Se Marta, personagem da atriz Lília Cabral, na novela da TV Globo, “Páginas da Vida”, conhecesse a história de Rayssa, talvez ela mudasse de idéia em relação a ficar com a neta portadora de Síndrome de Down. Com 12 anos, estudante da rede municipal de Macaé e freqüentadora do Centro Municipal de Educação e Atendimento Escolar (Cemeaes) desde um ano de idade, Rayssa Levasseur conquistou o segundo lugar na categoria nado livre, na III Olimpíada da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), realizada no Sesc de Nova Iguaçu, no último sábado (12).
- Acredito que é também por meio do esporte que iremos superar limites interpostos pela sociedade, valorizar diferentes potencialidades, garantindo assim atendimento significativo ao portador de deficiência, destaca Ângela Maria Ferreira, presidente da Apae-Macaé.
Estudante da 2ª série da turma de inclusão da Escola Municipal Interagir, matriculada no programa da prefeitura de Macaé, Cemeaes, Rayssa é um exemplo de que portadores de deficiência, podem superar barreiras e ter uma vida normal dentro das suas possibilidades.
- Rayssa sempre teve um entrosamento muito bom com as pessoas, nunca teve problemas. A aprendizagem é mais lenta, mas desde que ela era pequena, sempre procurei despertar nela os sentidos. Colocava fitas coloridas e chocalhos no bercinho, para que ela pudesse aguçar a visão e a audição. Quanto mais cedo desenvolver isso, melhor. O conjunto de atividades que ela desenvolve desde pequena no Cemeaes, fazendo natação, balé, fonoaudiologia, é o responsável pelo aprimoramento de Rayssa. Se hoje nós podemos comemorar seu desenvolvimento, é 50% graças ao município e 50% ao apoio da família, ressalta Raquel Levasseur, advogada, orientadora educacional e mãe de Rayssa.
Filha mais nova de Raquel e irmã de Roberta, 25 anos, e Rafaela, 23, Rayssa deu um susto na família com um mês e meio de idade. Com septicemia (infecção generalizada), a menina ficou 18 dias numa UTI no Rio de Janeiro. Raquel agradeceu o presente lindo que tinha recebido de Deus e pediu que isso não lhe fosse tirado. “Não entendo como pessoas podem fazer como na novela. A Marta não atentou para o lado humano, faltou sensibilidade. Antes de ser neta dela, o bebê é um ser humano, igual a outro perante a Deus”, diz Raquel acrescentando que usou muito mais o coração do que qualquer outro conhecimento para lidar com Rayssa desde bebê.
- Gosto de balé, vôlei e basquete, diz a jovem Rayssa, enquanto olha novamente na filmadora, as imagens da abertura da III Olimpíada Estadual das Apaes do Estado do Rio, onde competiu com outras meninas mais velhas e mais altas. Através dessa premiação, Rayssa mostrou na piscina quanto é importante o incentivo da família. O pai, Roberto, foi sempre um incentivador na vida da jovem. Foi com ele que Rayssa aprendeu a jogar vôlei e basquete. Orgulhosa e sem modéstia afirma: “Ensino minhas amigas e a minha prima a jogar vôlei”, conta.