O sexto distrito de Macaé, na região serrana, viveu neste fim de semana uma de suas melhores festas. Em clima tranqüilo e descontraído, a programação foi iniciada na sexta-feira (14), e trouxe uma novidade que agradou a turistas e moradores, o Canta Sana, que tem a proposta de dar maior visibilidade aos talentos locais, apresentando música ao vivo em bares e restaurantes em horários alternativos, das 14h às 20h.
Idealizado pela Secretaria Municipal de Trabalho e Renda (Semtre), o projeto Canta Sana quer aproveitar a qualidade dos músicos locais para fazer da música um ícone de desenvolvimento auto-sustentável. “O objetivo do projeto é plantar uma semente que fortaleça o turismo do Sana, proporcionando, ao mesmo tempo, maior projeção do trabalho dos músicos da região”, disse o secretário da Semtre, Claudio Bogado.
Nascidos no Rio e atuais moradores do Sana, a dupla que se apresentou no Bar e Restaurante Alquimia, Romulo Ferreira (voz e violão) e Sabá (percussionista) fazem coro para elogiar o evento: A idéia de promover música ao vivo em horários alternativos é muito boa, esse projeto tem que continuar para mudar a cara do Sana. Aqui não é lugar de maluco e sim de arte”, afirmam. Para completar, Sabá ressalta que em oito anos vivendo no Sana nunca viu uma iniciativa como essa de valorizar os talentos locais.
O projeto deu tanto ânimo aos músicos que impulsionou a criação de uma associação representativa da classe. Há 12 anos morando no Sana, o cantor e compositor carioca, Rafael Coelho, encabeça o movimento de união pelos interesses da categoria, entre eles, a regularização dos artistas do Sana junto à Ordem dos Músicos, órgão responsável pela emissão da carteira profissional. O grupo já está procurando um local para ser a sede da associação, onde qualquer pessoa interessada em aprender um instrumento poderá afiliar-se para ter aulas a preços mais baratos.
Os proprietários dos bares que são pontos tradicionais de música ao vivo, como o Telektonon (Bar do Madeira) e Opção do Sana (Padaria do Beto), também comemoraram a iniciativa da Semtre. A mais nova moradora do Sana, a jornalista Cândida Bath, esposa do Madeira, falou que o projeto Canta Sana é muito interessante na medida que visa à inclusão e abre oportunidade a novos talentos. Ela destacou que uma conhecida artesã local, a Graça, que se apresentou no Telektonon na sexta-feira, foi a grande revelação desse primeiro evento.
Na visão de Beto Chagas, dono do Opção do Sana, o projeto valeu como pontapé inicial para movimentar o arraial fora dos períodos de festas e feriados. “Vejo o Canta Sana como uma porta que se abriu para os comerciantes e um incentivo a mais para atrair os turistas e os próprios moradores”, comemorou, dizendo que seu comércio está aberto e preparado para receber os músicos em qualquer ocasião.
Atrações variadas – Além dos shows que aconteceram nos tradicionais bares do arraial, o sucesso da festa do Sana foi garantido também com o torneio de futebol, desfile de moda e arte. Um dos grandes destaques do evento foi o ator Fabiano Freitas que trouxe de São Pedro da Serra (Lumiar) o seu teatro de marionetes apresentando o espetáculo Alma de Boneco.
Uma das atrações que mais tirou aplausos do público foi o 3º Sana Fashion, apresentado na noite de sábado. O desfile apresentou 36 manequins, divididos em grupos de crianças e jovens, mostrando a criatividade e o bom gosto das confecções que exportam a moda do Sana para a capital, a Alma Zen e a Artnata.
As manhãs de sábado e domingo foram movimentadas com o Torneio de Futebol do Sana. O evento reuniu cinco times, quatro locais e outro de Professor Souza, distrito de Casimiro de Abreu, no campo de futebol que fica ao lado da área que a prefeitura de Macaé adquiriu para ser o palco oficial da festa do Sana. O torneio misturou as categorias Junior e profissional, juntando jogadores de diversas idades na disputa do troféu de campeão.
O torneio foi organizado pelo jogador Roberto Augusto, o Togú, de 26 anos, que realiza projeto voluntário no Sana dando aulas de futebol para crianças e adolescentes e tem o sonho de montar uma escolinha na comunidade. Togú foi jogador do Flamengo aos 10 anos. Dos 14 aos 16 atuou no Bahia Futebol Clube, e dos 16 aos 17, no Clube Desportiva, do Espírito Santo.