Foto: Bruno Campos
Aos 16 anos, Nathan Oliveira é um dos participantes do programa
Vestindo o seu uniforme azul claro, todos os dias Nathan Rangel vai à Prefeitura de Macaé para cumprir suas quatro horas de trabalho administrativo. Com dever de cumprir hora de entrada e saída, com marcação de ponto biométrico e tudo, desde o início do ano, a rotina do estudante de 16 anos se transformou. Morador do Parque Aeroporto, Nathan é um dos 150 jovens contemplados no Nova Vida, um programa municipal que permite que adolescentes de 14 a 17 anos tenham a chance de aprender e trabalhar com remuneração.
Com o objetivo de incluir, promover e capacitar o adolescente para o mercado de trabalho, o programa da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos é uma oportunidade para quem deseja ganhar experiências e aumentar as chances de conseguir o primeiro emprego. Ou então, para conquistar um pouco mais de liberdade e aprender a ser responsável, sabendo utilizar o salário de meio salário mínimo todo o mês. "A primeira coisa que comprei com o meu dinheiro foi uma pizza maracanã", lembrou Nathan.
- Fiz a prova de seleção há três anos, ainda com 14 anos, mas como fiquei com uma média de 15, junto com outros, tive que esperar abrir novas vagas, a medida que os participantes completassem 18 anos. E esse ano fui chamado. Quis participar do programa, porque sempre gostei de ter minhas coisas. Quando meu pai separou da minha mãe, fui morar com minha avó e foi lá que entendi que tinha que trabalhar para ter minhas coisas - contou o jovem, que está no primeiro ano do Ensino Médio e deseja estudar no Instituo Federal Fluminense (IFF) e depois fazer uma faculdade de arquitetura.
Enquanto o vestibular não chega, Nathan aproveita para aprender o máximo que puder. "Eu ajudo na entrega de documentos, já sei como fazer ofícios e sempre procuro perguntar para aprender mais. No trabalho, a gente se sente gente de verdade, pode sair, interagir com outras pessoas e nos tratam e nos cobram como adultos", explicou.
Também foi aos 16 anos que Juliana Espíndola de Oliveira começou no programa. Ela não imaginava que hoje, aos 32, seria formada em Direito e comemoraria 12 anos como servidora pública na Prefeitura de Macaé. Assistente de administração e logística, ela lembra de sua primeira experiência profissional no Nova Vida. Há 10 anos, conseguiu transferência e atua no setor do programa que a colocou no mercado de trabalho.
- Eu saí de lá faltando um mês para completar 18 anos. Trabalhei no cartório Martins Melo. Fazia atendimento ao público, lidava com o arquivo, certidões de nascimento... Com 18, fiz faculdade de Direito e na metade, fiz o concurso público e passei. Por dois anos atuei na secretaria e há dez eu pedi para ficar no local onde tudo começou, no programa que eu acredito, onde conheço as pessoas. Essa é a primeira porta que se abre para muitas pessoas - elogiou.
O Programa - Não é difícil encontrar, em Macaé, pessoas que tiveram a mesma oportunidade que Juliana e Nathan, e hoje são dedicados profissionais em diversas áreas. Quem passa por ali, tem mesmo sua vida transformada. Além da experiência profissional, os jovens aprendem noções de cidadania, respeito ao próximo, responsabilidade e participam, uma vez por semana, de palestras com vários temas.
Para participar do programa é necessário ter o perfil social de renda familiar de até três salários mínimos e participar do processo seletivo, segundo explica a Coordenadora Elise Borges.
- Como o programa pertence à política de assistência social, ele segue alguns parâmetros e é necessário que a família do jovem tenha o CADÚNICO (Cadastro Único para Programas Sociais), um sistema que agrupa informações sobre as famílias brasileiras de baixa renda e que tenha o NIS (Número de Identificação Social), atribuído às pessoas que serão beneficiadas por algum projeto social e ainda não possuem cadastro no PIS (Programa de Integração Social) - listou.
Elise conta com mais quatro profissionais na equipe direta: a pedagoga Solange Catta-Preta, os assistentes sociais Wagner Reis e Marilene Souza, e a psicóloga Dayane Cruz. "Os jovens devem estar matriculados em escola pública e não há exigência de formação, e essa é a diferença do Jovem Aprendiz. Acompanhamos os boletins, se as notas caem, se deixam de ir à escola, procuramos a família", acrescentou Solange.
O assistente social Wagner Reis lembrou que, em 2014, foi estipulado um edital com provas para seleção dos participantes. "Quem completa 18 anos, abre espaço para que novos possam ingressar", informou Reis.
A também assistente social Marilene Souza ressaltou que 10% das vagas são direcionadas a pessoas com deficiências comprovadas com laudo médico. Alguns dos participante são direcionados a órgãos como a Infraero, Fórum, 9ª Procuradoria do Estado, e diversos setores da prefeitura.
- Atualmente 150 jovens participam do programa. Eles recebem 13 parcelas de meio salário mínimo, cumprem quatro horas de trabalho, têm registro no ponto biométrico. Os parceiros como a Secretaria de Educação, o Centro de Referência do Adolescente, a Faculdade Salesiana, o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) nos auxiliam nas capacitações - contou Marilene.