Chorinho, samba-canção, marchinhas de Carnaval e poesias criadas especialmente para a ocasião, deram o tom da homenagem a Benedito Lacerda, promovida pela secretaria municipal de Acervo e Patrimônio Histórico (Semaph) dentro do Café Literário do Solar dos Mellos, na noite de quarta-feira (26). “Benedito foi um cidadão que ultrapassou as fronteiras do nosso município, tornando-se referência por tudo que representou para a música popular brasileira”, ressaltou o secretário da Semaph, Ricardo Meirelles.
O Ninho do Sabiá, grupo de canto e dança formado por membros do Alvorecer da Terceira Idade, levou para o evento músicas selecionadas do vasto repertório assinado por Benedito Lacerda, entre elas, uma das marchinhas de Carnaval mais cantadas no país – A Jardineira. Vozes afinadas e o objetivo de recordar grandes nomes da música brasileira, os “sabiás”, receberam convite do secretário Ricardo Meirelles para participar da gravação de um vídeo que irá compor o banco de memórias do acervo geral da Semaph.
O evento marcou também a abertura da exposição Benedito Lacerda – Peças de um quebra-cabeça. A mostra é resultado de um trabalho de garimpagem, e traz, a público, dados sobre a vida de um artista aclamado devido à importância de sua obra e participação no cenário musical, o Benê da flauta, famoso em todo o Brasil e no exterior. A exposição pode ser conferida até o dia 25 de abril.
Formado por poetas da cidade, o Coro de Cigarras, que há dois anos se reúne no Café Literário, apresentou um cardápio de poesias inéditas para homenagear os 105 anos do músico e compositor macaense, falecido em fevereiro de 1958, no Rio de Janeiro, em pleno Carnaval. Alguns versos lidos pelo grupo durante o evento estão destacados abaixo, para o deleite do leitor.
“Do galho caiu Camélia, deu dois suspiros morreu. Diz então o Benedito: – Antes ela do que eu” (Laurita Moreira); Lacerda que é Benedito, flautista muito inspirado, macaense bem nascido, compositor afamado” (Sandra Wyatt); “Se a jardineira está triste, porque a Camélia morreu, Benedito não desiste, bela música lhe deu” (Aurora); “Benedito és bendito do chorinho à canção. De Macaé vem o grito: És tom maior da paixão” (Ivânia Ribeiro). “Ou Camélia ou jardineira, quando chega o Carnaval, enchem ruas e ladeiras... – Benedito é imortal” (Éstia Baptista).
O cantor e poeta, Jorge Benzê, e Olivier (voz e violão) foram outras participações espontâneas que contribuíram com a singela homenagem feita a Benedito Lacerda. Participante do grupo Coro de Cigarras, o poeta e escritor Sonilton Campos enviou por e-mail, de Brasília, onde mora atualmente, um poema lido por Meirelles no encerramento da homenagem, e que está descrito a seguir:
“Macaé abre o cenário
pra lembrar o aniversário
do Benedito Lacerda,
pra lembrar que veio ao mundo
esse seu filho fecundo
cuja obra rara herda
Benedito foi flautista,
foi também saxofonista,
e de orquestra regente!
Fez parte da “Nova Aurora”,
a banda que até agora
dá nó no gogó da gente!
Já passei a noite inteira
a cantar “A Jardineira”
e a sua “Eva querida”.
Com a “Rainha do Mar”,
não vejo a hora passar
e fico de bem co’a vida.
Quando mais eu quero,
canto “A Lapa” e “Lero-lero”
e ainda “A negra sumiu”
E fico vibrando até
por saber que Macaé
deu esse gênio ao Brasil.