O poeta e jornalista Gerson Dudus é o convidado do Palavra Expressa, desta terça-feira (25). O projeto literário quinzenal da Fundação Macaé de Cultura, por meio da Biblioteca Pública Municipal Dr. Télio Barreto, sempre às 18h, acontecerá na Praça das Artes do Centro Macaé de Cultura, localizado na av. Rui Barbosa, 780, no Centro da Cidade. A entrada é franca.
Gerson Dudus, ganhador do Prêmio Nacional de Poesia Cidade de Belo Horizonte, em 1992, e dos festivais de Poesia da Petrobras, em 1997 e 1998, com cerca de 300 poemas, apresentará poesias antigas e também as mais recentes. Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, Dudus criou e coordenou grupos de poetas, oficinas literárias e saraus em São Paulo, Campos e Macaé. O jornalista possui três livros publicados: Cristais de Sal (1998) e RaKare (1994) e Probas Ocluso (1995). Além disso, participou de mostras de poesia virtual na Puc-SP e na UFMG. Atualmente, Dudus tem três livros novos prontos, com a produção dos últimos anos.
A edição 2008 do Palavra Expressa estreou no último dia 11, com a poetisa e artista plástica Sandra Wyatt. Na ocasião, ela recebeu uma moção de aplausos da Câmara Municipal por sua representatividade da cultura do município. Sandra expôs o livro “Pedagogia poética conjugada com Liberdade”, feito à mão, que foi doado a Biblioteca Pública Municipal Dr. Télio Barreto. Mais uma vez o projeto proporcionou um momento especial aos apreciadores da poesia, que tiveram a oportunidade de experimentar até uma dança-ritual indígena.
Experimento com a linguagem
A mulher e o amor são os grandes temas da poesia de Gerson Dudus, que, segundo ele, trata da afetividade de acordo com Deleuze e Guattari, ou seja, da subjetividade independente do sujeito. Dudus se declara um apaixonado pela poesia moderna e contemporânea: “Detestava a poesia clássica e romântica. Comecei a gostar um pouco da simbolista, da do pré-modernismo, de Augusto dos Anjos. Formas fixas nunca me interessaram”, enfatizou.
Sua obra, que parece capturar o ritmo do cotidiano e do pós-moderno, de acordo com o autor, está baseada em uma cosmovisão cristã, apesar de carregada de sensualidade. Seus poemas, ainda que mais próximos das concepções pós-modernas, têm como traço marcante a experimentação, uma característica do modernismo.
- É importante tentarmos sempre experimentar com a linguagem. O lado negativo da modernidade é achar que se pode fazer qualquer coisa. É o lado instantaneista e sentimentalóide, que chamo de vômito existencial, o qual as pessoas acham que é poesia, mas não tem nenhum trabalho com a linguagem. A poesia precisa ir além. Quero que o humano aconteça com a linguagem. Poesia para mim é trabalho e elaboração - define o poeta, completando que “Amo João Cabral e Paulo Henriques Britto, que fazem rimas e até sonetos em linguagem coloquial. Mas tenho prescindido da rima. Para mim, a poesia é uma forma de ver a vida e o poema a concretização disso”.
Produzir público para a poesia e ir além
O projeto Palavra Expressa surgiu a partir do projeto literário Café das Artes, lançado em 2006, também pela B.P.M Dr.Télio Barreto. Gerson Dudus foi um dos idealizadores do programa que durou um ano e meio. Ambos foram criados com o objetivo de ser mais que saraus, de forma que o Palavra Expressa possa agregar oficinas, se tornando um espaço para o estudo da poesia, além de formador de público para essa vertente cultural.
Assim Gerson Dudus define seu objetivo maior, integrar espaços para o estudo da poesia. Em 2006, produziu a primeira de suas duas oficinas de poesia realizadas em Macaé pela Fundação Macaé de Cultura. Mais tarde, as promoveu em Campos dos Goytacazes. Em Macaé, realiza saraus, juntamente com Sandra Wyatt, desde sua vinda para a cidade, em 1997.
Nascido em São Paulo, Dudus passou para o vestibular de Medicina nessa cidade, aos 19 anos. No quarto ano de curso resolveu substituí-lo pelo de Teologia. Também desistiu do seminário e resolveu ingressar na faculdade de Jornalismo, quando começou a lidar de maneira mais direta com a poesia. Seu primeiro projeto de oficinas, com sarau e exposição, aconteceu na Faculdade Cásper Líbero-SP. Em 1995, Gerson interrompeu o curso de Jornalismo no quarto ano, vindo para Macaé, dois anos depois, para atuar como publicitário. Em 2000, retomou o curso em Campos, seguido pelo Mestrado em Comunicação e Cultura na UFRJ.