Formar professores da rede de ensino fundamental das escolas públicas de Macaé em multiplicadores da Saúde Auditiva. Esta é uma das finalidades do curso de Formação de Professores Tutores em Saúde Auditiva de Macaé, que foi iniciado nesta quarta-feira (17), no auditório Cláudio Ulpiano, na Cidade Universitária. Cerca de 60 profissionais estão participando do encontro, que foi subdividido em duas etapas, se estendendo também para os dias 24 e 25, na sala de reuniões da Fundação Educacional de Macaé (Funemac).
A programação, que é fruto da parceria entre o campus da UFRJ-Macaé Professor Aloísio Teixeira, Associação Macaense do Deficiente Auditivo (Amada) e Prefeitura de Macaé, por meio da Secretaria de Educação e da Funemac, também tem como objetivo sensibilizar os professores sobre a importância da inclusão do surdo e do deficiente auditivo nas escolas, além de incentivar a multiplicação do conhecimento sobre saúde auditiva aos professores da rede de ensino de Macaé.
De acordo com a coordenadora da programação e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jane Capelli, o encontro é a realização de um sonho antigo de não apenas formar tutores, mas identificar as necessidades da saúde das crianças seguindo a Política Nacional de Saúde Auditiva.
- O curso busca promover a inclusão de crianças e adolescentes surdos e deficientes auditivos no espaço escolar e, consequentemente, na sociedade. O mais importante do nosso trabalho é detectar os problemas que acontecem com as crianças surdas em função da exclusão. Estamos felizes com o resultado do projeto “Saúde Amada” e com a elaboração das cartilhas, que será ampliada no mês de maio para seis mil exemplares e foi pautada em vivências e imagens de pessoas que fazem parte do nosso dia-a-dia, como os monitores e meu filho de sete anos, que tem surdez, disse.
O encontro contou com a participação de representantes da Associação Macaense do Deficiente Auditivo (Amada), que atende cerca de 70 crianças, além de profissionais da Secretaria de Educação, que foi representada pela subsecretária de Ensino Fundamental, Gelda Tavares.
Hoje, a rede municipal conta com 33 deficientes auditivos e 52 surdos, que recebem atendimento especializado de profissionais de Libras, em especial na fase da alfabetização, e intérpretes de Libras, que periodicamente fazem parte de cursos de qualificação na sede da Secretaria de Educação.
- Temos profissionais especializados nas salas regulares e multifuncionais. A prioridade da Educação é que estes educadores ajudem aos deficientes auditivos na construção da cidadania e autonomia. Também não podemos esquecer do belo trabalho da Escola Municipal Lions, que é considerada unidade-pólo de referência para o atendimento aos alunos com deficiência auditiva e será visitada no decorrer do encontro pelos futuros tutores, destacou a coordenadora da Educação Especial da Secretaria de Educação, Aldiejna Canabarra Bento.
A programação conta ainda com a participação de representantes do campus UFRJ-Macaé e da intérprete de Libras Luciana Limão. Durante o encontro começaram a ser distribuídos três mil exemplares de cartilhas com o tema “Audição e Prótese Auditiva para Escolares”, que tem como referência as crianças na faixa dos sete aos nove anos. O material foi subdividido em duas edições: uma cartilha lúdica para trabalhar com os estudantes e outra para servir como instrumento de apoio ao professor da rede municipal.
- A intenção é apresentar ao profissional, aspectos relacionados à saúde auditiva, surdez, deficiência auditiva, permitindo também conhecer e esclarecer dúvidas sobre a temática, bem como a multiplicação do conhecimento e fazer do professor um mediador da inclusão das crianças e adolescentes surdos e deficientes auditivos com as ouvintes, ressaltou Jane Capelli, que lembrou que o próximo passo é enfatizar questões pertinentes aos autistas e deficientes físicos.
No cronograma do curso de formação estão temas como “Panorama da Saúde Auditiva no Brasil e Macaé”, que foi destacado na manhã desta quarta-feira, pela coordenadora da Educação Especial da rede municipal de ensino, Aldiejna Canabarra Bento.
- Estamos felizes por Macaé se mobilizar em prol deste encontro, que visa capacitar tutores diante da saúde auditiva. Sabemos que os profissionais que trabalham com surdos e deficientes auditivos devem ter um perfil diferenciado e não deixar de lado o a curiosidade e espírito investigativo, principalmente quanto à cultura do surdo. Este educador deve sempre buscar um conhecimento contínuo e ter tolerância quanto à possível frustração, que não pode levar a estagnação, mas sim a um maior empenho diante do trabalho, pontuou.
Outros temas também fazem parte do encontro são: “Surdez e Deficiência auditiva”, “Políticas Públicas na Educação do Surdo”, “Anatomia e Fisiologia do ouvido” e “O papel do professor como mediador da inclusão do surdo na escola”. Satisfeita com o encontro, a professora que faz parte da Sala Multifuncional da Escola Municipal Interagir, Ângela Maria Pinto Manhães, afirma que a formação é mais uma possibilidade dos profissionais enriquecerem sua prática pedagógica: “É muito bom estudarmos mais sobre a saúde auditiva, identificação, promoção da qualidade de vida e prevenção. Nossos alunos merecem este cuidado e empenho especial”, finalizou.
Também participaram do evento, o diretor da FeMMAS, Meynardo Rocha, a professora representante da UFRJ, Maria Fernanda Larcher, e a diretora presidente da Amada, Marilene de Miranda Fernandes.