Foto: Divulgação Secretaria de Saúde
Cena foi encontrada pelos agentes de endemias em uma das visitas domiciliares
Sem braço e com os cabelos loiros desgrenhados, a boneca de plástico amarga seu triste fim: foi abandonada pela dona e jogada fora, no quintal de uma casa em Macaé. A cena pode até ser cotidiana em tantos lares com crianças, mas há um perigo oculto que mostra a necessidade de ter muita atenção e cuidado, até mesmo com um brinquedo inofensivo largado a mercê do tempo. Sob chuva e sol, o corpo da boneca se transformou em um foco do mosquito Aedes aegypti. O criadouro só foi descoberto por meio do trabalho da parceria entre as secretaria de Saúde e de Serviços Públicos do município, no recolhimento de inservíveis domésticos.
Além da boneca, no mesmo quintal foram encontrados dois depósitos com água acumulada. Ou seja: três focos do mosquito transmissor da dengue, chicungunha e zika em um espaço pequeno. O trabalho, que segue uma planilha de atendimento em diversos bairros, é uma das ações assistenciais propostas pelo Comitê Gestor Municipal de Combate ao Aedes aegypti, criado em novembro de 2015. As parcerias com a Vigilância Sanitária e a Secretaria de Educação, por exemplo, além da colaboração da população têm surtido efeito positivo e fez com que Macaé não figure na listagem de municípios com epidemia de dengue.
- Para ser considerada epidemia de dengue, é preciso que haja 300 casos notificados para cada 100 mil habitantes. A taxa de incidência, em Macaé, é baixo, apesar do índice de infestação de mosquito ser considerado de alerta. Mesmo assim conseguimos visualizar os resultados dessas ações já que alguns municípios no interior do Estado estão em epidemia - explicou Ana Paula Dal-cin, gerente da Vigilância em Saúde.
Desde o início das ações vários caminhões lotados de detritos foram retirados de bairros já atendidos pelo programa de recolhimento de inservíveis domésticos. Ana Paula elogiou a parceria com a Secretaria de Educação, no trabalho pedagógico e na conscientização das crianças e enumerou alguns casos. "Até 11 de março, temos 325 casos de dengue notificados, 107 confirmados e 13 descartados. Os outros ainda estão sendo investigados", afirmou.
- Apesar dos números, o trabalho tem surtido efeito. Intensificamos as ações de sensibilização de toda a população no que tange às medidas de controle, por meio de todas as mídias sociais, jornais e rádios locais, e também, ações de educação em saúde, com palestras, esquetes e grupos sobre o tema - ressaltou a gerente.
Ana Paula Dal-cin acrescentou que nas casas estão 90% dos focos do mosquito. "É incrível as coisas que as pessoas acumulam em casa. Com essa ação do recolhimento de inservíveis, já foram atendidos Cajueiros, Aeroporto, Lagomar, Ajuda e Malvinas. Encontramos, inclusive, um vaso sanitário jogado fora. Independente da posição que ele fique, sempre vai acumular água, enfatizou a gerente.
O Comitê Gestor Municipal de Combate ao Aedes aegypti se reúne todas as quintas-feiras na Secretaria Municipal de Saúde e segue com canal de denúncia e comunicação da sociedade com a gestão pública. Os contatos são os telefones: 2772-6333 e 2765-8700, ramal 249 e ainda pelo e-mail: cczmacae@yahoo.com.br.