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Mobilizados, alunos de escolas ribeirinhas querem proteger o rio Macaé

08/11/2006 16:22:12 - Jornalista: Maria Izabel Monteiro

Participando do Curso de Mobilizadores Sociais, discutindo a agricultura urbana, realizado pelo Eco Cidadão na tarde de terça-feira (07), os 50 alunos de quatro escolas de comunidades ribeirinhas do rio Macaé se mostraram mobilizados para trabalhar nas localidades em que vivem para a proteção deste e de outros mananciais do município.

Os alunos são das escolas Ciep Nova Holanda, E. Municipal dos Pescadores, E. Municipal do Botafogo e C. Municipal Neusa Goulart Brizola. Em todas essas comunidades, os alunos apontaram problemas relacionados ao lançamento de lixo e de esgoto in natura nos mananciais, mas se propõem a trabalhar junto aos vizinhos e amigos para melhorar a qualidade da água desses mananciais, como garantia de melhoria da qualidade de vida e manutenção da saúde.

Para a coordenadora executiva do Eco Cidadão, Marielza Cunha Horta, o trabalho realizado com os alunos tem sido muito proveitoso. “As atividades vão além da dimensão ambiental. Eles se mostram mobilizados para a melhoria do meio ambiente. Participam, perguntam, respondem, se mostram inteirados. As atividades contribuem para a formação do cidadão participante, disposto a trabalhar para que a vida em sua comunidade se torne cada vez melhor” – disse Marielza.

Os alunos realizaram o plantio de ervas medicinais e trabalharam a questão da agricultura urbana como boa alternativa para melhorias no meio ambiente, redução da fome e pobreza, integração social e promoção da saúde.


Preservar os mananciais é fundamental para uma vida melhor


Para os alunos que participaram do curso, a preservação do rio Macaé e de todos os mananciais do município é fundamental para quem vive em Macaé ter uma vida melhor. Confira abaixo alguns depoimentos:

Thamara Almeida de Oliveira, 14 anos, do 8º ano do Colégio Municipal do Botafogo, residente no Botafogo – Estou achando o Curso “maneiro”. Aqui tenho consciência do que fazer para preservar o Rio Macaé. Muitos da minha comunidade não cuidam bem do rio, que está sujo. Algumas pessoas jogam lixo, sacolas plásticas, sofás velhos, animais mortos, garrafas pet, vidros e papéis no rio. Também há lançamento de esgoto. Eu posso ajudar, conversando com as pessoas, conscientizando da necessidade de não poluir a água.

Júlia Souza da Costa, 12 anos, do 7º ano da E. M. dos Pescadores e residente no Aeroporto – As pessoas não se preocupam muito. Tomam banho no rio, bebem a água e usam até para fazer comida, que é um risco para a saúde. Jogam lixo nos valões. O esgoto é lançado no canal Macaé/Campos e valões. Muitos jogam lixo nas ruas. O caminhão de lixo passa regularmente, mas deixa cair muita coisa no chão. Às vezes, passa pingando água suja, com um cheiro horrível. Acho importante estes cursos, que antes só participavam adultos, crianças e jovens ficavam de fora. Os conselhos são importantes e eu vou buscar levar o que estou aprendendo para minha comunidade.

Thatyane de Oliveira Silva – 11 anos – 6º ano da E.M. dos Pescadores, residente no Aeroporto – As pessoas não cuidam muito, jogam lixo no chão. Alguns não têm lixeiras e jogam lixo nos valões. Muitos nem usam sacos plásticos para embalar o lixo até o caminhão de lixo passar. Não acho isso bom. Vou buscar conscientizar as pessoas para a importância de manterem limpos os mananciais.

Clícia Lima Ribeiro – 11 anos, 6º ano do Ciep Nova Holanda, residente na Nova Holanda – Notei muitas vezes que os pescadores limpam o peixe e jogam os restos no rio. Muitos tomam banho e abrem esgoto para cair no rio. Vejo alguns materiais que podem ser reaproveitados, como garrafas pet e vidros, lançados dentro da água e, até, móveis velhos. Acho que todos devem arrumar um canto para colocar o lixo até o caminhão passar, pois ele tem os dias certos para recolher o lixo. Vou conversar com meus vizinhos e amigos para se conscientizarem para o cuidado com o meio ambiente.

Hudson Henrique Lelis – 10 anos, 5º ano do C. M. Neusa Goulart Brizola, Barra de Macaé – Na minha comunidade falta muita água. Também vejo nas ruas muita sujeira. No rio, vejo toda espécie de lixo que as pessoas jogam, como latas, pneus, garrafas pet, móveis velhos e até carros e muito entulho. Às vezes, os bueiros entopem por causa do lixo e a água fica fedendo. Ainda bem que alguns cuidam bem do lixo de suas casas. Vou conversar com amigos e vizinhos para preservar o rio Macaé e os outros mananciais.