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Ministério da Saúde: Pesquisadora virá a Macaé falar sobre áreas contaminadas por exploração do petróleo

27/11/2008 17:56:10 - Jornalista: Waleska Freire

BRASÍLIA - Os primeiros resultados da pesquisa sobre os riscos de saúde da população macaense, decorrentes dos depósitos de resíduos da exploração do petróleo feita entre os anos de 1980 e 1995 foi divulgada nesta quinta-feira (27), durante uma oficina de monitoramento promovida pelo Ministério da Saúde em Brasília. A professora da faculdade de medicina da UFRJ, Carmen Fróes, uma das coordenadoras da pesquisa, disse que o município principal do projeto é Macaé, principalmente nas áreas do Parque de Tubos em Imboassica e Imbetiba.

"Vamos iniciar o trabalho de identificação das áreas contaminadas e fazer um estudo do impacto sócio-ambiental. Já registramos um terreno que durante dez anos foi usado como depósito dos resíduos offshore. O objetivo da pesquisa é que os resultados sejam aproveitados e incorporados pelas secretarias estadual e municipal de saúde", informou Carmen, que em fevereiro pretende vir em Macaé se encontrar com o prefeito Riverton Mussi, a vice-prefeita eleita, Marilena Garcia e os técnicos da vigilância em saúde.

Segundo Carmen, em 1995, a Petrobras implantou um qualificado sistema de gestão de resíduos, no entanto, antes disso foram 15 anos de destino irregular. Atualmente são gerados 400 toneladas de resíduos por mês. "O resultado dessa pesquisa vai ajudar Itaboraí e Santos a se prevenir dos impactos causados pela exploração petrolífera no meio ambiente e consequentemente na saúde", disse.

De acordo com a macaense Flávia Tavares Silva Elias, coordenadora de avaliação de tecnologias em saúde do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, um dos objetivos dessa pesquisa é avaliar a existência de metais e aterros para mapear, caso a população esteja exposta a riscos, auxiliando o poder público a implantar as medidas necessárias.

- Essas medidas podem ser desde o acompanhamento da saúde epidemiológica até a retirada da comunidade de seus locais, passando pela implantação de equipamentos para diminuir a poluição do ar – destacou.

Cerca de R$ 420 mil reais estão sendo liberados pelo Ministério da Saúde para este projeto denominado "Avaliação de risco à saúde das populações expostas a resíduos de exploração de petróleo".

As pesquisadoras Carmen Fróes e a epidemiologista Cláudia Medina Coeli estão identificando áreas onde a população pode estar exposta a resíduos de poluição do solo e do ar, localizando onde estão os rejeitos.

A necessidade dessa pesquisa foi identificada em 2005, no consórcio intermunicipal das bacias hidrográficas do rio Macaé (MRHS). Ciente da situação, a vereadora Marilena Garcia, em 2006, articulou com o Ministério da Saúde a realização dessa pesquisa.

Foi realizado um edital público em parceria com o CNPq em 2006 e 28 projetos concorreram para serem contemplados com a verba de fomento à pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Desses apenas sete foram aprovados pelo comitê de julgamento formado pelos melhores nomes nacionais na área de pesquisa. Após a etapa do processo de seleção, o Ministério da Saúde agora acompanha e avalia as pesquisas, cujos resultados estão previstos para o final de 2009.

- Através da experiência e dos contatos na capital federal a então vereadora Marilena Garcia conseguiu o empenho do Ministério. Fui autora do termo de referência (documento necessário para a orientação da liberação do projeto), que foi para concorrência por meio do edital do CNPq, onde a pesquisadora que apresentou o projeto, Cláudia Coeli, ganhou a concorrência - explicou Flávia.

"Essa pesquisa traduz a nossa preocupação com o meio ambiente e a saúde dos macaenses. O cadastramento e o mapeamento dessas áreas que tenham risco ou potencial risco à saúde humana são fundamentais para formulação de políticas públicas", declarou a vice-prefeita eleita de Macaé, Marilena Garcia.

Inicialmente a pesquisa foi feita em 11 municípios da Bacia de Campos: Macaé, Rio das Ostras, Nova Friburgo, Casimiro de Abreu, Trajano de Moraes, Campos, Quissamã, Santa Maria Madalena, Conceição de Macabu, São João da Barra e Carapebus.

As pesquisadoras se reuniram com os representantes da área de vigilância em saúde através do núcleo regional do estado quando cada um recebeu uma cópia do projeto.

Em seguida, foi feito um estudo ecológico e o levantamento geral com informações cedidas pela Feema, secretarias estadual e municipais de Meio Ambiente, Programa Macaé Cidadão, Ongs, órgãos oficiais, empresas, lideranças locais, escolas municipais, Cefet, Funemac, Colônia dos Pescadores, Nupem, Aposentados, Geo Macaé de Planejamento, e entrevista com moradores antigos.

"Diante do resultado desse levantamento concluímos que por ter a sede da Petrobras instalada em suas terras bem como todas as indústrias satélites do setor produtivo, o município de Macaé é o foco da nossa pesquisa. Também vamos pesquisar o município de Rio das Ostras, no entanto o motivo é o crescimento populacional decorrente da realidade de Macaé e não o impacto direto do ponto de vista de contaminação", explicou Carmen Fróes.