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Macaé será referência no tratamento de adolescentes obesos e HPM será hospital escola

23/07/2010 15:27:25 - Jornalista: Elis Regina Nuffer

Foto: Kanã Manhães

Trabalho faz parte da tese de doutorado de Maria Núbia Gama Oliveira, mestre em Nutrição e que há cinco anos trabalha com os jovens atendidos no CRA

No Brasil, cinco em cada 100 crianças de até 14 anos têm peso excessivo e correm o risco de desenvolver hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares. Para tentar controlar a obesidade, considerada uma epidemia em escala mundial, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o município de Macaé vai se transformar em centro de referência de tratamento de adolescentes obesos e o Hospital Público de Macaé (HPM) vai funcionar como hospital escola a partir de parceria da prefeitura com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A informação foi passada pelo secretário municipal de Saúde, Eduardo Cardoso, com base no projeto intitulado “Relação entre o perfil clínico e antropométrico, níveis séricos de vitamina A, leptina e fatores de risco cardiovascular em adolescentes”, que faz parte da tese de doutorado de Maria Núbia Gama Oliveira, mestre em Nutrição e que há cinco anos trabalha com os jovens atendidos no Centro de Referência do Adolescente (CRA), no bairro de Imbetiba, em Macaé, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, dentro da Coordenação Geral de Saúde Coletiva e Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente, coordenado pelo pediatra José Newton, diretor do CRA.

Núbia é doutoranda do Programa de Pós-Graduação (Cardiologia) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ, no Rio de Janeiro. O projeto envolve ainda o Instituto de Nutrição Josué de Castro, Laboratório de Infectologia e Parasitologia e Biologia Molecular e Laboratório de Patologia, ambos do Hospital Universitário da UFRJ; Centro de Saúde Dr. Jorge Caldas, da Prefeitura de Macaé; e a Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil.

A pesquisa está sendo desenvolvida com os adolescentes do CRA de Imbetiba mediante parceria com a Prefeitura de Macaé, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e Faculdade de Medicina, Programa de Pós Graduação e Instituto do Coração do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ) e através de financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj-edital Pensa/Rio).

- Esse projeto prevê o monitoramento e acompanhamento de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso. É um estudo de grande importância para toda a população de Macaé, destacou o secretário de Saúde, Eduardo Cardoso.

Ele explicou que quando for um hospital escola, o HPM será, na prática, um centro de atendimento hospitalar, com colaboração universitária no ensino dos profissionais de saúde dentro da unidade.

O trabalho de Núbia já possibilitou treinamento e capacitação de oito nutricionistas da rede pública municipal e um professor de Educação Física de Macaé em avaliação antropométrica (peso e altura) de adolescentes e adultos, na Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na capital. Eles receberam certificado e vão trabalhar como voluntários na tese de Núbia.

O curso, de 20 horas, será para atuação dos profissionais na pesquisa de doutorado de Núbia, sobre a temática “Obesidade na adolescência e seus fatores de risco para as doenças cardiovasculares”. O Hospital Universitário (HUCFF/UFRJ) fará a dosagem, leitura e apresentará o resultado dos exames.

Adolescentes apresentam doenças muito cedo

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil apresenta perfil de mortalidade, no qual as doenças cardiovasculares aparecem como a primeira causa de óbitos, a primeira de aposentadorias por doença e a terceira causa de internações. Estudos também mostram que adolescentes vêm apresentando doenças precocemente como distúrbios psicossociais, depressão, isolamento, baixa estima, assim como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Segundo a OMS, no Brasil, mais de 15% das crianças são obesas e 50% estão acima do peso ideal.

Com o seu estudo, a nutricionista Núbia pretende colaborar para reduzir essa estatística. O seu objetivo é estudar a saúde dos adolescentes do CRA Macaé e traçar um perfil deles e de sua família dentro e fora de casa, correlacionar o estado nutricional de vitamina A, leptina sérica e presença do gene do receptor da leptina (LEPR) e seus polimorfimos, como alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares em adolescente com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que o percentil 85.

- Obesidade é o excesso de gordura no organismo, causado basicamente pela ingestão de alimentos maior que o gasto calórico do organismo. É uma doença multifatorial envolvendo fatores genéticos, psicológicos e psicossociais, sobretudo os hábitos de vida. Nos países desenvolvidos, é importante problema de saúde pública, tornando-se mais frequente na infância, sendo que a sua ocorrência na adolescência favorece a persistência na vida adulta, o que contribui significativamente para a morbimortalidade, disse Núbia.

Trabalhar o indivíduo dentro da sua faixa etária tem sido a recomendação do Ministério da Saúde. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possuía em 2000 mais de 35 milhões de adolescentes, sendo 50,4% homens e 49,5% mulheres, correspondendo a 21% da população nacional.

O projeto em questão foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário (HU) Clementino Fraga Filho da UFRJ, que faz a avaliação dos trabalhos e autoriza a realização das pesquisas que envolvem seres humanos.
Núbia disse que serão feitas amostragens com 700 adolescentes entre o segundo e primeiro semestres de 2010/2011. Os critérios são os seguintes: ter idade entre 10 anos completos e 19 anos e 11 meses; ter prontuário no CRA; ser voluntário; obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido dos pais/responsáveis e/ou do próprio adolescente.

A autora do projeto garantiu que a questão genética não constará nos prontuários dos adolescentes estudados, mas eles e suas famílias terão acesso aos demais resultados da aferição de pressão arterial, maturação sexual e a definição do momento biológico em que o adolescente se encontra.

A coleta de sangue da pesquisa será feita no Jorge Caldas e o material biológico coletado será encaminhado, semanalmente, para o HU, obedecendo às normas de biosegurança.

Será dada prioridade ao adolescente que nos exames apresentarem alteração e necessitarem de tratamento imediato. Os adolescentes do projeto passarão por consultas com nutricionista, assistente social, enfermeira, psicólogo, fisioterapeuta, ginecologista e dermatologista.

O projeto estuda especificamente os adolescentes porque, de acordo com a nutricionista, eles são considerados um grupo de risco nutricional, devido ao aumento das necessidades nutricionais frente ao crescimento e aos hábitos alimentares irregulares, sendo maior preocupação adolescentes que ingerem pouco alimento de cor amarela como manga, cenoura e abóbora e também fígado, que têm mais vitamina A. Muitos não tomam o desjejum e substituem refeições por lanches rápidos de conteúdo nutricional não muito adequado.

A nutricionista informou que a baixa ingestão de alimentos fontes de vitamina A (Vit. A) causa cegueira. A Vit. A pode ser obtida a partir de substâncias chamadas betacarotenos, encontrados em vegetais e frutas verde-escuros, alaranjados e amarelos. O retinol é obtido de fontes animais, como a carne e os laticínios.

Como a família pode ajudar

Rafael Rogério Barbosa (nome fictício), 18 anos, morador no bairro Miramar, contou que foi magro até os 14 anos, quando entrou para uma escola pública federal e começou a ganhar peso por causa da merenda servida.

Ele contou que nos intervalos, nas aulas noturnas, a escola serve quase sempre cachorro quente “e é difícil comer um só”. Em casa, a mãe compra sempre biscoitos recheados, doces diversos, refrigerantes e sorvetes.

- Não dá para ver tudo isso à disposição dentro de casa e não comer, enquanto muitas pessoas querem ter tudo isso e não podem. Se abro a geladeira, está sempre cheia de coisas gostosas, que engordam; se abro o armário, têm latas de doces de leite, leite condensado e outras guloseimas. Sem contar que o dia a dia é uma correria porque trabalho e estudo e tenho de me alimentar muito para aguentar essa rotina. Ah, e comer é muito bom! -, resumiu o jovem que disse que vai entrar em aula de natação na escola porque está “com uma barriguinha protuberante”, como ele diz.

A nutricionista Núbia observou que o caso de Rafael é apenas um exemplo de adolescentes com sobrepeso ou obesos. Segundo ela, a família pode fazer o que as escolas não fazem para que seus filhos tenham uma vida saudável.

- O apoio da família é o mais importante. Comer bem sempre é fundamental, dentro e fora de casa, mas comer bem não é comer de tudo, não é comer muito. E se na escola está difícil seguir uma boa alimentação, a família deve contrabalançar não comprando tudo que está nas prateleiras dos supermercados, não levando os filhos para comer lanches nas ruas, evitando levar doces para dentro de casa. De sobremesa, uma receita deliciosa e que faz muito bem é salada de frutas. As ideias são várias e só o que falta em casa é a boa vontade, principalmente, dos pais, mais ainda de quem faz as compras. E no mais, um bom diálogo mostrando o mal que certos alimentos fazem para a saúde pode funcionar, orientou a especialista.

Porque o projeto está sendo desenvolvido

A nutricionista Núbia explicou que a importância desse projeto aumenta na medida em que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 15% das mortes na faixa etária de 14 a 44 anos no Brasil. A estatística faz parte do livro Diretrizes sobre Alimentação Saudável, publicado pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro.

A publicação afirma que “a alimentação e o estilo de vida são determinantes para prevenir, iniciar ou agravar doenças. O tabagismo, sedentarismo, abuso de álcool, estresse e alimentação inadequada podem elevar as taxas de colesterol, triglicérides e glicose no sangue, pressão arterial, sobrepeso e obesidade e diabetes. Especialistas acrescentam à lista: crescimento urbano acelerado, dificuldades no mercado de trabalho e conflitos de valores.

É nesse ponto, principalmente, que cresce o valor desse projeto, cujo orientador, o phD Nelson Souza e Silva, professor titular da Faculdade de Medicina do Departamento de Cardiologia e diretor do Instituto do Coração do Hospital Universitário da UFRJ, entende a obesidade não de forma determinista. Para ele, se aumentar o colesterol, não significa que a pessoa terá a doença.

Dr.Nelson Silva reforça a tese de que, mais importante do que estudar os genes que compõem o ser humano, é determinar como ele vive no meio ambiente, analisando o homem como um todo em seu sistema complexo, entender as doenças cardiovasculares numa perspectiva holística, como disse o matemático americano Nobert Wiener, fundador da cibernética, “a parte está dentro do todo e o todo está dentro das partes”.

Para compreender e estudar as doenças que abatem o ser humano, o professor Nelson Silva remete-se ao conceito de sistema porque acredita que as doenças não podem ser analisadas separadamente em cada indivíduo que pertence à sociedade.

-Temos que juntar as partes ao todo e o todo às partes e estudar a sua complexidade com seus laços e interações individuais e em grupos, frisou.

O professor foi além:

- Quando interfiro no organismo com o uso de drogas estou indo contra o modo de observar o sistema e o meio em que vive o paciente ao longo de sua vida, com sua família, o conceito de Medicina de Família. Isso é importante para as doenças que se desenvolvem (são o estado evolutivo de vida) e há critérios. Fundamental é conhecer o todo e não a parte, só mesmo o conjunto interessa, afirmou.

Nelson Silva exemplificou falando do estudo feito com os índios Ianomâmis na década de 90, quando foram examinados e não foi encontrado nenhum obeso, embora eles não passem fome, mas não usam drogas e vivem em ambiente diferente dos centros urbanos.

Os índios inanomâmis habitam a Venezuela e o Brasil, onde há cerca de 15 mil deles em 255 aldeias em Roraima e Amazonas, principalmente, ocupando grande parte de área coberta pela floresta tropical úmida. A palavra ianomâmi significa ser humano.

- Esse estudo mostra que o mais importante é a atenção com a vida da gente. Condição de vida, saúde, trabalho, sociabilidade com integração cooperativa e não, competição entre as pessoas. Solidariedade é o mais importante para ter saúde. Só dessa forma conseguiremos controlar os fatores de risco, como fazem os índios Ianomâmis. O ideal é mostrarmos como vivem nossos adolescentes, o que fazem, como é a prática deles no dia a dia e o que fazem alguns para não se tornarem obesos, com risco de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essas doenças são o fim da linha para a população e é possível termos uma vida saudável sem o uso de drogas, afirmou o professor.

Ele observou que, apesar da piora dos fatores de risco, a taxa de mortalidade cardiovascular está decrescendo no Brasil desde o fim de 1980, porém, estão aumentando o número de pessoas com diabetes e obesas. Por que isto acontece?

O professor explica:

- Ocorreu melhora da condição de vida da população, a economia cresceu entre 1940 e 1980, e voltou a crescer nos últimos anos, que melhorou todas as pessoas como um todo. Em 2010 deve crescer 7% e vai repercutir em mais queda da mortalidade. Deixamos de crescer 20, 25 anos, de 1980 até 2003. Agora, a qualidade de vida favorece menos as intervenções pontuais, mas não é suficiente para controlar o número de obesos, diabéticos, embora crianças estejam nascendo mais saudáveis, explicou.

O professor enfatizou que a pobreza é uma doença, é um problema da sociedade como um todo, e tem de acabar para acabar com muitas doenças que matam. Para ele, a pobreza não é problema dos economistas e não adianta distribuir medicamentos para melhorar a saúde da população.

- Entender nesses adolescentes o que está acontecendo na vida deles é primordial para chegarmos aos determinantes sociais das doenças. A hipótese mais plausível para a epidemia cardiovascular que vivemos atualmente é que duas guerras no mesmo século pioraram a condição de vida das pessoas. Só conseguimos interferir na obesidade melhorando a condição de vida da população e isso demanda tempo, investimento e conscientização de todos, disse.

Nesse caso, Nelson Silva citou como modelo o que aconteceu na cidade de North Karelia, na Finlândia, onde as pessoas foram mobilizadas para mudar a qualidade de vida. O lugar ficou conhecido como Cidade Saudável porque houve mudança de conceito no modo de vida das pessoas.

Como iniciou o projeto
Núbia trabalha com adolescentes desde 1995, quando fez a sua dissertação de Mestrado com eles, no Rio de Janeiro, com publicação em revista científica especializada no Canadá. A tese de doutorado começou em agosto de 2009.
- A adolescência é um período de crescimento rápido e de muitas modificações corporais, requerendo um aumento nas necessidades de energia e de nutrientes. Neste período podem aparecer novos hábitos de consumo, inclusive com reflexos na alimentação diária, explicáveis por motivos psicológicos e socioeconômicos, explicou a nutricionista.
Segundo ainda Núbia, estes novos hábitos decorrem da influência de amigos, rebeldia contra os controles exercidos pela família, estabelecimento de novos limites, mudanças de valores, estilos de vida, busca de autonomia e identidade.
A nutricionista explica a questão em detalhes:
- Em relação à nutrição, o hábito de comer fora de casa ou o preparo dos próprios alimentos são frequentes entre adolescentes e repercute, em longo prazo, na saúde futura do indivíduo adulto e no padrão de consumo alimentar.
Núbia acrescenta:
- As frequências crescentes do excesso de peso e da obesidade também preocupam, assim como, o hábito de “fazer regime para emagrecer” que, especialmente entre as meninas, pode determinar níveis de ingestão inferiores aos recomendados e padrões alimentares inadequados.
Resultados esperados
A nutricionista destacou os resultados esperados com o projeto. Segundo ela, a partir desse estudo, o município vai ampliar o atendimento no ambulatório de nutrição do CRA, vai treinar e capacitar o corpo docente das escolas públicas sobre o padrão de consumo alimentar de adolescentes e a prevenção de doenças favorecidas pelo baixo consumo de frutas, legumes e verduras.
Outras metas são reduzir em 80%, no período de 24 meses, o acesso nas cantinas e lanchonetes das unidades básicas de saúde, hospitais e escolas públicas e privadas de alimentos fontes de gorduras trans e hidrogenadas; sal e açúcar; inserir no cardápio diário da merenda escolar quatro a cinco porções de frutas, verduras e legumes (FVL) como fonte de vitamina A e C; ácido fólico, fibra e ferro.

O projeto também objetiva incentivar debates sobre fatores de risco cardiovascular com equipes multi e interdisciplinares dos programas de saúde, como também de escolas públicas e privadas do município; formatar projetos que busquem a participação efetiva da população sobre o consumo adequado de alimentos, redução de sedentarismo e controle do peso; buscar parceria junto aos órgãos públicos, por meio de programas sociais que possam introduzir nas escolas temas sobre consumo adequado de alimentos e cuidados com a saúde do adolescente.

- Obesidade não é um problema individual. O ideal seria que as escolas plantassem a sua própria horta no quintal para reforçar a merenda e até para distribuir alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, para os alunos levarem para casa melhorando a qualidade dos alimentos para toda a família. A escola tem que se envolver nesse processo oferecendo comida saudável, prática de esportes e palestras sobre fumo, álcool e outras drogas, mostrando a importância do exercício físico. As empresas devem se preocupar com a saúde de seus funcionários, enfim, toda a sociedade tem que fazer a sua parte, observou o professor Nelson Silva.

Como são feitos os atendimentos no CRA
O CRA de Imbetiba conta com equipe multidisciplinar composta, além da nutricionista Núbia, por assistente social, três psicólogos, um fisioterapeuta, um médico clínico geral, um dermatologista, três ginecologistas, pediatra, enfermeiro, técnico em enfermagem, auxiliares e recepcionista, mais os jovens do Projeto Nova Vida e da Guarda Mirim Municipal.
Por mês, o CRA de Imbetiba tem uma média de 800 a mil adolescentes de 10 a 19 anos atendidos pelos profissionais, sendo que as gestantes não serão estudadas no projeto de Núbia. No CRA, elas recebem todo o acompanhamento necessário durante a gravidez e também os pais, caso necessário.
Núbia explicou que de 10 a 14 anos o jovem está na puberdade; dos 15 aos 19 anos, é o chamado adolescente, de acordo com definição da OMS, seguida pelo CRA, embora o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) considere adolescente entre 12 e 18 anos.
Cada consulta com os adolescentes atendidos no Ambulatório de Nutrição do CRA dura aproximadamente entre 50 e 80 minutos na primeira vez, ressalta a nutricionista Núbia Gama, sendo as subsequentes em menor tempo, todavia respeitando as necessidades do momento, conforme descrito a seguir: pré natal da Adolescência com alterações nutricionais ocorre com intervalos menores nas consultas subseqüentes; gestante com baixo peso e em risco nutricional (consultas subseqüentes com menor tempo de intervalo); gestante com menos de dois anos do início da menarca (primeira menstruação) tem suas consultas com menor tempo de retorno para acompanhamento nutricional; gestante com sobrepeso ou obesidade recebe acompanhamento com maior tempo de duração para as explicações sobre plano alimentar e dos riscos do excesso de peso na gestação.
No caso de gestante com qualquer fator de risco nutricional ou patológico, como hipertensão, o retorno ao CRA acontece em menor tempo. A unidade também faz o acompanhamento de lactantes, durante o período de amamentação, e do excesso de peso para sobrepeso e obesidade, com avaliações sobre plano alimentar e correções de hábitos alimentares.
O CRA faz ainda o acompanhamento nutricional para os transtornos alimentares, tais como bulimia, anorexia e bulliying (atos de violência física ou psicológica).
O CRA Imbetida está localizado à Rua Compositor Benedito Lacerda, 212, e atende também pelos telefones (22) 2772.4197 e (22) 2762.4007.

Mudança de hábitos para uma vida saudável

A nutricionista Núbia e o professor Nelson afirmam que só com mudanças no hátibo de vida da sociedade pode-se chegar a um resultado satisfatório.

- O município de Macaé tem dado apoio neste projeto e esperamos que assim possa mobilizar a sociedade. Para isto, a prefeitura está dando um grande passo para envolver como um todo Educação, Saúde, Saneamento, Habitação, engajar toda a população para a melhoria da saúde de todos. É questão de hábito e, se não mudar agora, a conseqüência a longo prazo é gastar mais com o sistema de saúde sem resultados positivos para a população e para os governos, avaliou o professor.

Pelo diagnóstico dele, as doenças infecciosas estão melhorando os índices com as vacinas, mas há as doenças crônicas e a população não se beneficia com o uso das novas tecnologias, pelo contrário, fica ainda mais sedentária e consumista.

O assunto é tão grave que o Ministério da Saúde lançou o Guia Metodológico de Avaliação e Definição de Indicadores das Doenças Crônicas Não Transmissíveis que analisa o comportamento alimentar das pessoas e o curso das doenças no país.

Conheça mais sobre o problema

Por que é importante fazer avaliação antropométrica em adolescentes?

Núbia - Porque a obesidade na adolescência representa 13,9% das doenças e é considerada como fator de risco para hipertensão arterial (prevalência em adolescentes no Brasil de 8,2%). Sabe-se que é hábito comum entre adolescentes "pular" refeições, principalmente o café da manhã. Na nossa prática clínica no atendimento ambulatorial de nutrição do CRA temos visto que o almoço e o jantar refletem o excessivo consumo de gorduras saturadas, colesterol e açúcar (daí casos de anemia que representam 20%) devido ao baixo consumo de alimentos fontes do nutriente de ferro, tais como fígado de boi ou de galinha e, além da falta de praticar atividades físicas nas escolas e horas de lazer, aumentando com isso as estatísticas para o sedentarismo que já é de aproximadamente de 77,8% em adolescentes brasileiros.

A obesidade na adolescência é um problema da infância e persiste na idade adulta?

Núbia - Estudos demonstram que cerca de 80% dos adolescentes obesos se tornarão adultos obesos e, que em aproximadamente 70% dos adultos obesos o excesso de peso iniciou-se no período da adolescência.

Dicas para uma vida saudável

Evite refrigerantes
Prefira os sucos naturais de frutas
Não faça uso de bebida alcoólica
Evite doces, balas, biscoitos recheados e açúcar
Evite saleiro à mesa. Não adicione mais sal à comida
Não fique longas horas sem comer
Evite salgadinhos, frituras, mortadela, salsicha e creme de leite
Leia os rótulos dos alimentos e verifique a data e prazo de validade
Evite sorvetes cremosos. Prefira os de frutas.
Aumente a ingestão de água filtrada de seis a oito copos de 200ml por dia
Tome dois copos de 200ml de leite por dia ou coma uma fatia de queijo branco. Se preferir, tome leite de soja
Coma feijão pelo menos uma vez por dia
Coma peixe pelo menos uma ou duas vezes por semana, de preferência filé de cação, arenque, sardinha, linguado e salmão
Coma frango sem a pele, assado, cozido, grelhado ou ensopado, com legumes e verduras, pelo menos duas a três vezes por semana
Coma carne vermelha sem gordura, assada, grelhada, cozida ou ensopada
Use óleo somente para refogar. Uma lata de óleo é suficiente para um mês em uma família com quatro pessoas.
Pratique atividade física
Evite ficar mais de três horas à frente do computador ou da TV
Coma mais saladas cruas e cozidas no almoço e no jantar com frutas, verduras e legumes

Receitas saudáveis

As receitas são simples: cenoura ralada, beterraba e abóbora cozidas, pepino em tirinhas finas, uma fatia de mamão; repolho roxo ralado, tomate, vagem cozida, uma fatia de manga; couve flor e abobrinha cozidas, alface, atum em água, uma fatia de abacaxi; brócolis, ovo cozido, tomate em rodelas, uma fatia de peito de peru, uma fatia de queijo branco, uma banana da terra cozida; feijão fradinho, sardinha fresca, tomate em tirinhas finas, cebola e pimentão picados.

Molho especial para saladas:

Iogurte natural, orégano, ervas finas, alho amassado, sal, cheiro verde
Alho amassado, limão, sal, salsinha, gengibre em pó, azeite extra virgem
Ricota com ervas finas, orégano, salsinha, manjericão, gengibre em pó
Abacate amassado, sal, alho amassado
Berinjela cozida em pedaços pequenos, alho amassado, cebola, pimentão, tomate, cheiro verde, azeite extra virgem.