo um projeto de biodiesel para o Norte e o Noroeste, que têm perfil adequado de solo e características da cultura local voltada para área de combustíveis. A empresa Sete Agro Industrial trabalha tanto a questão agrícola. quanto a produção do biodiesel, além do tratamento e refino de subprodutos como o glicerol – explicou.
Segundo Ramos, no Lagomar, a Sete Agro Industrial faz testes na área agrícola com plantio de pinhão manso, oleaginosa com características próprias para produção de biodiesel. “Esse cultivo pode ser uma renda a mais para o pequeno produtor”, comentou.
O consultor nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ricardo Marchini, ministrou palestra sobre desenvolvimento tecnológico e abordou metodologias que identificam as oportunidades. “O objetivo é identificar as ofertas e demandas tecnológicas, com foco nas pequenas empresas e na ciência e tecnologia. Identificamos a partir da demanda tecnológica se existe oferta e, existindo oferta, montamos projetos de desenvolvimento tecnológico que dão origem ou a novos produtos, ou a novas empresas ou serviços que vão gerar inovação”, observou.